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Os cientistas da Grécia Antiga

Os intelectuais gregos não se dedicavam apenas a temas abstratos como a beleza e o sentido da vida. Também procuraram entender o mundo ao seu redor - e alcançaram grandes avanços na física e na matemática

Texto: Agência Fronteira | Edição de Arte: Juliana Vidigal | Design: Andy Faria | Ilustrações: Caco Neves

Os gregos não inventaram a ciência. As pirâmides egípcias, por exemplo, foram erguidas graças ao talento de engenheiros e matemáticos habilidosos – 2 mil anos antes da civilização grega. Mas os helenos, por volta do século 6 a.C., popularizaram o exercício de compreender os fenômenos da Terra a partir da razão, descartando mitos e forças sobrenaturais. Na época, esses pensadores eram chamados de “filósofos naturais”. Hoje, são conhecidos como cientistas. Os gregos trouxeram outra novidade: a documentação escrita dos seus achados.

Tales de Mileto – 625 a.C. – 547 a.C.

No século 6 a.C., Tales conseguiu um feito incrível: previu um eclipse total do Sol. Não foi chute. Segundo o relato do historiador Heródoto, que viveu um século depois, o cálculo foi feito um ano antes do eclipse, ocorrido em maio de 585 a.C., conforme Tales havia antecipado, sem o uso de nenhum instrumento de observação, que sequer existiam na época.

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O pensador, que viveu antes de Sócrates, também percebeu que o desempenho das colheitas variava conforme o clima – e não pela vontade dos deuses – e apostou no ramo de azeitonas. A dedução lhe rendeu lucros polpudos. Nascido em Mileto, atual Turquia, Tales ganhou fama por fomentar o raciocínio lógico e a observação.

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Há pelo menos dois teoremas da geometria atribuídos a ele (embora haja certa controvérsia sobre a real autoria das descobertas). O mais famoso teria sido formulado quando ele mediu a pirâmide de Quéops, no Egito, utilizando apenas uma estaca e as medidas das sombras dela e da construção. Ainda hoje, o teorema é fundamental na construção civil e na astronomia.

Pitágoras – 570 a.C. – 495 a.C.

Ele ficou famoso por uma equação: o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos. Mas, no século 6 a.C., era um líder espiritual – seus discípulos diziam que o teorema que leva o seu nome foi uma revelação divina. Aos 40 anos, o pensador deixou a Ilha de Samos, na Grécia, e foi para Crotona, na Itália, onde fundou uma seita.

Seus alunos, cerca de 300, viviam em comunidade e passavam os dias estudando as teorias do filósofo, sob regras estranhas. A seita deu errado, e Pitágoras foi perseguido, mas influenciou o pensamento grego. Dono de um ego enorme (e de uma beleza estonteante), ele defendia que os números eram a origem do Universo. Mas os números de Pitágoras não eram algarismos abstratos, mas, sim, objetos espaciais, como quadrados e triângulos.

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Quer entrar para a seita pitagórica?
Conheça as regras de purificação que Pitágoras exigia de seus discípulos:

1 • Não comer favas
2 • Não recolher o que caiu
3 • Não tocar em um galo branco
4 • Não partir o pão
5 • Não saltar sobre traves
6 • Não atiçar o fogo com ferro
7 • Não morder um pão inteiro
8 • Não partir as guirlandas
9 • Não se sentar sobre um jarro
10 • Não comer coração
11 • Não se olhar em um espelho perto do fogo
12 • Alisar a marca do corpo deixada no lençol quando levantar da cama

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Demócrito – 460 a.C. – 356 a.C.

Demócrito nasceu em uma família rica do século 5 a.C., visitou o Egito e o Império Persa e se tornou um prolífico pensador grego. Deu contribuições para a ética, a matemática e a música e influenciou diretamente Platão e Aristóteles. Mas foi na física que deixou sua marca mais profunda – embora poucos fragmentos dos seus textos tenham sido preservados.

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Discípulo de outro intelectual da época, Leucipo, Demócrito expandiu a teoria do mestre sobre a composição da matéria. A dupla acreditava que as coisas do mundo eram feitas de unidades muito pequenas. Ao fatiar objetos em pedaços cada vez menores, eles diziam que numa hora chegaríamos a uma partícula tão minúscula que não poderia ser dividida.

Essa partícula fundamental ganhou o nome de átomo (“indivisível”, em grego). Foi a primeira vez que alguém propôs a existência de uma partícula fundamental, uma pequena peça com a qual é possível construir todo o Universo. A dupla bolou a teoria em resposta a outros pensadores da Antiguidade que propunham que o mundo era feito de uma única e grande massa – portanto, não existiria o vazio.

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