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Mulheres que mudaram a história: Trota, a primeira ginecologista

Trota de Salerno, primeira ginecologista de que se tem notícia, escreveu tratados que orientaram os tratamentos médicos para mulheres ao longo de 400 anos

Por Tiago Cordeiro
Atualizado em 22 fev 2024, 10h06 - Publicado em 5 mar 2018, 15h22
(Maurício Planel/Mundo Estranho)

 

O que foi: Médica
Onde viveu: Itália
Quando nasceu e morreu: ?-1097

Para se manter saudável, toda mulher precisa praticar exercícios físicos regularmente. Massagens com óleos aromáticos ajudam a evitar o estresse. A alimentação deve ser balanceada.

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Os dentes vão permanecer brancos se a pessoa escová-los usando o líquido resultante da fervura da casca de noz em água. A combinação de mel, suco de beterraba e água de rosas ajuda a cuidar dos lábios e ainda funciona como batom de cor forte. E os cuidados com a higiene pessoal previnem problemas ginecológicos.

Essas são sugestões escritas em latim, no século 11. Sua autora, Trota, nasceu e viveu em Salerno, no sul da Itália. Era médica, especializada no público feminino. Escreveu e foi fonte primária de tratados que deram início à ginecologia. Suas lições foram publicadas para os médicos e médicas de toda a Europa, ao longo de pelo menos 400 anos.

 

MÉDICAS PIONEIRAS

Trota nasceu com o sobrenome Riggiero e se casou com Giovanni Plateario, médico e um dos líderes da Escola de Medicina da cidade de Salerno. Ela mesma seguiu carreira na medicina. O casal ainda teve dois filhos que também se revelaram médicos talentosos.

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Na época, pelo menos na Europa, só mulheres cuidavam da saúde demulheres. Pouquíssimas delas eram letradas, e menos ainda eram as que levavam adiante os estudos de medicina. Era mais comum que monjas aprendessem o básico na prática e atuassem especialmente como parteiras.

Mas Trota não era a única pesquisadora do assunto. Ela participou decoletâneas de artigos sobre a saúde da mulher. Suas colegas de escola demedicina na época foram autoras de textos influentes, distribuídos em todo o continente por séculos.

O tratado mais famoso da pesquisadora foi dedicado ao período da gravidez e do pós-parto. Chama-se De Passionibus Mulierum ante in et Post Partum (Algo como “Sobre a saúde das mulheres durante e depois do parto”) e recomenda até mesmo fazer suturas no períneo em caso de haver machucados decorrentes do nascimento da criança.

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As dicas de saúde mais gerais estão no livro De Curis Mulierum (“Do tratamento para mulheres”, em tradução livre). Ali ela ensina a fazer cosméticos em casa, a lidar com picada de cobra e a amenizar os desconfortos da tensão pré-menstrual.

ALÍVIO NO PARTO

As pesquisas de Trota eram focadas na prevenção de doenças e na atenção a situações críticas. O parto recebeu uma atenção especial. Apesar de a anestesia só ser aplicada para o nascimento de filhos no século 19, ela testou chás e medicamentos que amenizavam a dor. Ela foi mais longe e também realizou algumas poucas cesarianas, sempre em situações de grande risco para a mãe ou criança.

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Ela ainda defendeu que a infertilidade podia ser um problema masculino, e não exclusivamente da mulher. Era, de fato, uma médica muito à frente deseu tempo.

SEUS MAIORES ACERTOS

  • Difundiu a ginecologia
    Além de pioneira na medicina para mulheres, ela divulgou seus insights em textos que se espalharam até a França e a Inglaterra
  • Debateu anatomia
    Dúvidas sobre a higiene íntima e os desconfortos da menstruação não eram debatidas abertamente antes de Trota escrever sobre o tema
  • Reuniu pesquisadoras
    Figura de referência da Escola de Medicina de Salerno, ela colocou especialistas em contato e estimulou o intercâmbio entre elas

 

SEUS MAIORES FACASSOS

  • Repetiu preconceitos
    Ela não escapou de algumas noções comuns para a época, incluindo a de que o corpo feminino era mais sensível do que o masculino e mais facilmente exposto a doenças. Também seriam mais propensos a vícios com comida e bebida
  • Não deu crédito
    Salerno reunia literatura médica dos gregos, dos romanos e dos árabes. O resultado eram guias de fácil leitura e muito atualizados em relação às melhores técnicas da época. Mas nem sempre a médica italiana citou suas fontes. Muitos achados ficavam parecendo de sua autoria

 

Dica de livro
História Ilustrada da Medicina, de Carlos Vianna de Andrade (Editora Baraúna), explica a Escola de Salerno

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