Surpresa número 1: milhares de seres humanos acreditam piamente que congelar um instrumento musical ajuda a melhorar a performance. Surpresa número 2: existem até lojas especializadas em fazer esse trabalho. Surpresa número 3:um cientista decidiu investigar essa crença… e concluiu que é tudo uma enorme bobagem. Chris Rogers, professor de Engenharia de Instrumentos Musicais da Universidade de Tufts, em Boston, Estados Unidos, revelou durante o último simpósio da Sociedade Americana de Acústica que, ao contrário do que 10 entre 10 trompetistas acreditam, congelar o instrumento não melhora em nada o som. Homem impiedoso e sem coração, Rogers liderou uma equipe de engenheiros que, por dois anos, passou dias e dias realizando testes criogênicos em trompetes. Dez instrumentos, de marcas (e condições de fabricação) diferentes, eram congelados em nitrogênio líquido a 196 graus negativos e, depois, descongelados lentamente e testados por músicos de diferentes habilidades, enquanto a equipe anotava tudo sobre o som, comparando os resultados com os obtidos em instrumentos que nunca tinham sido congelados. A conclusão é que nada muda – o timbre, a sonoridade, os tons e meios-tons… O que, sim, interfere na qualidade do som emitido é a maior ou menor habilidade do músico e a qualidade das matérias-primas utilizadas na fabricação do instrumento. Rogers, porém, garante que acreditar nas propriedades musicais do congelamento de trompetes pode ser um poderoso “remédio” para os artistas. “Se eles crêem que o resfriamento vai fazê-los tocar melhor, essa certeza vai ter o mesmo efeito de um placebo.” Não funciona, mas a pessoa acredita que sim – e isso é o que importa.