Cientistas recriam habitat dos primeiros hominídeos
Primos distantes dos nossos ancestrais circularam pela Tanzânia há 1,8 milhão de anos, em meio a pradarias, florestas e pântanos
No leste africano, pequenos hominídeos de até 1,52 metro se escondiam por florestas, entre acácias e palmeiras, para devorar pedaços de carne de elefante, girafa ou gnu (boi-cavalo). Há 1,8 milhão de anos, quando nossos primeiros ancestrais viviam pela região da Garganta de Olduvai, na Tanzânia, tinham acesso a tudo: água fresca, abrigo e comida.
É a primeira vez que cientistas reconstroem o habitat e visualizam como era a vida de dois parentes distantes do Homo erectus (nosso ancestral mais próximo): Homo habilis e Paranthropus boisei.
O que eles fizeram foi analisar o solo de uma região com ossadas dessas duas espécies. Contaram também com um pouco de sorte: uma camada de cinzas vulcânicas cobriu e protegeu os ossos e toda a matéria orgânica da área. E aí conseguiram entender o que comiam, onde viviam, e como se comportavam.
Descobriram que a vegetação na Tanzânia, naquela época, mesclava áreas de pradarias, florestas e pântanos. Apesar de ter água em abundância, a vida não era fácil, havia predadores por todo canto. E é por isso que esses hominídeos provavelmente comiam entre as árvores, escondidos de leões e hienas – os cientistas encontraram uma grande quantidade de ossos desses animais nessa região. Só não sabem dizer se caçavam a própria carne ou tiravam proveito das sobras deixadas por outros animais. Também comiam crustáceos e moluscos.
Os pesquisadores acreditam que esses hominídeos andaram por essa região por décadas ou séculos. Mas nunca viveram por lá, apenas se aproveitaram do suprimento de água que havia disponível.