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Alfred Wegener

A fé pode até mover montanhas, mas foi preciso mais para mostrar que continentes se deslocam

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h16 - Publicado em 8 mar 2013, 22h00

Dizem que santo de casa não faz milagre. Talvez por isso tenha sido necessário um meteorologista para revolucionar a geologia. E o alemão Alfred Wegener (1880-1930) estava tão convencido de sua descoberta que apostava que, dez anos depois de publicada, não haveria uma só alma duvidando dela.

Ingênuo otimismo. Na verdade, levou mais de quatro décadas para que a deriva continental – o fato de que os continentes já estiveram todos reunidos no passado e vêm se separando desde então – fosse aceita nos círculos acadêmicos.

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Qualquer um que olha um planisfério mundial repara como a costa leste da América do Sul se encaixa perfeitamente no oeste da África, não fosse por um oceano inteiro no meio. O primeiro a comentar o fato foi ninguém menos que Francis Bacon, em 1620.

Então, é óbvio que Wegener não foi o primeiro a sugerir que os continentes estiveram reunidos no passado remoto da Terra. Seu grande mérito foi ter juntado o maior número de evidências que sustentassem essa hipótese, convertendo-a numa teoria de respeito.

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Nesse sentido, a formação de meteorologista veio bem a calhar. Foi conduzindo um trabalho sobre paleoclima – extrapolando as características climáticas passadas de um dado lugar com base em fósseis – que ele percebeu similaridades incríveis entre regiões que hoje têm ambientes bastante diversos, mas ficam mais próximas se você juntar todos os continentes.

Wegener fez a primeira apresentação de sua teoria em 1912 e três anos depois publicou o livro A origem dos continentes e oceanos, que reunia toneladas de evidências paleoclimáticas e geológicas (como cadeias de montanhas que começavam de um lado do oceano e terminavam do outro) em favor da ideia.

“O otimismo dele o convenceu de que todas as crenças em continentes fixos seriam abandonadas no máximo dez anos depois que seu livro fora publicado”, diz Roger McCoy, geólogo da Universidade de Utah, nos EUA, que escreveu um livro sobre o tema. “Alguns geólogos expressaram fascínio pela ideia inovadora, mas não podiam aceitar as evidências apresentadas por Wegener.”

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Ainda faltava uma peça crucial ao quebra-cabeça: como os continentes poderiam se mover? As forças de movimento das rochas liquefeitas do manto ainda não eram conhecidas e ninguém imaginava um modo convincente de mobilizar grandes massas de terra pelo globo.

Por causa disso, Wegener ficou sem ver sua teoria aceita pela comunidade de geologia. Ele morreu numa expedição ao gelo da Groenlândia, em 1930, depois de levar suprimentos a colegas isolados no interior da ilha. A deriva continental, por sua vez, só foi reconhecida formalmente na década de 1950.

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