É um mito grego que narra a chegada da primeira mulher à Terra. E, com ela, todas as tragédias humanas. “Essa história chegou a nós por meio da obra Os Trabalhos e os Dias, do poeta grego Hesíodo, que viveu no século 8 a.C.”, afirma a historiadora Maria Luiza Corassin, da Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com a obra, o titã Prometeu, que criou os homens comuns a partir do barro, queria dar a eles o fogo. Zeus, seu chefe, não deixou – afirmou que o fogo pertencia aos deuses, e não deveria sair do Monte Olimpo, a morada sagrada. Prometeu não quis nem saber: entregou o fogo para nós, meros mortais, e fingiu que nada tinha acontecido.
Zeus não gostou nada dessa história. Primeiro castigou Prometeu: amarrou-o em uma pedra, e todo dia uma águia vinha comer seu fígado, por toda a eternidade. Depois castigou os homens, que não deveriam ter aceito o presente roubado. Para isso criou Pandora, a primeira mulher.
Antes de enviá-la à Terra, entregou-lhe uma caixa, recomendando que ela jamais fosse aberta. Dentro dela, os deuses haviam colocado um arsenal de desgraças para o homem: a discórdia, a guerra, a inveja, a dor e todas as doenças do corpo e da mente. Lá embaixo, no fundo do pacote, ia um dom oculto: a esperança.
Vencida pela curiosidade, Pandora acabou abrindo a caixa, liberando todos os males no mundo – mas a fechou antes que a esperança pudesse sair. E só ela restou para nós. “Essa metáfora foi a maneira encontrada pelos gregos para representar, num enredo de fácil compreensão, conceitos antes relacionados à natureza feminina, como a beleza, a sensualidade e o poder de dissimulação”, diz Fernando Segolin, professor de Literatura da Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo.