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Aqui está a primeira máquina do tempo

Por que 2008 pode entrar para a história como o marco inicial das viagens no tempo

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h21 - Publicado em 31 mar 2008, 22h00

Texto Alexandre Versignassi

Século 1 d.C. O matemático grego Heron de Alexandria inventa o primeiro motor da história. É a eolípila, esta caldeira que faz uma bola girar, impulsionada por jatos de vapor. Em suma, não serve para nada.

Maio de 2008. Cientistas criam o primeiro túnel do tempo da história. É uma fenda minúscula no tecido do Cosmos, zilhões de vezes menor que uma cabeça de alfinete – um átomo seria gordo demais para passar lá dentro. Em suma, não serve para nada.

Dito isso, não precisamos falar o que os motores fizeram para a civilização. Ou que nos tempos de Heron, quando Jesus ainda perambulava pela Galiléia e César Augusto imperava em Roma, nem fazia sentido pensar num motor. Mas hoje é quase a mesma coisa quando falamos em máquinas do tempo.

Só que o primeiro passo para que um dia tenhamos uma pode estar logo ali, em maio. É quando começa a funcionar, na Suíça, o Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês). “Hádrons” são prótons e nêutrons, as partículas do núcleo atômico. E o Grande Colisor é o maior acelerador de partículas do mundo, basicamente um “circuito oval” com 27 quilômetros de comprimento, feito para acelerá-las a velocidades inéditas – na faixa de 1,07 bilhão de quilômetros por hora, perto da velocidade da luz. E fazer com que elas sofram colisões monumentais.

Tudo para criar as maiores explosões que o Universo já viu desde o big-bang. A intensidade é tanta que as pancadas devem gerar partículas nunca antes vistas. Mas nenhuma possibilidade é tão instigante quanto a de surgirem “túneis do tempo” ali dentro. O ponto é que as pancadas do LHC vão ser tão fortes que poderão abrir túneis que atravessam outras dimensões – coisa que hoje é só teoria. Mas que, se virarem prática dentro do colisor, devem mudar a forma como vemos o tempo e o espaço. Esses túneis são os “buracos de minhoca”. E eles funcionam como túneis mesmo. Só tem uma diferença.

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Enquanto os túneis normais são atalhos criados em espaços físicos preexistentes, como o interior de montanhas, os buracos de minhoca são mais exóticos. Eles servem como túneis que passam por espaços que não existiam antes (veja aqui embaixo).

Os efeitos práticos disso são notáveis. Se uma entrada do buraco de minhoca estiver no banheiro de um boteco em São Paulo e a saída, no topo do Cristo Redentor, a distância entre os dois lugares será zero.

Para entender isso melhor, pare de pensar na estrutura do buraco de minhoca como se ela fosse um túnel. Imagine a coisa como dois espelhos colados de costas um para o outro. Você entra no espelho daquele banheiro do bar e seu pé já sai no Corcovado. Tudo instantâneo: não existe espaço dentro do buraco. Assim, dá para pegar bocas de entrada e saída desse túnel e levar para qualquer lugar, como se fossem grandes espelhos mesmo. E é isso que abre as portas para as viagens no tempo.

Einstein explica: o alemão descobriu que, quanto mais rápido você anda, mais o tempo à sua volta acelera. Se você pegar um avião para a Inglaterra, vai chegar lá 0,000012 milésimos no futuro. “Pouco”, diria o leitor mais exigente. Então vamos lá: se o jato viajasse por 10 horas a uma velocidade absurda (digamos, 1,079 bilhão de quilômetros por hora), você pousaria no ano 2815. Melhorou?

Agora imagine que você embarcou nessa viagem hiper- rápida levando na mala aquele “espelho” que estava no Cristo – a saída do buraco de minhoca. Depois de umas voltas a uma velocidade quase igual à da luz, você deixa o espelho em Londres. Pronto: aquele banheiro em São Paulo, onde ficou a entrada do buraco, continuaria em 2008. Mas a saída dele estaria no futuro. O toalete do boteco daria acesso instantâneo à Inglaterra do século 29. E o buraco de minhoca funcionaria como uma máquina do tempo. Não seria nenhum DeLorean do De Volta para o Futuro, que pode ir para qualquer época. Teria um destino só, e sempre no futuro – não, a ciência ainda não imagina como voltar ao passado. Mas, pelo menos, a coisa é praticamente sem limite: quanto maior for a velocidade do avião (ou da nave espacial ou do que for) e o tempo de vôo, mais no futuro vai ficar a saída do buraco.

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Mas calma. Os obstáculos para que isso saia do papel ainda são duros. Primeiro, os buracos de minhoca do LHC, se aparecerem, serão microscópicos. Para deixá-los grandes, com bocas de 1 metro, precisaríamos de uma energia comparável à massa de 300 planetas Terra. E teria que ser uma espécie de energia capaz de anular a gravidade – coisa que nem sabemos se existe.

O alento é que, pelo menos na parte teórica, estamos mais perto da máquina do tempo do que Heron de Alexandria estava da máquina de lavar.

Tudo ao mesmo tempo agora

Como viajar no espaço e no tempo usando os “buracos de minhoca”

Fim do espaço…

Se a boca de entrada de um buraco de minhoca estiver em São Paulo e a de saída no Rio, você tem um túnel que liga as duas cidades por uma dimensão além do espaço e do tempo, do “lado de fora” do Universo. Aqui na ilustração o túnel parece ter um comprimento. Mas, na realidade, ele não tem. Do ponto de vista de quem entra nesse túnel, a distância entre as cidades é zero.

…E do tempo

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Se alguém levar a boca carioca do buraco para uma viagem numa nave espacial em altíssima velocidade, a saída do túnel viaja para o futuro. Mas a outra boca fica quietinha no presente. Pronto: você tem um portal ligando a São Paulo de 2008 com o Rio do século 50 – quanto maior for a velocidade com que a boca de saída viajar, maior o salto no tempo.

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