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Biscoitos que contam história

Em pequenas aldeias européias, receitas de pão milenares são usadas em rituais religiosos e abençoam casamentos, nascimentos e mortes

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h20 - Publicado em 31 dez 2000, 22h00

Monica Schmidt

Calendário comestível

Muito antes de o relógio ser inventado, o tempo era marcado pelas estrelas, pelas estações do ano ou por… biscoitos! Esta boneca conta os 40 dias da Quaresma: a cada fim de semana uma perna é comida. Feitas de uma massa muito resistente e perfumadas com flor-de-laranjeira, ainda são produzidas por algumas mães nas aldeias do sul da Itália e da Grécia

Boneca casamenteira

As formas deste biscoito da Bulgária representam a vida de uma mulher. Nele estão simbolizados o cabelo solto e cacheado da menina, as tranças da jovem mulher e, no meio, o cabelo preso das avós. Ele é feito em todas as primaveras para participar de um ritual casamenteiro. As moças solteiras e esperançosas jogam um pedaço do pão no rio e a que arremessar mais longe será a primeira a se casar…

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Ovos de Páscoa

Estes biscoitos rústicos são a pré-história dos ovos de chocolate. Aldeias do sul da Europa celebram há milênios o fim do inverno e a chegada da primavera com ovos que simbolizam a fecundidade, a volta do verde e da vida. Eles eram envoltos por biscoitos com formas de pássaros, peixes ou pessoas. Séculos depois, o ritual passou a comemorar a Páscoa e os ovos viraram chocolate

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Biscoito bíblico

Parece apenas um bebê descansando em seu berço, mas este biscoito, feito no sul da Itália na época da Páscoa, é uma peça de arte sacra. As avós o utilizam para contar aos netos o episódio bíblico em que o leproso Lázaro é abençoado e ressuscitado por Cristo em recompensa pela sua vida de homem bondoso. O corpo é todo recoberto por migalhas, que representam os vermes de Lázaro – um detalhe que nunca tirou o apetite de ninguém

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Peças de museu

Estes biscoitos de formas espiraladas são tão raros que fazem parte do acervo do Museu de São Petersburgo. Eles eram fabricados por freiras russas para serem pendurados em árvores de Natal, mas a receita desapareceu, no início do século XX, com a morte da última velhinha que sabia fazê-los. Os cervos – os principais símbolos de fecundidade das antigas religiões eslavas – misturam-se a árvores, associadas à fertilidade do gado, da terra e das mulheres

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Biscoito de noiva

Estas peças são feitas pelas velhas senhoras da Sardenha para decorar os bolos de casamento. A brancura dos animais à esquerda representa as almas dos futuros fetos do casal. Já os pássaros que compõem a borda do sol à direita são um símbolo relacionado ao casamento em quase todos os países europeus. Depois da festa, os biscoitos são pendurados no leito nupcial e, se continuarem inteiros por muitos anos, é sinal de que o casal viverá junto por bastante tempo

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