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O caçador de sacanagens

Nenhum método contraceptivo ou material erótico era páreo para o mais temível censor da história dos EUA

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h25 - Publicado em 31 ago 2005, 22h00

André Larcher

Nascido em 1844, em uma fazenda na pequena cidade de Nova Canaã, em Connecticut, EUA, Anthony Comstock era um adolescente com 2 obsessões: a fé evangélica e a masturbação. É claro que uma não combinava com a outra. Como registrou em seu diário, a culpa fez com que, por mais de uma vez, pensasse no suicídio. E isso porque, nessa época, ainda não conhecia a pornografia. Seu primeiro contato com esse tipo de material só aconteceria ao servir na Guerra Civil Americana (1861-1865), quando viu soldados trocando cartões franceses de conteúdo obsceno. Foi um choque, que se tornou ainda pior quando viu prostitutas circulando nas ruas de Nova York.

Após a guerra, tornou-se comerciante e, depois, embrenhou-se na organização da Associação Cristã de Moços (ACM). A partir daí, Comstock lideraria uma cruzada antiobscenidade até o fim de sua vida e criaria um padrão de moralidade que até hoje serve de exemplo nos EUA. O jornalista Gay Talese, autor de A Mulher do Próximo, um relato da história da sexualidade americana, o descreveria como “o mais apavorante censor da história dos EUA”.

A partir da ACM, Comstock começou a fazer lobby junto aos congressistas americanos a fim de que apoiassem suas idéias. Uma delas era a de que métodos contraceptivos estimulavam libertinagem e espalhavam doenças venéreas. A outra era a limitação de qualquer material pornográfico. Seu esforço rendeu frutos em 1873, quando convenceu o Congresso a aprovar uma lei que bania dos correios do país o transporte de materiais “obscenos, lúbricos, lascivos ou sórdidos”. Foi então designado agente especial antiobscenidade dos correios.

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A Sociedade de Nova York para Repressão da Imoralidade, fundada por ele 2 meses depois, ganhou poderes policiais da assembléia estadual. Comstock ganhou uma arma e o direito de prender quem enviasse pelos correios materiais inadequados ou cometesse atos indecentes. A partir de então, passou a aterrorizar a população. Violava correspondências da forma que lhe aprouvesse. Armava ciladas, como a retratada no quadrinho acima, e enviava pedidos de material erótico, sob pseudônimo, para depois prender os comerciantes. Mandou centenas para a cadeia antes de morrer, em 1905.

 

Grandes momentos

• Além de políticos, Comstock contava com o apoio de cidadãos proeminentes da sociedade americana. Entre, eles o fabricante de sabão Samuel Colgate e o banqueiro J.P. Morgan. Este último guardava uma coleção particular de pornografia, segundo o jornalista Gay Talese.

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• O jornalista independente D.M. Bennet, um dos maiores opositores de Comstock, o comparou ao cruel inquisidor espanhol do século 15, Torquemada. Bennet foi preso 2 vezes por ele – em uma delas, por ter escrito um artigo sobre a reprodução de cangurus.

• Entre as obras que censurou está A Arte de Amar, do poeta romano Ovídio.

 

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