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Sem palavras, O rock instrumental e a surf music

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h48 - Publicado em 30 set 2004, 22h00

Texto Luciano Marsiglia

Na virada para os anos 60, o rock brasileiro ainda se esforçava bravamente para estabelecer seus primeiros ídolos populares quando o estilo foi varrido por uma nova onda – a das “guitarras que cantam”. Era a insuspeita moda dos grupos de rock instrumental, propagada pelos ingleses do Shadows, os americanos do Ventures e corroborada por gente como The Tornados ou Duane Eddy, todos substituindo a linha melódica dos vocais por rascantes guitarras elétricas. Assim, impulsionaram dezenas de grupos brasileiros a arriscar manobras sonoras que exigiam grande perícia. Rapidamente, o rock instrumental se fundiu à nascente surf music e ao twist, criando um sólido terreno para a música jovem que seria praticada nos anos 60.

Na verdade, os grupos instrumentais surgiam como uma simplificação juvenil dos chamados “conjuntos melódicos” – big bands de salões de dança dos anos 50. O gênero caiu como uma luva diante da dificuldade em adaptar – ou mesmo compreender – as letras em inglês do novo ritmo e aproveitou-se de um cenário ainda precário em relação a ídolos jovens. Um dos conjuntos mais expressivos, responsável por dar credibilidade ao rock nacional em seus primeiros anos, foi o The Jordans, que apareceu na TV pela primeira vez em 1958, no programa de Tony e Celly Campello. Na estréia em disco, A Vida Sorri Assim!…, de 1961, além de versões convincentes de “Peter Gunn” (H. Mancini), “Apache” (J. Lordan) e “Walk Don’t Run” (J. Smith), o grupo liderado pelos guitarristas Sinval e Aladdin conseguiu permanecer diversas semanas nas paradas com “Blue Star” (Victor Young). Depois viria “Tema de Lara” (Maurice Jarre), cuja sofisticação e uso de instrumentos “sérios” (como o bandolim), conseguiram dobrar o desconfiado público “adulto”.

Surgido em 1961 como The Vampires, o The Jet Black’s era resposta da Chantecler ao The Jordans, que gravou pela Copacabana. A qualidade de seus discos, como Twist (1962), não deixava nada a desejar aos “rivais”, conquistando fãs como Roberto Carlos e Raul Seixas. O grupo também teve êxito em acompanhar artistas como Roberto Carlos, Celly Campello, Ronnie Cord, Deny & Dino e Sérgio Reis. Outro nome importante na arte do acompanhamento, o The Clevers foi um caso raro de contribuição autoral do rock instrumental brasileiro, com “Clevers Surf” – isso antes de se tornar Os Incríveis, em 1965, e alcançar grande sucesso com a versão de “The Millionaire”. Outros nomes que fizeram parte da turma da praia foram The Rebels, Top Sounds, Bolão & Seus Rockettes, The Sparks, Os Santos, The Avalons, entre outros.

A dificuldade em emular o som do Ventures e do Shadows com a tecnologia inferior das guitarras nacionais, como a Elektra, a Giannini, a Phelpa e a Snake, só não foi maior do que competir com os novos ídolos da jovem guarda em meados da década de 60. Para uns, a saída foi tornar-se definitivamente uma banda de apoio, tomando o rumo oposto ao do Shadows (que havia se desvencilhado do cantor Cliff Richard em 1960).

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Assim também fez o The Angels (depois The Youngsters) ao acompanhar Roberto Carlos no disco É Proibido Fumar e gravar com Célia Villela o hit “Pegando Jacaré”. Outros decidiram entrar de cabeça na nova estética, caso d’Os Incríveis e do Jet Black’s, que adotaram temas com vocais na segunda metade da década. As vibrações do rock instrumental, porém, também fizeram a cabeça de Roberto Carlos e Wanderléa e inspiraram a gravação de faixas de apelo praieiro pela turma da jovem guarda, como “Broto do Jacaré” e “Exército do Surf”

O guitarrista: Aladdin

“Depredação e delinqüência.” O aviso do que ocorria nas sessões de Sementes da Violência não afastou Romeu Mantovani dos cinemas. Ele perdeu uma prova do curso de oficial do Exército para assistir ao filme, que foi interrompido quando a polícia invadiu a sala. Contudo, ele já havia sido pego por “Rock Around the Clock”. Mantovani deixou para trás os boleros que tocava na zona norte de São Paulo, formou o The Jordans com Sinval (guitarra), Tony (baixo) e Foguinho (bateria), e virou o Aladdin. Maravilhado com a técnica de Hank B. Marvin, Aladdin “tirou” nota por nota as melodias do Shadows. “O som daquelas guitarras era muito superior ao que se fazia na época”, lembra. Em 1961, sai A Vida Sorri Assim!… em que, com uma Giannini, registrou o sucesso “Blue Star”, que ficou seis meses na parada de sucessos. Seu modo de tocar, com as notas encadeadas sem pressa e com um som cristalino, gerou respeito entre os músicos experientes.

Perfeccionista, Aladdin preparou um número especial para o programa Show do Dia 7, da TV Record, em 1966: com um bandolim e uma guitarra de 12 cordas, exibiu um sofisticado arranjo para “Tema de Lara”, da trilha de Doutor Jivago, ganhando disco de ouro e o troféu Roquete Pinto. Ainda no Jordans, teria uma surpresa ao encontrar os Beatles durante uma passagem pela Europa. Nos anos 70, influenciado por Otis Redding, criou a Aladdin Band e, em 1996, reuniu a formação original do Jordans para lançar Bons Tempos!.

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