Meninos e meninas de todo o mundo
Em 21 anos de viagens pelo planeta,Caio Vilela já fotografou de tudo - mas sempre sobrou espaço em seus rolos para retratar as crianças de todos os continentes.
O fotojornalista Caio Vilela não pára quieto desde 1994, ano em que fez sua primeira reportagem internacional. Desde então, trabalhando geralmente como freelance, ele já visitou nada menos que 46 países em todo tipo de missão – podia ser a cobertura da Copa do Mundo ou uma viagem de turismo. Em todas as viagens, vários fotogramas foram reservados para o povo local, em especial as crianças. “Fotografar adulto é difícil, o cara foge da câmera, não consegue uma expressão natural”, diz Caio. “Já a molecada faz pose, pula. Fica muito mais espontâneo.” Recentemente, o fotógrafo ganhou uma companhia constante em suas peregrinações: o filho Tomás, de 2 anos. O garoto já acompanhou o pai a 7 países.
A PROFESRA COREANA
Em Seul, Caio Vilela foi recebido pela pequena Im-Huh, então com 5 anos. Às vésperas da Copa do Mundo de 2002, a família da menina apresentou ao fotógrafo alguns dos costumes típicos do país. Foi Im-Huh que, vestida a caráter, lhe ensinou os fundamentos da caligrafia coreana e a preparação do kimchi, uma conserva de repolho fermentado indispensável em qualquer refeição tradicional.
A ADAGA É DE LEI
Ao entrar na adolescência, todo rapaz no Iêmen recebe de presente uma djambia, adaga ritual sem corte que não sairá mais de sua cintura – os mais jovens, como este grupo fotografado na capital Sana’a, a exibem com orgulho. Além de significar um passaporte para a vida adulta, a djambia é um indicativo do status social de seu dono: há modelos que custam o equivalente a poucos reais e outros que podem atingir alguns milhares de reais.
CHAPÉUS AFRICANOS
Protegidos do frio e do sol por seus gorros de pêlo de cabra, estes pastores – uma família de 9 irmãos e seus pais – moram nas montanhas de Wollo, no norte da Etiópia (África oriental). A maior parte dos habitantes professa o cristianismo ortodoxo: eles se julgam descendentes diretos da rainha de Sabá e do rei Salomão.
CACHORRO DE VENTO
O garotinho de camisa xadrez foi flagrado com seu cão inflável em um parque de Takayama, no Japão. A falta de espaço nas superpovoadas ilhas nipônicas fez surgir substitutos às mascotes de pêlo e osso – o que não parecia perturbar o menino, que tratava o brinquedo como se fosse um cachorro de verdade.
VINO PER TUTTI
Vinho é coisa séria na Itália: o trabalho nos parreirais envolve todo mundo, inclusive os mais jovens. O menino ao lado foi fotografado enquanto se divertia com a colheita nos vinhedos de seus pais, que Caio conheceu na estação ferroviária de Vernazza, na Riviera italiana.
MARCHA, LDADO
Mais de 20 anos de guerra tornaram o povo do Vietnã bastante familiarizado com a presença constante de militares. A cidade de Buon Ma Thuot, próxima à fronteira com o Camboja, concentra até hoje um número grande de soldados. O menino da foto posa com o uniforme do Exército que, para orgulho dos vietnamitas, escorraçou as tropas americanas de lá. O tanque do monumento é de verdade e foi usado na guerra contra os EUA.
O JOVEM MONGE
Os monastérios budistas são uma alternativa de ascensão social no Laos, no Sudeste Asiático. Os monges vivem de doações da população local e aceitam meninos oriundos de famílias pobres, que não teriam outros meios de conseguir educação. As crianças tornam-se monges e educam outros meninos pobres. O noviço da imagem tinha 11 anos em 1997, quando o fotógrafo Caio visitou o mosteiro de Louang Prabang, à margem do rio Mekong.
ESPORTE DAS ÍNDIAS
Nas aldeias caiapós de Tucuruí, no Pará, futebol também é coisa de menina. As garotas ao fundo jogam bola nos Jogos dos Povos Indígenas, olimpíada organizada pela Funai para reunir as várias etnias nativas do Brasil. A pequena em primeiro plano é jovem demais para jogar, mas não para assistir e torcer. E, para isso, cobre seu corpo com pintura de guerra, como é praxe nas arquibancadas da aldeia.
DIVERSÃO NA NEVE
Esquimós que moram em iglus hoje só existem em desenhos animados. Estes garotos inuit (como seu povo prefere ser chamado) vivem em um assentamento na ilha de Baffin, no Canadá, e desfrutam do mesmo conforto disponível para um habitante de Toronto ou Vancouver: aquecimento, TV por satélite, internet. No verão, quando o sol brilha ininterruptamente, essas crianças do Ártico podem brincar tanto às 3 horas da tarde quanto às 3 horas da manhã. O único horário fixo é o da escola.
HERANÇA INCA
Meninas pastoras (e seus animaizinhos) descansam sob o sol na cidade colonial de Cuzco, no Peru. Elas pertencem ao povo quéchua, descendente dos incas massacrados pelos invasores espanhóis. Assim como outras crianças de sua gente, elas vestem roupas típicas e vão para os arredores da catedral (ao fundo), onde passam o dia pedindo esmolas aos turistas estrangeiros que visitam a cidade.