Dante Grecco
Em 1991, o professor Cândido Simões, hoje aposentado da UFRJ, tinha 71 anos e fazia uma de suas últimas expedições em busca de fósseis de moluscos. Ao descer do barco e pisar na margem do rio Itapecuru, no Maranhão, ele tropeçou em um osso e quase foi ao chão. “Que perigo esse osso de vaca!”, pensaram os pesquisadores que acompanhavam o mestre. Mas, ao analisarem o objeto, eles viram que a vaca não tinha culpa alguma. O professor Simões havia chutado um fóssil que estava ali há 110 milhões de anos. E de uma nova espécie.
“A vértebra era muito densa. Só podia ser de dinossauro”, conta Ismar de Souza Carvalho, do departamento de Geologia da UFRJ, que fazia parte da expedição. Depois do tropicão, foram seis anos de escavação meticulosa na região. No total, foram encontrados cerca de 100 fragmentos, entre costelas, cintura e espinhos neurais.
A partir desses fragmentos de um único animal, os pesquisadores começaram a montar um complicado quebra-cabeça. “Não tínhamos todas as peças. E nem sempre elas se encaixavam”, relata Ismar. Vários especialistas internacionais em dinos foram consultados. Por fim, os pesquisadores concluíram que se tratava de uma nova espécie, a primeira a ser encontrada na Amazônia. Daí seu nome: Amazonsaurus maranhensis.
O bichão, que pertence à superfamília dos saurópodes (os maiores dinos que já habitaram o planeta), era herbívoro. A descoberta brasileira foi publicada na revista especializada Cretaceous Research, em dezembro de 2003. Ah, se não fosse aquele osso no meio do caminho…