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Arthur Clarke e a rapa

Coletânea de ficção científica da revista Nature traz o autor de 2001, morto em março, e uma nova geração de Clarkes em microcontos

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h20 - Publicado em 31 mar 2008, 22h00

Texto Rodrigo Rezende

FUTURES FROM NATURE (FUTUROS DA NATURE)

Vários autores

320 páginas

REFORMA N AVIZINHANÇA (IMPROVING THE NEIGHBOURHOOD)

Autor: Arthur Clarke, o cara.

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Enredo: Uma civilização não identificada examina os vestígios de outra, que conseguiu alcançar grande progresso tecnológico antes de explodir seu próprio planeta. “Se eles conseguiram realizar o ‘upgrade’ da consciência baseada em carbono [elemento que compõe células humanas] para o germânio [elemento químico mais complexo], como fizemos há muito tempo, é uma questão controversa”, diz o conto. A grande sacada da obra é que não dá para saber se a civilização da Terra é a autora do estudo arqueológico ou é a que já está extinta. Um conto filosófico e reflexivo, bem ao modo dos melhores escritos do mestre britânico.

Trecho: “Aparentemente eles estavam às vésperas de desenvolver a tecnologia necessária para abandonar seus incômodos corpos químicos e alcançar a ‘múltipla conec­tividade’: se eles tivessem conseguido, seriam um sério perigo para todas as civilizações do nosso cluster estelar. Vamos nos assegurar que isso nunca aconteça novamente.”

CRIA DO DEMO (SPAWN OF SATAN)

Autor: Nicola Griffith, inglês, editor de coletâneas de ficção científica.

Enredo: Imagine um mundo em que todas as mulheres desencanem de ter filhos aos 30 ou 40 anos. E que a inseminação artificial vire a regra para gerar bebês. O que aconteceria? Segundo o conto, surgiria uma verdadeira horda de crianças lindas, inteligentes e bem- comportadas. Todas muito parecidas entre si, pois seriam filhos dos melhores genes que as mães pudessem comprar. Nessa sociedade, os homens seriam marginalizados, obrigados a fazer todo o serviço de casa sem dar um pio. “Acha que eu digo alguma coisa? Eu não. Se abrir a minha boca, ela vai escolher outro para ser pai do seu maldito bebê de tubo de ensaio!”, fala um deles. E não será fácil conviver com as tais supercrianças. Veja só:

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Trecho: “‘Elas entram no ônibus, dizem ‘obrigado’ e ‘por favor’, e lêem o caminho inteiro para a escola. Eu fico de saco cheio da gritaria e da algazarra das crianças comuns. Mas essas daí não são normais. São crias do satã!’, diz um motorista de ônibus”.\

CARNE (MEAT)

Autor: Paul McAuley, biólogo americano que se tornou escritor profissional.

Enredo: “Hoje, você não é um fã de verdade a menos que tenha provado da carne de seu ídolo”, escreve o protagonista deste conto, uma espécie de segurança do DNA das estrelas. Essa maluquice começou a acontecer quando a engenharia genética evoluiu tanto que a clonagem de tecidos humanos passou a ser uma atividade corriqueira. Como bastava ter acesso a uma célula do ídolo para fazer crescer quilos e mais quilos da carne dele, o canibalismo de celebridades virou uma prática comum em qualquer fã-clube. E não era só com ídolos que isso acontecia. Políticos comiam a carne de seus rivais e criminosos, a de seus inimigos. Foi aí que os famosos começaram a contratar os seguranças de DNA para limpar os vestígios de células por onde passavam.

Trecho: “O caso mais estranho que tive foi o de um cara que clonou a si mesmo. Tudo o que ele comia era sua própria carne. Podemos dizer que ele era de fato auto-suficiente.”

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PANPSIQUISMO PROVADO (PANPSYCHISM PROVED)

Autor: Rudy Rucker, cientista da computação e autor renomado de ficção científica.

Enredo: Uma cientista encalhada resolve usar sua invenção para se dar bem. O objetivo era fazer o colega de trabalho pelo qual estava apaixonada tomar, junto com ela, o “pó do entrelaçamento quântico”. Trata-se de uma poeira de carbono com partículas capazes de unir a consciência de duas pessoas. Mas o plano dá errado e ela leva um tremendo fora. E o sujeito a manda conversar com uma pedra. Literalmente:

Trecho: “‘Derrubei a sua poeira de carbono em cima de um pedregulho. Você é esquisita demais para mim. Vou embora daqui’, escreveu Rick no bilhete. Shirley andou lentamente até a porta do pátio e olhou para a pedra cinzenta. Como era bom saber que as rochas tinham mente. O mundo era muito mais confortável do que parecia. Ela ficaria ok sem Rick. Agora, tinha amigos em todos os lugares.”

ARTE LONGA, VIDA BREVE (ARS LONGA, VITA BREVIS)

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Autor: James Alan Gardner, matemático e autor canadense.

Enredo: Estrelas binárias, supernovas, quasares, pulsares. Cosmologia pesada, coisa para físico dos bons, não é? Não, segundo este conto. Nele, as maravilhas vistas por nossos telescópios aqui da terra não passam de obras de arte extraterrestre. No dia em que a humanidade descobriu que os fenômenos astronômicos eram somente ataques de criatividade de ETs metidos a Van Gogh, todos os departamentos de cosmologia das universidades daqui mudaram de nome para ‘História da Arte’. E passaram a estudar os pincéis astronômicos, instrumentos tecnológicos ultramodernos capazes de mover estrelas e planetas de um lugar para outro no espaço.

Trecho: “Nós tínhamos um monte de teorias sobre o que era o colapso estelar. Mas aí descobrimos que as supernovas eram apenas obra de ETs punks que se amarravam em explodir coisas.”

Seleção brasileira

Há dois brasileiros bem conhecidos dos leitores da Super nesta seleção de contos da Nature. São os jornalistas Salvador Nogueira e Reinaldo José Lopes, nossos colaboradores. Confira:

Estranhos na noite

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Autor: Salvador Nogueira.

Enredo: Tudo estava bem na nave, exceto por Hawking [o robô], estranhamente acordado. Tão sozinho. (…) A máquina queria acabar com aquilo. Ele queria acabar com aquilo. E então, com um comando final, deixou de existir.

Reunião dos Clãs

Autor: Reinaldo José Lopes.

Enredo: “‘Parabéns! Seu povo provavelmente estava entre os primeiros e maiores artistas que a raça humana conheceu, os criadores daqueles murais de espécimes extintos da megafauna em Altamira e Lascaux’. ‘Maravilha’, resmungou Pat. ‘Posso ir embora agora?’”

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