Adeus, baixo-astral
Em abril de 1957, o médico americano Nathan Kline, então com 42 anos, diretor do Hospital Psiquiátrico de Rockland, nos Estados Unidos, anunciou que a depressão tinha remédio. Ele relatou os resultados positivos da iproniazida em pacientes que haviam tentado o suicídio. O problema era que as indústrias farmacêuticas tinham acabado de retirar do mercado essa substância, derivada de um aditivo de combustível usado nos tanques da Segunda Guerra Mundial. A iproniazida fora lançada seis anos antes para tratar a tuberculose. Na época, notou-se que ela deixava cheios de ânimo, sorridentes e menos sensíveis à dor pacientes que estavam à beira da morte. Mas não era boa na tarefa de curar as lesões pulmonares. Psiquiatras do mundo inteiro prestaram atenção no efeito colateral euforizante do remédio. Nathan Kline, porém, foi o primeiro a ter seu trabalho divulgado na imprensa. A partir daí, a pressão popular pelo relançamento da droga foi tremenda e em novembro de 1957, há exatos quarenta anos, o primeiro antidepressivo chegava às farmácias.