Sérgio Miranda
Em 1943, Abelardo Barbosa de Medeiros, locutor da Rádio Clube de Niterói, chamava a atenção com seu programa O Cassino da Chacrinha, que invadia a madrugada anunciando números musicais em meio a uma festa que só existia em sua imaginação. Muitos pensavam que o programa era transmitido de um cassino na pequena chácara onde funcionava a emissora. Logo, o Cassino da Chacrinha transformou-se no Cassino do Chacrinha e o pernambucano nascido em 20 de janeiro de 1916 jamais se livrou do apelido. Com a experiência do rádio, Chacrinha chegou à TV em 1957: “Eu vim para confundir, não para explicar”, anunciava. Fazendo programas com participação do público, o Velho Guerreiro desfilou a Discoteca do Chacrinha e A Hora da Buzina por diversas emissoras, brigando com a censura, inventando bordões, criando as chacretes e faturando com shows. Quando morreu, em 30 de junho de 1988, havia criado uma legião de admiradores. E uma certeza: “Quem não se comunica se trumbica”.
TROFÉU ABACAXI
Chacrinha deu novo ritmo aos programas de calouros. Para ser um dos escolhidos pela produção era preciso ser muito bom ou, melhor ainda, muito ruim. Quem não ia para o trono recebia a famosa buzinada e um abacaxi como prêmio de consolação. Chacrinha também popularizou os concursos inusitados, como o “cachorro com mais pulgas”.
POR ONDE ANDA RITA CADILLAC?
“Chacrete tem de ser boazuda!”, ensinava Chacrinha. O público conheceu várias: Vera Furacão, Loura Sinistra, Fernanda Terremoto etc. Mas foi Rita Cadillac quem se transformou na eterna chacrete. Atualmente ela é cantora e atriz (participou de quatro filmes na década de 80 e de Carandiru, em 2003).
VAI PARA O TRONO OU NÃO VAI?
Na bancada de Chacrinha, Aracy de Almeida, Jorge Mascarenhas, o cabeleireiro Silvinho, Pedro de Lara, Wilza Carla e Elke Maravilha (que tratava Chacrinha por “painho”) se tornaram sinônimo de jurado de televisão.
VOCÊS QUEREM BACALHAU?
A idéia de jogar bacalhau para a platéia veio de um encalhe do produto nas Casas da Banha, um dos fiéis patrocinadores do Velho Guerreiro. Jogar comida ao público agradava Chacrinha, numa bagunça puramente comercial: “Se meu patrocinador fosse uma sapataria eu jogava sapatos”.
RODA, RODA, RODA E AVISA…
A partir de 1967, dançarinas ganharam espaço para interagir com o animador. Batizadas de chacretes, recebiam cantadas e até pedidos de casamento, para desespero do ciumento Chacrinha. Várias vezes a censura interpelou o animador por causa das roupas e movimentos sensuais, generosamente mostrados pelas câmeras do programa.