É verdade que o coração do príncipe Luís XVII da França está conservado até hoje?
Na Basílica de Saint-Denis, na França, há um órgão mumificado há mais de dois séculos que se diz ser de Luís XVII. Mas ninguém sabe com certeza se é mesmo. O príncipe foi preso aos 7 anos, em 1793, quando seu pai, o rei Luís XVI, morreu na guilhotina, vítima da Revolução Francesa. A idéia era evitar que o garoto assumisse o trono. Dois anos depois, anunciou-se que a criança teria morrido de tuberculose. “Mas correu na época que o cadáver era de outro menino, usado para ocultar a fuga do prisioneiro”, conta a historiadora Giana Araújo, da Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro. Foi feita uma autópsia e ela concluiu que o corpo estava muito mal conservado para ser de um morto tão recente. Decidiu-se então preservar o músculo cardíaco, talvez na esperança de que exames mais detalhados pudessem desfazer a dúvida.O coração existe até hoje graças a um golpe de sorte. O legista resolveu guardá-lo em um vidro com álcool e, por descuido, o álcool evaporou. Desidratado, o órgão se manteve livre das bactérias que causariam a deterioração. No começo do século XIX, apareceram mais de trinta sujeitos que alegavam ser o verdadeiro Luís XVII, mas nenhum deles conseguiu apropriar-se do trono. Agora, passados dois séculos, a questão pode ter um ponto final. No ano passado, cientistas da Universidade de Louvain decidiram realizar um exame de DNA para comparar os genes da criança com os retirados de fios de cabelo de sua mãe, a rainha Maria Antonieta, que ficaram preservados. O resultado deve sair dentro de alguns meses. Até lá, permanece vivo um dos maiores mistérios da história da França.