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Carl Gustav Jung: conheça o fundador da psicologia analítica

Freud passou a ver em Jung o seu sucessor na psicanálise. Mas o psiquiatra suíço queria levar adiante uma linha própria de pensamento.

Por Texo: Agência Conteúdo | Arte: Andy Faria
Atualizado em 26 ago 2020, 18h14 - Publicado em 16 jul 2020, 22h11
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fundador da psicologia analítica, também chamada de psicoterapia junguiana, foi amigo de Sigmund Freud. Mas não por muito tempo. Em 1914, rompeu com o camarada austríaco por divergências teóricas, principalmente sobre a natureza do inconsciente. De um lado, Jung defendia a existência de um inconsciente coletivo, que afeta as emoções e os comportamentos do consciente com o peso das origens e dos valores sociais da humanidade. Já Freud preconizava a presença do inconsciente pessoal, impulsionador do desejo sexual, dentro de uma ideia de busca de prazer.

Jung era suíço, nascido em 26 de julho de 1875 na cidade Kesswill. Entrou na faculdade de medicina aos 20 anos, na Basileia. Ao longo do curso, tinha dúvidas sobre fazer especialização em cirurgia ou em medicina interna. Mas os sonhos e fenômenos psicológicos experimentados durante um período de férias, somados a seu interesse pelo ocultismo, o levaram a buscar a psiquiatria e a psicopatologia.

Participante ativo das sessões espíritas realizadas por sua família, Jung fez sua tese de doutorado sobre o comportamento de uma médium, uma garota de 15 anos que atuava nos cultos. A paixão pelo tema ganhou força quando Jung deixou Basileia em 1900, aos 25 anos, para trabalhar como assistente do psiquiatra Eugen Bleuler, que criou o conceito de esquizofrenia, no Hospital Burghölzli de Doenças Mentais, em Zurique, um dos mais reconhecidos centros de doentes mentais da Europa na época.

Cinco anos mais tarde, o psiquiatra suiço já era um profissional bem-sucedido, que se dividia entre o papel de conferencista de psiquiatria na Universidade de Zurique, a clínica particular e a função de médico-chefe na clínica psiquiátrica do hospital. Era lá que ele mantinha um laboratório para investigar as reações psíquicas dos doentes mentais.

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Em primeiro plano: Sigmund Freud, G. Stanley Hall, Carl Jung. Atrás: Abraham Brill, Ernest Jones, Sándor Ferenczi. Universidade Clark, Massachusetts,1909. (API/Getty Images)

Os estudos empregavam o método da associação de palavras, em que uma lista de termos é apresentada ao paciente, que precisa responder com a primeira coisa que lhe vem à cabeça. O método ajuda a identificar complexos por meio das reações e da demora para cumprir a tarefa de acordo com o que é dito. Esse tipo de levantamento soava familiar à psicanálise, o que o levou a se aproximar de Freud.

Em 1907, enviou cópias de seus artigos sobre estudos diagnósticos de associação e de seu primeiro livro A Psicologia da Demência Precoce (1907). A iniciativa deu início a uma amizade que duraria seis anos, com diversos encontros e a troca de centenas de correspondências, que foram publicadas em livro.

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No momento em que se aproximou de Freud, Jung já tinha a sua própria definição de inconsciente e do psiquismo, inspirada nas ideias de pesquisadores como Théodore Flournoy e Pierre Janet. Conceitos como a concepção freudiana de sexualidade infantil, o complexo de Édipo e a libido já não o agradavam.

Mesmo não concordando totalmente com o analista, Jung via nesse contato a possibilidade de confirmar hipóteses sobre associações verbais, ideias fixas no inconsciente e os complexos, que se assemelhavam a seus próprios estudos. Com o tempo, Freud passou a ver em Jung o seu sucessor na psicanálise. Mas o psiquiatra suíço queria levar adiante uma linha própria de pensamento, o que foi reforçado com o lançamento do livro Símbolos de Transformação (1912), decisivo para o rompimento da amizade entre os dois.

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“O inconsciente coletivo não se desenvolve individualmente, mas é herdado.” no livro Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo (AP Images/Getty Images)
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O fim da relação com Freud foi um incentivo para que Carl Jung moldasse o seu próprio sistema de psicoterapia. Mas, antes disso, permaneceu por três anos sem ler, escrever, pesquisar e dar aulas. Nesse período, se voltou apenas para a exploração do próprio inconsciente, por meio da análise de sonhos e de visões, como é destacado no livro Introdução à Psicologia Junguiana, de Calvin Hall e Vernon Nordby.

As divergências com Freud foram analisadas pelo próprio Jung no livro Tipos Psicológicos, de 1921, publicação que descreveu os tipos de caráter, estabelecendo a distinção entre extroversão e introversão e entre pensamento e sentimento.

Em uma série de viagens a lugares remotos da Ásia, da África e das Américas, a partir dos anos 1920, Jung conheceu povos nativos e analisou hábitos, mitologia e religião. As expedições foram importantes para a consolidação da ideia do inconsciente coletivo. O interesse por áreas como espiritismo, mitologia, religião, ioga e telepatia rendeu críticas a Jung, ma seu interesse era no quanto essas práticas revelavam sobre a mente humana.

A partir da década de 1940 e até o fim da vida, Jung viveu uma fase bastante produtiva, atribuída a visões, sonhos e delírios que teve quando estava de cama por causa de uma fratura no pé e de uma crise cardíaca. O Homem e Seus Símbolos, inspirado em um sonho de Jung foi concluído dias antes de sua morte. A obra buscava apresentar os principais conceitos da psicologia analítica ao público leigo. Ele morreu em 1961, deixando suas obras completas, em 19 volumes

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