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Santos Dumont: veja os bastidores da série sobre o inventor do avião

Batemos um papo com o ator João Pedro Zappa e os diretores da produção, que estreia neste domingo (10) na HBO.

Por Rafael Battaglia
8 nov 2019, 18h46

Uma das primeiras coisas que aprendemos é que Santos Dumont, nas palavras dos livros da escola, é o “pai da aviação”. Em 1906, ele voou pelo céu de Paris a bordo de sua invenção, o 14-bis. Anos antes, foi o criador dos primeiros balões dirigíveis com motor a gasolina – o que foi o chute inicial da fama do inventor.

Para muitos, a história acaba aí. Pouco se sabe além disso sobre o brasileiro: sua infância, personalidade, relacionamentos e a trágica morte, aos 59 anos (Dumont se suicidou). Penetrar nesses âmbitos da sua vida, bem como traçar a trajetória de acertos e fracassos que o levou ao célebre voo na França, são os objetivos de Santos Dumont: Mais Leve que o Ar, minissérie da HBO que estreia no próximo domingo (10).

A produção, dividida em seis episódios, foi concebida pelos diretores Estevão Ciavatta e Fernando Acquarone, criadores da Pindorama Filmes. “A ideia da série veio toda do Fernando, e em uma reunião com o pessoal da HBO há uns três anos, eles toparam produzi-la”, explica Estevão, que também criou Preamar, outra série do canal. Os dois disseram ter tido sorte com o personagem, já que Dumont, apesar da fama, ainda não tinha sido tão explorado por outras mídias.

Para série, a pesquisa pela vida do inventor levou dois anos. “Lemos tudo o que já foi publicado sobre ele, conversamos com os descendentes da família e visitamos as casas que ele morou em Ribeirão Preto, Paris e Petrópolis”, relembra Fernando.

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(Divulgação/HBO)

O desafio do idioma

Santos Dumont é uma série brasileira que foge do convencional: além do português, outros três idiomas são falados pelos atores. No primeiro episódio, por exemplo, o que mais se ouve é o francês. Faz todo sentido, afinal, Dumont estudou e passou grande parte da vida por lá.

Para tal, Fernando (que fala francês) e Estevão trabalharam com parte do elenco composto por atores franceses – havia, inclusive, um continuista responsável apenas pelos diálogos em outro idioma, para evitar qualquer erro gramatical. Só tinha um problema: João Pedro Zappa, o ator escolhido para viver Santos Dumont, não falava uma palavra do idioma de Napoleão.

Mesmo assim, a equipe topou o desafio. “Fiz um intensivo de um mês para aprender o máximo possível de francês, e continuei a estudar e treinar nos meses seguintes de ensaio”, disse João, que ganhou o papel em 2017.

Nesse ano, o ator estava nos cinemas com o elogiado Gabriel e a Montanha, sobre a história do paulistano Gabriel Buchmann, aventureiro que morreu ao tentar escalar o Monte Mulanje em 2009. “Ao filmar esse longa, descobri que tinha certa facilidade com línguas”, conta João, que com um mês de filmagem conseguia falar suaíli, idioma africano.

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Além do idioma, João mergulhou nas biografias e, sobretudo, nos retratos do brasileiro. “Foi um trabalho de máscaras.”, disse ele, fazendo referência à técnica que defende que um ator só está apto a vestir uma máscara quando ele consegue absorver a sua expressão. “Olhando as fotografias, tentei captar um pouco da essência de sua personalidade.” Depois, claro, foi só deixar o bigode crescer.

(Divulgação/HBO)

O maquinário da série

Mas só o charmoso bigode não seguraria uma série sobre Dumont – seria preciso, claro, que todas suas criações fossem reproduzidas. O engenheiro brasileiro Alan Calassa foi o responsável pela dura tarefa de replicar o 14-bis. “Dá para dizer que ela é 99% fiel ao original”, brinca Fernando.

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O primeiro episódio de Santos Dumont impressiona pelos efeitos especiais e pela ambientação. “Tivemos que reconstruir a Paris do início do século 20 no Rio de Janeiro”, explica Estevão.

Toda a série foi gravada aqui no Brasil, e a máquina de café, que aparece em uma cena na fazenda da família Dumont no interior de São Paulo, é o equipamento original (ainda que restaurado) da época. Em tempo: apesar de Santos não possuir vocação nenhuma para os negócios, seu pai, Henrique Dumont, chegou a ser apelidado de Rei do Café.

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Já o triciclo e o motor a combustão que aparecem na série foram reconstruídos de acordo com as especificações originais com o auxílio de uma impressora 3D – afinal, não é qualquer loja de peças que venda produtos de mais de 100 anos. Todo o maquinário da série será doado para o Memorial Aeroespacial Brasileiro, em São José dos Campos, e para o Museu Casa de Santos Dumont, em Petrópolis.

Ao todo, cerca de 200 a 300 pessoas trabalharam na produção da série, e o número de figurantes ultrapassa os 1000. Filmada já há algum tempo, a produção não sofreu com os recentes cortes da Ancine, a Agência Nacional de Cinema. Contudo, João diz ser nítida a mudança no audiovisual brasileiro. “É uma situação triste, pois era um mercado que vinha muito aquecido. Eu, por exemplo, ainda não fiz nenhum longa esse ano.”

O primeiro episódio cumpre o papel a que se propôs: consegue cativar o espectador para explorar além do 14-bis. As histórias dos projetos que fracassaram, da sensível relação com seu pai e sua vida em Paris são realmente interessantes. O único problema, até agora, são os tons desencontrados entre a fase adulta e as cenas em que Dumont ainda é criança, um pouco infantis demais.

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A série também vai mostrar os anos que se sucederam à invenção do avião, e todas as consequências desse fato. Dumont, afinal, é um dos grandes personagens da história brasileira, mas não tem o mesmo reconhecimento fora daqui. “O Santos era uma pessoa vaidosa, que se importava em ser reconhecido”, conta Fernando. “Mas lá na França, por exemplo, ele acabou sendo ofuscado por outros pilotos ao longo dos anos.”

Apesar do seu trágico fim de vida, os diretores querem ressaltar a importância do inventor. Fernando resume: “Ele mudou o jeito como vivemos, e seu jeito de ser e trabalhar está repleto de brasilidade.”

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