Em diversas tribos indígenas, como os xavantes no Centro-Oeste do Brasil, a idéia de lazer é bem diferente da que conhecemos. Lá trabalho não serve para ganhar dinheiro e “subir na vida”, trata-se apenas de uma função de subsistência para alimentar a comunidade. Lazer é, assim, tudo o que não se relaciona a essa atividade. Depois que caçam ou fazem comida, eles passam o dia brincando e conversando, na maior curtição.
Como os xavantes, muitas sociedades viviam dessa forma há séculos. Na Europa, durante a Idade Média, embora já existisse uma vaga noção de lazer, não era costume separar as tarefas do tempo ocioso, e as duas coisas iam se intercalando ao longo do dia. Mas a Revolução Industrial acabou com a mamata, criando a idéia de um intervalo exclusivo para o lazer – já que no restante do dia trabalhavase, e muito. Nessa época, de grande exploração da mão-de-obra, surgiu a jornada de trabalho, que não raro passava de 70 horas semanais – quase o dobro da atual. Diante da injustiça, os trabalhadores uniram-se e, entre outras exigências, demandaram um período para descansar.
Hoje até o intervalo que passamos com a família é definido por lei, assim como o horário em que entramos e saímos do trabalho. Isso ajuda a evitar explorações como as de antigamente, mas cria também angústia e estresse. Enquanto isso, os índios continuam se divertindo e aproveitando seu lazer a hora que quiserem…