Os antigos espíritos das águas geladas
Aborígenes cultuam até hoje deuses das cheias do fim da era glacial.
Arqueólogos ingleses e australianos dizem ter descoberto o significado da Serpente do Arco-íris, que aparece desenhada em pinturas rupestres em todas as regiões australianas, de 6 000 anos para cá. Não se trata da figura estilizada de crocodilo, cobra ou canguru, mas, sim, de um tipo de peixe-cachimbo, da família do cavalo-marinho, comum nos mares tropicais. O curioso é que a imagem sobreviveu aos tempos e é cultuada até hoje pelos aborígenes da Austrália. É um símbolo da união, criação e destruição. Segundo os pesquisadores liderados por Paul Taçon, do Museu Australiano, em Sidney, a religião surgiu no norte da Austrália, num local chamado Terra de Arnhem, onde o número de murais é maior. No interior, o animal só pode ter sido conhecido quando o mar cobriu um quinto do país devido ao degelo da última era glacial (que na Austrália ocorreu há 6 000 anos).