Memória amontoada
Ele foi visitar o Palácio Duque de Caxias, no Rio, sede do Arquivo Histórico do Exército.
Gilberto Stam
Não é à toa que o empresário José Mindlin é um dos maiores bibliófilos do mundo. O homem tem olho. Ele foi visitar o Palácio Duque de Caxias, no Rio, sede do Arquivo Histórico do Exército. No porão do palácio estão depositadas 2 198 caixas de documentos, o equivalente a um Empire State de papel empilhado – e tudo amontoado sem lógica nenhuma. Pois Mindlin, nessa rápida visita, encontrou o diário de uma expedição ao Xingu do século XIX, com a descrição de tribos e de línguas indígenas já extintas – um dos documentos mais importantes já achados no acervo. “Foi um caderno que peguei a esmo, na única vez em que estive lá”, diz Mindlin. A Fundação Cultural do Exército, da qual ele é membro, agora se esforça para abrir as outras caixas. “É um verdadeiro tesouro”, diz Celso Castro, da Fundação Getúlio Vargas do Rio. “O arquivo trata de toda a história do Brasil”, afirma.
De caixas abertas ao acaso já saíram preciosidades como o diário de um oficial de Canudos e um relato sobre a primeira greve operária do Brasil, em 1917. Mas, para catalogar todo o acervo, só se a fundação conseguir um patrocínio. Alguém se habilita?