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A amante da realeza

Estrela dos palcos e das camas da belle époque, La Belle Otero seduziu uma fila de nobres, que bancavam suas perdas nos cassinos

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Atualizado em 31 out 2016, 18h27 - Publicado em 30 nov 2008, 22h00

Texto Gui Campos

Na virada do século 19 para o 20, Paris era o centro do mundo. Os principais artistas, intelectuais, nobres e boêmios lotavam livrarias, cafés, cassinos e cabarés. E todos sonhavam com a espanhola Carolina Otero, a mais famosa, rica e desejada cortesã da belle époque.

Agustina Otero Iglesias nasceu em 1868, na Galícia (noroeste da Espanha), onde teve uma infância miserável e traumática. Aos 11 anos fugiu com saltimbancos portugueses e mudou seu nome para Carolina. Logo viu-se obrigada a mendigar e se prostituir nos estabelecimentos menos recomendados da península Ibérica.

Contava 20 anos quando um banqueiro a seduziu e abandonou em Marselha, na França. Carolina decidiu aproveitar o exílio forçado para se reinventar: subia aos palcos locais como La Belle Otero, uma cigana que dançava uma mistura de flamenco e outros requebrados. Longe de ser bailarina profissional, era muito mais intuitiva que técnica. Mas enlouquecia os franceses com sua dança exótica e sensual, seu temperamento forte e rebelde. Era o sucesso.

Carolina atuou nos principais cabarés e teatros de Paris, como o famoso Moulin Rouge. Era a sex symbol da Europa, mas só se entregava a uns poucos escolhidos. Bom, nem tão poucos. Mas definitivamente escolhidos.

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Entre seus amantes de sangue azul estiveram o príncipe Alberto 1º de Mônaco, os grão-duques Nicolas e Pedro do Império Russo, o kaiser Guilherme 2º da Alemanha, o rei Afonso 13º da Espanha e o rei Eduardo 7º da Grã-Bretanha, o duque de Westminster, nobres sortidos da região dos Bálcãs e, para dar uma variada, o escritor e político Gabriele d’Annunzio, mentor de Mussolini. Esses homens poderosos eram generosos em seus presentes, o que permitiu que ela acumulasse uma grande fortuna.

La Belle era também conhecida como “sereia dos suicídios”: 6 homens teriam tirado a própria vida após serem deixados por ela. Com certeza, dois duelaram por La Belle. Um de seus amantes mais fiéis, o grão-duque Pedro Nikolaevich chegou a implorar: “Deixe-me na ruína, mas não me abandone”. Não acredita? Bom, a cortesã se autopromovia inventando histórias sobre sua vida. Até hoje os historiadores se esforçam para descobrir quais delas realmente aconteceram.

No fim, apesar dos vários mimos de muitos nobres, sua compulsão pelo jogo levou-a à falência. Ainda conservava a beleza aos 46 anos, quando foi esconder-se em Nice, no litoral sul da França – não queria que o mundo a visse envelhecer. Nunca se casou. Morreu em 1965, aos 96 anos, arruinada e totalmente só.

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Grandes momentos

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• Ela era famosa pelos belos seios, que teriam inspirado as cúpulas gêmeas do Hotel Carlton, de Cannes (França), inaugurado em 1912.

• Calcula-se que, em dinheiro de hoje, La Belle Otero teria perdido cerca de US$ 25 milhões na roleta. No final da vida, sua fonte de renda era uma pensão do Cassino de Montecarlo.

• Além da França, Carolina Otero apresentou-se em Nova York, Buenos Aires e na Rússia. Ela aparece dançando em dois filmes dos primórdios do cinema, um rodado em 1895 e outro em 1898. É por isso considerada por alguns como a primeira “estrela” do cinema.

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