Onde está exatamente o quê
O satélite Hiparcos há 8 anos calcula a distância de estrelas e galáxias. E altera algumas medidas tradicionais.
Thereza Venturoli
No século II a.C., tudo que o homem tinha para observar o céu eram os próprios olhos. Foi assim que o matemático, filósofo e astrônomo grego Hiparcos fez o primeiro mapa exaustivo das estrelas, assinalando a posição de 1 080 pontos brilhantes no céu. Hoje, essa tarefa foi entregue a outro Hiparcos – um satélite, assim batizado em homenagem ao seu xará da Antiguidade. Lançado em 1989 pelo foguete europeu Ariane, o Hiparcos new age subiu com uma missão ambiciosa: durante vinte anos, ele deveria determinar a posição exata de mais de 1 milhão de estrelas. Uma falha no motor que ajustaria sua órbita em torno da Terra atrapalhou os planos e o satélite só pôde trabalhar até 1993. Mesmo assim, as análises divulgadas nos últimos meses mostram que a proeza foi realizada em parte. O Hiparcos localizou pelo menos os seus principais alvos, com a precisão inigualada de 1 miliarco de segundo. Para dar uma idéia, note que a Lua vista da Terra ocupa uma área no céu quase 2 milhões de vezes maior que isso. Algumas das medições apenas confirmaram distâncias bem conhecidas, mas outras, como a da nossa vizinha, a Galáxia de Andrômeda, mudaram consideravelmente. Veja abaixo o que pode mudar nos atlas astronômicos depois do trabalho de cartografia espacial rea-lizado pelo Hiparcos.
Um pouco mais pra lá, um tantinho pra cá
Veja as distâncias que podem mudar nos atlas astronômicos.
O Hiparcos mudou a distância da Galáxia de Andrômeda: de 2,3 milhões de anos-luz para 2,9 milhões. *
As estrelas que constituem a Constelação das Plêiades estão a 380 anos-luz da Terra, 28 anos-luz mais perto.
O Hiparcos conferiu a distância de estrelas e galáxias.
A Grande Nuvem de Magalhães também está mais longe da Terra: saltou de 166 000 para 180 000 anos-luz.