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Snyder Cut: entenda por que “Liga da Justiça” ganhará uma nova versão

Três anos após seu lançamento, o filme ganhará uma versão estendida para o streaming em 2021. Saiba tudo sobre os bastidores que levaram a essa decisão.

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 26 out 2020, 08h40 - Publicado em 21 Maio 2020, 22h02

Liga da Justiça estreou em 2017. Seguindo os eventos de Batman v Superman, lançado no ano anterior, o filme marcou o encontro de alguns dos principais heróis da DC Comics: Mulher-Maravilha (Gal Gadot), Flash (Ezra Miller), Aquaman (Jason Momoa), Ciborgue (Ray Fisher) e, claro, Batman (Ben Affleck) e Superman (Henry Cavill).

Mas ficou por isso mesmo. O filme recebeu críticas negativas e fracassou nas bilheterias: arrecadou US$ 657 milhões, pouco mais que o dobro do seu orçamento. O valor não é apenas abaixo do que filmes da Marvel costumam faturar, mas também dos próprios filmes da casa: Homem de Aço, de 2013, fez US$668 milhões.

Liga da Justiça pode não ter sido um longa marcante, mas ele faz parte do que talvez seja uma das histórias mais curiosas do cinema nos últimos anos – e, provavelmente, mais interessante que o enredo do filme em si.

Desde o seu lançamento, fãs argumentam que os defeitos de Liga da Justiça têm uma simples explicação: a versão que foi para o cinema não é a que o diretor, Zack Snyder, idealizou, e que, em algum lugar, existiria uma segunda versão. Esse novo corte, mais longo, sombrio e com ideias que foram descartadas do material final, ficou conhecido como “Snyder Cut”.

Na última quarta (20), a Warner Bros. anunciou que uma nova versão de Liga da Justiça – o “Snyder Cut” – chegará às telinhas em 2021. Telinhas, e não telonas: o filme sairá no HBO Max, plataforma da streaming da empresa que deve estrear nos EUA no próximo dia 27.

Ainda meio perdido nessa história? Abaixo, um resumo de tudo o que rolou até agora – e o que já se sabe dessa nova versão.

Criando um universo

Depois de dirigir filmes como 300Watchmen, duas adaptações de quadrinhos, Zack Snyder foi chamado para comandar Homem de Aço, que recontou a origem do Superman. O filme saiu em 2013 e, apesar das críticas mistas, foi bem na bilheteria.

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Isso permitiu que, naquele ano, a Warner anunciasse um ambicioso projeto: um filme do Superman enfrentando o Batman. Seria épico: o primeiro encontro dos grandes personagens da DC nas telonas. O anúncio, feito na San Diego Comic-Con, foi empolgante:

Inicialmente previsto para 2015, Batman v Superman foi adiado para 2016. As expectativas para o filme eram altas: com Snyder na direção, o tom seguiria rumos sombrios e realistas – isto é, o máximo de realismo que uma história com superseres pode ter. Ele era extremamente importante para a Warner, pois seria base para a construção de um universo cinematográfico (assim como sua rival, a Marvel) e, consequentemente, para um futuro filme da Liga.

O filme estreou, e fez US$ 873 milhões no mundo todo. Mas a recepção não foi como planejado: segundo o agregador Rotten Tomatoes, apenas 27% das críticas foram positivas.

A partir daí, começou a rolar algo que se repetiria em Liga da Justiça – Snyder alegou que uma parte considerável do material do filme não foi para a versão final, prejudicando a história. De fato: a versão estendida, com 30 minutos a mais, amarra diversas pontas soltas do roteiro, e constrói melhor o ódio que os heróis sentem um pelo outro.

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Vale dizer que que BvS Liga não são os únicos filmes de Snyder que possuem uma versão do diretor: Madrugada dos MortosSucker PunchWatchmen também entram na lista.

Os bastidores de Liga

A produção de Liga da Justiça foi conturbada. Embora todos os atores tivessem retornado para interpretar seus papeis, a Warner, depois da recepção de BvS, olhava a direção de Snyder com insegurança. Em janeiro de 2017, o diretor entregou uma versão bruta, com quatro horas de material – e você achando que as três horas de Vingadores: Ultimato já eram muita coisa.

A Warner, em contrapartida, queria que o filme tivesse duas horas de duração. Snyder entregou uma primeira versão, com 2h20min – mas é claro que, com esse corte, vários ajustes ainda precisariam ser feitos. Mas seu trabalho foi interrompido por uma triste notícia: a morte de sua filha, Autumm.

Com isso, Snyder se afastou da produção. Para terminar o filme, a Warner chamou Joss Whedon – o diretor por trás dos dois primeiros Vingadores. Os produtores apostavam que o humor e os diálogos de Whedon, que deram certo na Marvel, poderiam, de alguma forma, consertar o que estava dando errado no universo da DC.

Segundo o New York Times, Whedon criou 80 novas páginas de roteiro para o filme. Ele adicionou momentos para a Mulher-Maravilha, Lois Lane (Amy Adams) e Martha Kent (Diane Lane), a mãe do Super. Em contrapartida, reduziu o tempo de tela do Flash e do Ciborgue, além de cortar a personagem da atriz Kiersey Clemons, que viveria o par romântico de Miller.

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Mas as refilmagens mais controversas envolvem o Superman. Na época, Henry Cavill estava rodando outro filme, Missão Impossível: Efeito Fallout, e graças a uma cláusula de contrato, ele não poderia tirar o bigode. Solução: a equipe de Liga da Justiça o removeu digitalmente – mas o resultado não é dos melhores (além de ter custado US$ 25 milhões).

O que vem a seguir?

Assim que o filme foi lançado, fãs do mundo todo iniciaram a campanha #ReleaseTheSnyderCut (“Liberem o Corte do Snyder”, em inglês). A Warner recebeu centenas de mensagens, e 180 mil pessoas assinaram uma petição pela versão estendida. O movimento chegou até os telões da Times Square, em Nova York, durante a Comic-Con que acontece na cidade.

Além do público, Snyder e os atores também alimentaram a campanha – que acabou virando praticamente um meme. Ben Affleck, Gal Gadot…Na última segunda (18), Jason Momoa, em plena quarentena, gravou um vídeo implorando pelo corte do diretor, dizendo que estava mais do que na hora disso acontecer – e não é que ele acertou?

Segundo o Hollywood Reporter, as conversas entre Snyder, sua esposa, Deborah (que é produtora de cinema) e o presidente da Warner, Toby Emmerich, começaram em novembro de 2019. Zack e Deborah planejaram uma exibição do material, em preto e branco, para alguns executivos da Warner, do HBO Max e da DC na casa do casal na Califórnia.

Até agora, pouco se sabe sobre o projeto. A Warner dará entre US$ 20 milhões e US$ 30 milhões para que Snyder finalize a produção – que pode ser lançada na íntegra, com quatro horas de duração, ou dividida em uma série com seis episódios.

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“A melhor parte disso é que podemos explorar esses personagens de maneiras que você não consegue em uma versão mais curta”, disse Snyder ao Hollywood Reporter. “O retorno desse filme nesse formato e duração, é um movimento corajoso e sem precedentes”.

Fora isso, há rumores de que o “novo” Liga da Justiça terá a aparição do vilão Darkseid, dublado pelo ator Ray Porter (que comemorou o anúncio do Snyder Cut com uma foto do seu personagem). Mas ninguém sabe se será possível refilmar cenas envolvendo o Batman, já que Ben Affleck desistiu do papel.

A notícia também reacendeu outro movimento: #ReleaseTheAyerCut, que pede para que a Warner libere a versão original de Esquadrão Suicida que o diretor, David Ayer, defende ser melhor do que a que foi para os cinemas. As chances, no entanto, são mínimas. Por que? Bom, você já viu Esquadrão Suicida? Pois é.

Se você não confia que essa nova versão de Liga da Justiça será melhor – e ainda torce o nariz para toda essa história – saiba que, pelo menos, alguns fãs estão felizes: nesta quinta (21), alguém pagou um avião para sobrevoar os estúdios da Warner com um cartaz agradecendo pela decisão:

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