Caça ao planeta X
Um dos mistérios mais intrigantes de nosso sistema solar está novamente no centro das discussões científicas.
Alessandro Greco
O planeta X está de volta. Um dos mistérios mais intrigantes de nosso sistema solar está novamente no centro das discussões interplanetárias. Existe um décimo planeta após Plutão? Onde está? Como é? Pois uma dupla de argentinos acaba de sugerir uma resposta: é um planeta com massa semelhante à de Marte. Segundo a simulação computacional realizada pelos astrônomos Mario Melita e Adrian Brunini, ele está no Cinturão de Kuiper. O cinturão é uma multidão de objetos de gelo e rocha que orbitam além de Netuno.
Multidão mesmo: apesar de serem descoberta recente, já foram registrados mais de 600 KBOs (Kuiper Belt Objects, ou Objetos do Cinturão de Kuiper). O primeiro foi detectado em 1992. Estima-se que, só de KBOs com diâmetro superior a 1 quilômetro, existam 10 bilhões. Com diâmetro maior que 1 000 quilômetros, apenas dez. Plutão, que também circula por ali, tem 2 200 quilômetros.
Por muito tempo pensou-se que o planeta X era Plutão. Explica-se: X nunca foi visto, mas sua existência foi calculada. As órbitas de Urano e Netuno são perturbadas por alguma força e essa força deve ser a do planeta desconhecido. A existência teórica de X foi proposta no início do século 20 pelos astrônomos americanos Percival Lowell e Henry Pickering. Lowell propôs o nome “planeta X” (que não é dez em número romano, é xis de incógnita mesmo) e construiu um observatório na cidade de Flagstaff, Arizona, para tentar encontrá-lo. Não encontrou. Ironicamente, duas imagens captadas pelo observatório mostravam Plutão, mas Lowell passou batido.
Plutão foi descoberto somente em 1930, pondo, ao que parecia, fim à busca por X. Mas Plutão tinha um sério defeito: sua massa parecia pequena demais para perturbar tanto Urano e Netuno. A resposta definitiva chegou há 25 anos. O planeta X teorizado por Lowell não era Plutão.
De lá para cá, vários candidatos a planeta X apareceram. Mas, sob a análise cuidadosa dos dados, todos eles sumiram na velocidade da luz. Por isso, os cientistas vêem com ceticismo a proposta dos argentinos Melita e Brunini. Para confirmar, teremos que esperar até 2015, quando a sonda New Horizons irá passar por Plutão e seguir adiante pelo Cinturão de Kuiper. Talvez então, após mais de um século de tentativas frustradas, chegue ao fim a busca pelo planeta X. Ou se descubra que existem também os planetas Y, Z, #, & etc.