Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

As primeiras-damas do PCC

Como uma disputa entre três mulheres rachou e redesenhou a organização criminosa mais poderosa do Brasil

Por Ricardo Lacerda
Atualizado em 6 out 2017, 13h03 - Publicado em 5 out 2017, 16h39

No dia 31 de agosto de 2002, o PCC completava nove anos. Depois da morte de Sombra, a facção tinha dois homens no topo: Geleião e Cesinha. Junto deles vinha Marcola. Para celebrar a data, os chefões mandaram fechar o Vermelhinho, bar próximo ao Carandiru. Nos convites para o evento, a mensagem: “Você é um convidado especial para comemorar a resistência contra a discriminação e a opressão carcerária”. Na comemoração, regada a salgadinhos, refrigerante e cerveja, as esposas de membros do PCC, parentes e amigos vestiam camisetas com as inscrições  Paz, Justiça e Liberdade.

Dois meses depois, o clima dentro da organização era outro, nada familiar. E a culpa era, sobretudo, das mulheres dos chefões. Na disputa pela cúpula feminina da facção estavam Aurinete Félix da Silva, a “Neti”, mulher de Cesinha, e Petronilha Maria Carvalho Felício, a “Petrô”, casada com Geleião. Mas quem levou a pior foi a Ana Maria Olivatto Camacho, ex-mulher de Marcola.

A execução de Ana, morta com dois tiros de pistola na porta de casa, em Guarulhos (SP), marcou o início de uma nova era para o PCC. Amiga tanto de Neti quanto de Petrô, a advogada se preparava para visitar Cesinha e Geleião no Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) de Presidente Bernardes quando foi executada. A notícia chegou rápido aos ouvidos de Marcola, que ordenou a busca imediata pelo autor. Logo apareceu um retrato falado apontando Lauro Gomes Gabriel, o “Ceará”, como assassino. Detalhe: o pistoleiro era irmão de Neti – cunhado de Cesinha.

Marcola não entendia a motivação do crime. Mas a polícia trabalhava com três hipóteses. Em uma delas, Ana teria descoberto um caso de Neti com um policial e poderia dedurá-la a Cesinha. Outra versão indicava Geleião como mandante. O bandido estaria indignado com a intervenção de Ana, que convenceu Petrô a abortar a explosão de um carro-bomba na sede da Bovespa. A última conjectura era também a menos provável: o próprio Marcola teria mandado matar a ex-mulher, suspeitando que ela mantinha um caso com Cesinha. Até hoje não há certeza sobre a motivação, mas indícios apontam Neti como a cabeça da emboscada.

Ao saber que Ceará fora o autor dos disparos, Marcola resolveu dar fim à cumplicidade de quase uma década com Cesinha e Geleião. Para ele, não havia dúvidas de que os dois estavam por trás da execução. Por isso, acabariam jurados de morte, assim como suas esposas, acusados de trair o PCC. Marcola ascendeu sozinho ao topo e, em janeiro de 2007, casou-se pela segunda vez – agora em pleno presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes, com a estudante de direito Cynthia Giglioli da Silva.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.