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Como foi o assalto ao trem pagador?

O bando levou de um trem postal a quantia de 2.631.784 de libras esterlinas em notas miúdas – hoje em dia, o equivalente a centenas de milhões de reais

Por Rui Dantas
Atualizado em 27 mar 2017, 12h21 - Publicado em 31 out 2003, 22h00

Um dos roubos mais espetaculares da história aconteceu no dia 8 de agosto de 1963 – há 40 anos – e envolveu 16 pessoas no condado de Buckinghamshire, Inglaterra. Na ação, o bando levou de um trem postal a espetacular quantia de mais de 2,6 milhões de libras esterlinas em notas miúdas – hoje em dia, o equivalente a centenas de milhões de reais!

Duas conhecidas gangues de Londres, a South West e a South East (“Sudoeste” e “Sudeste”, em português) juntaram suas forças para pôr o crime em prática. Entre os bandidos, estavam um antiquário, um renomado cabeleireiro londrino, um ex-boxeador dono de uma boate e o dono de uma pequena editora. E, claro, o carpinteiro Ronald Biggs, que se tornou mundialmente famoso por ter se refugiado no Brasil.

Os ladrões descobriram que um trem do correio recolhia os depósitos de bancos da Escócia e os levava para a capital inglesa. Eles estudaram a rota e os horários da locomotiva, além de escolher a dedo a data do crime: o dia seguinte a um feriado bancário, quando o trem carregaria os depósitos de dois dias.

Por volta das 3 e meia da manhã, o trem passava por uma região conhecida como Sears Crossing. Lá havia uma sinaleira que, ao acender uma lanterna de cor âmbar, indicava parada obrigatória cerca de 1 quilômetro adiante nos trilhos – os ladrões simularam a luz de alerta e tomaram de assalto o trem (veja infográfico). O maquinista foi obrigado a levá-los à próxima estação, onde foi descarregado o dinheiro. Acuado pela ação da polícia, o grupo abandonou às pressas o esconderijo, contratando um comparsa para limpar os rastros. No entanto, o faxineiro se limitou a surrupiar metade da dinheirama. Detalhe: o traidor nunca foi localizado pela polícia. A Scotland Yard descobriu impressões digitais nos quatro cantos da casa, o que facilitou a identificação dos assaltantes.

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Menos de um mês depois, a maior parte da gangue já frequentava a fila do bandejão do presídio mais seguro da Inglaterra. Depois de passar quase dois anos encarcerado, em 8 de julho de 1965, o ex-carpinteiro Biggs, corrompendo funcionários da penitenciária, conseguiu escapar da prisão. Depois da fuga, viveu na Austrália por três anos. Com medo de ser reconhecido, escapou para o Panamá e voou, em 1970, para o Rio de Janeiro. “Meu pai já não tinha mais um centavo, pois havia gastado tudo fugindo pelo mundo”, diz Michael Biggs, o Mike, que também virou celebridade ao integrar, na década de 80, a banda infantil Turma do Balão Mágico. Mike, filho de Ronald com a dançarina Raimunda de Castro, foi quem salvou o pai das garras da polícia britânica. Pela lei, nenhum estrangeiro pode ser extraditado se tiver um filho com uma pessoa de nacionalidade brasileira.

Depois de viver por mais de 30 anos no Brasil, Biggs decidiu se entregar às autoridades britânicas em maio de 2001. Lá, foi para a prisão de Belmarsh, de segurança máxima, em Londres, e cumpre 55 anos de pena. “Aqui na Inglaterra, não há prescrição de crime”, afirma Mike Biggs. “Mas meu pai, desde que se entregou, teve um terceiro derrame, não fala mais e anda com dificuldade. Estamos recorrendo nos tribunais europeus de direitos humanos pois, da forma como ele está sendo tratado, ele é um prisioneiro político.” Que participou de um assalto de nada menos que 220 milhões de reais…

Do roubo à roubada

Digitais puseram quadrilha de Ronald Biggs atrás das grades

1 – Depois de parar o trem postal com um sinal falso no meio da madrugada, os bandidos dão uma paulada na cabeça do maquinista Jack Mills

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2 – Sangrando muito, Jack é obrigado pela quadrilha a conduzir o trem até uma estação próxima, onde mais bandidos aguardavam o dinheiro

3 – Os ladrões descarregam os 120 sacos de dinheiro e os levam para uma fazenda a 40 quilômetros do local do roubo

4 – A alegria no esconderijo durou pouco: eles fugiram, mas deixaram digitais em tudo (até em peças de Banco Imobiliário), o que facilitou o trabalho da polícia

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