Apesar das regras gramaticais e da “norma culta” ensinadas na escola, as línguas não são estáticas. Elas evoluem, se desenvolvem, se contaminam e se transformam sem parar. Como então compreender textos escritos por nossos antepassados, muitas vezes repletos de palavras que não entendemos? A solução surgiu já na Antiguidade. Nos séculos 4 e 5 a.C., apareceram na Grécia os primeiros glossários, dedicados sobretudo a explicar palavras contidas em obras como a Ilíada e a Odisséia, de Homero (que datam aproximadamente de 3 séculos antes).
Em 1053, o latino Papias fez seu Elementarium doctrinae erudimentum, a primeira obra que se diferencia dos glossários anteriores por não apenas explicar termos obsoletos, mas também palavras em uso. O livro visava atender ao número crescente de pessoas, sobretudo políticos e comerciantes, que começavam a aprender a escrever em latim. O termo dictionarius, porém, só apareceu no século 13, em 1225, com a coleção de palavras latinas organizadas por assunto, com o objetivo de ajudar estudantes, reunidas pelo inglês John Garland. Nos séculos 16 e 17, surgiram fi nalmente os primeiros dicionários portugueses e se começou a adotar o modelo dos verbetes que deram origem ao formato atual, em quase todos os países do mundo.