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História

A outra Chernobyl

1957. A Guerra Fria esquenta, a URSS corre para produzir bombas atômicas. Um acidente, em uma usina que fabricava plutônio, provoca uma explosão monumental.

por Fred Pearce, da “New Scientist” (tradução: Bruno Garattoni) Atualizado em 17 ago 2020, 19h01 - Publicado em 18 jul 2019 16h49

1957. A Guerra Fria esquenta, e a URSS corre para produzir bombas atômicas. Até que um acidente, em uma usina que fabricava plutônio, provoca uma explosão monumental. Ela contamina uma área gigantesca – mas é mantida em segredo por três décadas.

Reportagem: Fred Pearce, da “New Scientist” | Tradução: Bruno Garattoni | Ilustração: Weberson Santiago | Design: Carol Malavolta


A vila de Satlykovo não existe mais. A rua principal dessa cidadezinha, 1.700 km a leste de Moscou, está coberta por mato até a altura dos joelhos, e todas as construções foram demolidas. Já a natureza se desenvolve com viço. Os bosques perto dali tem alces e javalis. No lago, vivem carpas radioativas. Numa manhã, 62 anos atrás, soldados obrigaram todos os moradores a ir embora. “O gado foi morto e enterrado, e as pessoas não podiam nem levar as roupas do corpo”, diz Islam Bagautdinov, o guia que me trouxe até aqui, dirigindo o carro e passando por várias barreiras do Exército russo.

Ninguém deu qualquer explicação naquele dia de 1957. Os soldados não disseram que tinha acontecido uma explosão, numa fábrica a alguns quilômetros dali. Nem que essa explosão havia lançado poeira radioativa na atmosfera, formando uma nuvem mortal que cobriu Satlykovo e as matas em volta. A mera existência do Complexo Mayak, que produzia plutônio para bombas atômicas, era um segredo militar.

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Ao longo dos 600 dias seguintes, milhares de pessoas de Satlykovo e outras 22 vilas próximas foram evacuadas, 20 mil hectares de plantações foram condenados, e uma área de exclusão permanente foi criada. Tirando algumas pessoas na CIA [a agência de inteligência dos EUA], ninguém de fora da União Soviética ficou sabendo o que tinha acontecido, num segredo mantido por décadas. Durante todo esse período, cientistas soviéticos monitoraram a saúde dos moradores e seus filhos, coletando dados de forma sigilosa. Em novembro de 1976, o biólogo e dissidente soviético Zhores Medvedev revelou o caso ao Ocidente. Mas a população da URSS só tomou conhecimento do acidente durante a era da Glasnost (“abertura”), no final dos anos 1980. Só aí as pessoas que haviam sido expulsas de suas casas, e agora viviam espalhadas pela União Soviética, souberam que haviam sido expostas à radiação.

Eu sou o primeiro jornalista ocidental a entrar na Zona de Exclusão de Mayak, uma área de 100 km2 cercada por arame farpado – e também conhecida como Reserva Estadual dos Urais [a área fica a leste dos Montes Urais, que atravessam a Rússia]. A radioatividade do ar já decaiu para níveis baixos, mas o solo, a água e a vegetação continuam contaminados. É proibido morar aqui, e provavelmente continuará a ser durante mais cem anos, no mínimo. O Complexo Mayak continua em operação, hoje reprocessando lixo nuclear.

Com a ausência de moradores na região, a natureza prosperou, como aconteceu na zona de exclusão de Chernobyl, na Ucrânia. A reserva onde estou abriga mais de 200 espécies de pássaros e 455 de plantas – incluindo uma orquídea que só existe aqui. “A biodiversidade é maior do que em outras áreas [da Rússia]”, conta Oleg Tarasov, biólogo-chefe da reserva. “Os animais percebem que não serão caçados, então vêm para cá e se reproduzem.” Mas o lugar não é um paraíso para todos os bichos. “Mamíferos pequenos, como toupeiras e ratazanas, ficam com o corpo mais perto do chão e recebem mais radiação. Detectamos anormalidades genéticas neles”, diz Tarasov.

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A explosão de 1957 foi apenas um episódio de uma série de grandes vazamentos radioativos em Mayak [veja infográfico abaixo]. E o pior de todos eles não foi nem sequer acidental. Nos primeiros anos após a inauguração do Complexo, em 1949, os soviéticos despejavam água contaminada pelos reatores no Rio Techa, que se tornou o mais poluído do mundo. “O lixo [nuclear] simplesmente era jogado. Nós estávamos numa corrida para fabricar bombas. Não tínhamos tempo de fazer diferente”, diz Sergey Romanov, do Instituto de Biofísica de Ozersk, uma cidade militar fechada a alguns quilômetros de Mayak. Estimativas oficiais calculam que, entre 1949 e 1956, o Rio Techa tenha recebido 100 petabequeréis de radiação [Nota do tradutor: além da água jogada no Techa, também houve descarte de lixo nuclear no Lago Karachay e uma explosão que lançou partículas radioativas na atmosfera, totalizando 5.300 petabequeréis – um terço do total liberado em Chernobyl].

Os seis reatores geravam lixo nuclear contendo césio-137 e estrôncio-90. E parte dele era jogada diretamente no rio.

O Complexo Mayak tinha seis reatores, e a água usada para resfriá-los era lançada diretamente no rio, que ficou fortemente contaminado por estrôncio-90 e césio-137, entre outros materiais radioativos. Eles se espalharam por todos os 243 km do Techa e sua bacia hidrográfica. Os moradores da região nadavam, pescavam e bebiam a água do rio, sem saber de nada. Em 1951, o governo soviético proibiu essas práticas, mas não deu qualquer explicação, e a maioria das pessoas ignorou as novas regras. Em 1956, as margens do rio foram fechadas com cercas. E, aos poucos, a URSS evacuou 10 mil pessoas, que viviam em 19 cidadezinhas a até 100 km da usina. As casas foram demolidas, para evitar que os moradores voltassem, e os vilarejos apagados dos mapas oficiais. Esse mesmo procedimento seria usado após a explosão de 1957.

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O acidente

O plutônio-239 não existe, em quantidades significativas, na natureza. A única maneira de obtê-lo é fabricando. Isso é feito bombardeando urânio-238, dentro de um reator nuclear, com nêutrons. O plutônio foi descoberto em 1940 por cientistas americanos e usado na bomba atômica que destruiu Nagasaki, mas foi mantido em segredo até 1948. Após o final da Segunda Guerra, a URSS tomou conhecimento da existência do plutônio, e decidiu fabricá-lo para suas próprias bombas. O plutônio-239 é útil porque sua “massa crítica” (quantidade de material necessário para sustentar uma reação nuclear em cadeia, ou seja, capaz de se realimentar e continuar sozinha) é três vezes menor que a do urânio. Por isso, ele é ótimo para construir bombas atômicas: com apenas 5 kg de plutônio, você consegue fazer uma (contra 16 kg de urânio-235). Os soviéticos queriam dominar a produção desse material.

Isso acontecia no Complexo Mayak, que possuía seis reatores. Além de plutônio, eles geravam lixo atômico: restos de urânio, estrôncio e outros radionuclídeos (átomos instáveis) gerados pelas reações de fissão nuclear. Os soviéticos guardavam esse material em tanques no chão, que eram cobertos por placas de concreto com 1 metro de espessura e refrigerados por água corrente. O resfriamento era essencial, pois os dejetos gerados pelos reatores de Mayak ainda eram bastante radioativos, e geravam calor.

Mas, em 1956, uma das bombas que circulavam a água começou a falhar, e os técnicos não perceberam. Um dos tanques foi esquentando lentamente por mais de um ano. Até que, no fatídico 29 de setembro de 1957, sua temperatura interna alcançou 350 graus Celsius – e o tanque explodiu com a força de 70 toneladas de dinamite. Isso espalhou material radioativo por uma área de 52 mil quilômetros quadrados, onde viviam pelo menos 270 mil pessoas. (Bruno Garattoni)

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(Weberson Santiago / Carol Malavolta/Superinteressante)
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A vila esquecida

Nem toda a população da região foi evacuada. Uma das vilas mais contaminadas, Muslyumovo, continuou habitada por muito tempo – e só há pouco mais de dez anos os moradores foram transferidos para uma área segura, um pouco mais longe do Rio Techa. Muitas dessas pessoas, e seus descendentes, sofrem de doenças causadas por exposição à radiação. Uma das vítimas é Nazhiya Akhmadeyeva, de 58 anos. Ela tem dois filhos. Um nasceu com a coluna vertebral deformada e tem epilepsia. O outro sofre de hidrocefalia, um excesso de fluido na caixa craniana, que causa danos neurológicos.

Os moradores dizem que alguns homens de Muslyumovo chegaram a ser contratados pelas autoridades, na década de 1950, para trabalhar como guardas nas margens do rio radioativo, e impedir que outras pessoas se aproximassem dele. Muitos morreram jovens. Os locais também contam outra história: de como a vila radioativa ficou famosa, nos anos 1990, após ser visitada pelo então presidente Boris Yeltsin – e os moleques locais cobravam US$ 20 dos jornalistas que quisessem tirar fotos deles nadando no Techa. Alguns moradores têm uma teoria para explicar por que foram esquecidos pelo governo, por 50 anos, numa área contaminada. Eles são da etnia asiática Bashkir, que é discriminada pela maioria dos russos, e acreditam ter sido usados como cobaias.

Após a explosão, a URSS evacuou os vilarejos locais. Exceto por um, onde os moradores viveram décadas expostos à radiação.

A explosão de 1957 não foi o último acidente no Complexo. Houve outro, e dos grandes, alguns anos depois. Além de jogar água contaminada no Rio Techa, os engenheiros soviéticos a despejavam no lago Karachay, a alguns quilômetros da usina. Mas em 1967, após um verão especialmente quente, parte da água evaporou e as margens do lago secaram. Os sedimentos radioativos ficaram expostos e foram levantados pelo vento, formando uma nuvem nuclear quase tão grande quanto a anterior [veja no infográfico ao lado]. Em 2015, o lago foi parcialmente drenado e coberto com concreto. Mas, sob essa placa de proteção, ainda há uma camada de
10 km2 de água radioativa.

Os desastres em Mayak testemunham os sacrifícios humanos causados pela URSS na corrida armamentista contra os EUA. Mas essa história também revela a capacidade, fria e surpreendente, dos cientistas soviéticos – que monitoraram, de forma sigilosa, a saúde de dezenas de milhares de pessoas que haviam sido expostas, sem saber, a doses muito altas de radioatividade.

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Alexander Akleyev é diretor do Centro de Pesquisas em Radiação nos Urais (URCRM), um grupo que monitora as pessoas expostas aos vazamentos de radiação em Mayak. Segundo ele, no começo nem os próprios cientistas entendiam plenamente os riscos causados pela contaminação do Rio Techa. “Na década de 1950, a humanidade não conhecia os possíveis efeitos da exposição crônica à radiação”, diz. “Por isso, não foram desenvolvidos programas de emergência, que poderiam ajudar a proteger a população.”

Ao longo das décadas, os cientistas do URCRM monitoraram dois grupos de moradores da região: um, de 30 mil pessoas, exposto à radioatividade pela água do Rio Techa, e outro, com 22 mil pessoas, de gente que respirou partículas radioativas lançadas na atmosfera pelo acidente de 1957. Cerca de 1.500 pessoas pertencem aos dois grupos: viviam às margens do Techa e inalaram partículas da explosão um ano depois.

A URCRM monitorava tudo. Se as crianças da região tomassem leite de vacas criadas em pastos contaminados, na bacia do Techa, os cientistas ficavam sabendo. Se os moradores das vilas resolvessem caçar patos ou gansos para comer, isso também era registrado. Com esses dados, os pesquisadores calculavam a exposição daquelas pessoas à radioatividade – e cruzavam isso com registros sobre a saúde delas.

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Dependendo da época, uma hora de caminhada perto do rio já era suficiente para absorver radiação em quantidade acima do nível seguro – para um ano inteiro. A exposição crônica dos moradores da região, ao longo de anos e anos, não teve similar na história.

E causou consequências graves. Os habitantes das vilas próximas a Mayak são as únicas pessoas no mundo, tirando os funcionários de usinas nucleares, a terem sido diagnosticadas com Síndrome Crônica da Radiação (SCR). Esse diagnóstico, como todo o resto, foi escondido até os anos 1990.

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(Weberson Santiago/Superinteressante)
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A doença secreta

A SCR é menos severa do que a Síndrome Aguda da Radiação (que afeta as pessoas imediatamente após a exposição a uma grande dose de radioatividade), mas pode causar vários problemas graves a longo prazo. Ela é caracterizada pelos níveis extremamente baixos de hemoglobina no sangue, desordens neurológicas, imunológicas e digestivas, cansaço, insônia, perda de controle muscular e dores nos ossos. Perto de Mayak, a maioria dos casos se manifestou em 1955 e 1956. Em 1960, cerca de 940 pessoas haviam sido diagnosticadas com Síndrome Crônica da Radiação, em vilarejos a até 100 km da usina.

Os sintomas costumam aparecer cinco anos após a primeira exposição, mas alguns deles só se manifestam bem mais tarde: na década de 1970, houve um surto de leucemia e câncer na região. Os moradores de Muslyumovo, que foram deixados por décadas numa área contaminada, têm a maior quantidade de estrôncio-90 no corpo – e a maior incidência de anomalias genéticas. Hoje, os cientistas russos também estão monitorando 30 mil filhos de pessoas que foram expostas à radiação, para descobrir se eles carregam mutações prejudiciais. Até agora, não encontraram nada, mas ainda é cedo para ter certeza. “Daqui a 10 ou 15 anos, nós saberemos se houve impacto na geração seguinte”, diz a médica Ludmila Krestinina, do URCRM.

Recentemente, os dados de Mayak também começaram a ser estudados por cientistas ocidentais. E eles são extremamente valiosos. Isso porque as informações sobre as vítimas de Chernobyl são muito menos detalhadas – e os corpos dos sobreviventes das explosões de Hiroshima e Nagasaki revelam os efeitos de uma grande dose da radiação; não de doses menores absorvidas lentamente, como em Mayak.

A indústria nuclear afirma que uma determinada quantidade de radiação, se recebida ao longo de anos, não faz tão mal à saúde quanto essa mesma quantidade absorvida de uma só vez. Esse argumento tem sido usado para tentar ampliar os limites máximos de exposição dos funcionários nas usinas nucleares. Mas os dados de Mayak derrubam essa teoria. “Não há evidência de redução no efeito [da radiação] em baixas doses”, diz o médico americano Dale Preston, especialista no tema. Para ele, é exatamente o contrário: as descobertas vindas da Rússia provam, pela primeira vez, que ser exposto a doses moderadas de radiação, durante um longo tempo, aumenta o risco de desenvolver vários tipos de câncer, incluindo leucemia.

Também há pesquisadores examinando os dados sobre câncer de tireoide na região de Mayak. Eles podem ajudar a resolver um grande debate no Japão, onde a incidência desse tipo de tumor cresceu a partir de 2011 – mas ainda não é possível dizer se isso está relacionado aos vazamentos da usina de Fukushima, ou se os médicos só ficaram mais atentos a essa doença, diagnosticando casos que normalmente passariam batidos.

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(Weberson Santiago / Carol Malavolta/Superinteressante)
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(Weberson Santiago / Carol Malavolta/Superinteressante)
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Vivendo com o plutônio

Os moradores da região do Rio Techa não são as únicas vítimas da usina local. Há dois outros grupos: os trabalhadores do Complexo Mayak, que chegou a ter 18 mil funcionários, e os 100 mil habitantes de Ozersk, cidade militar próxima da usina [durante a Guerra Fria, a cidade era secreta – e conhecida apenas pelo número “40”]. Todos foram expostos. “Antes de 1955, até mulheres grávidas podiam trabalhar na usina de plutônio”, diz Sergey Romanov, diretor do Instituto de Biofísica do Sul dos Urais. Aspirar pequenas quantidades de plutônio era considerado algo inerente ao trabalho em Mayak. “Em nenhum lugar do mundo houve tanta exposição como aqui”, diz Romanov. Um estudo que avaliou 17.740 funcionários da usina, entre 1948 e 1972, encontrou 786 mortes por câncer – um terço das quais foi atribuída ao plutônio.

O Complexo Mayak continua funcionando: tem 12 mil funcionários, e dois reatores em operação. Eles produzem isótopos radioativos para utilização hospitalar e materiais de uso militar. Cerca de 4 mil pessoas ainda vivem às margens do Techa. Muitas das cercas que isolavam o rio foram derrubadas, e os avisos de perigo sumiram. Os vazamentos continuaram a acontecer. Em 2006 o CEO da usina de Mayak, Vitaly Sadovnikov, foi demitido quando a Justiça russa descobriu que ele havia autorizado o despejo de estrôncio-90 no rio, alguns anos antes. Isso contaminou a água em várias vilas da região, mas Sadovnikov foi anistiado pelo juiz.

Parte da radioatividade que correu pelo Techa nos anos 1950 ainda está lá, em sedimentos no fundo do rio. “A contaminação vai se redistribuindo, o tempo todo”, diz Svetlana Kostina, vice-diretora de assuntos ambientais da região. “Hoje as pessoas entendem que vivem numa região contaminada, mas mesmo assim pescam e nadam no rio”, afirma um relatório produzido pela URCRM. Alguns vilarejos criam vacas em pastos radioativos, e seus moradores chegam a beber a água do rio.

A menos de 1 km da Zona de Exclusão de Mayak, ainda existe uma casa; e ela é habitada. Pertence à família de Oleg Tarasov, o biólogo que estuda a fauna local – e nos recebe para um lanche. “Aqui é bem seguro, em termos de radiação”, diz ele. “Nós cultivamos frutas e verduras no quintal, e elas não têm níveis aumentados de radionuclídeos. Os cogumelos e as framboesas, do bosque em volta, também não. Nós testamos isso”, diz. Tarasov diz que não tem medo da radioatividade perto de casa. “O maior perigo aqui não é a radiação, são os carrapatos. Eles passam doenças graves, como encefalite.”

Essa doença pode, sim, ser transmitida por carrapatos. Mas, também, por outro fator: exposição à radiação.

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(Weberson Santiago/Superinteressante)
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