A arqueóloga Niède Guidon anunciou uma descoberta explosiva – a dos restos humanos mais antigos das Américas. Trata-se de um pedaço de crânio e três dentes fossilizados, desenterrados em 1986 no Piauí. Os dentes só agora foram datados: têm 15 000 anos. Ou seja, 3 500 anos a mais que o crânio da brasileira Luzia, que é hoje o campeão de antiguidade do continente. Com o achado, a controversa Niède confronta, mais uma vez, a visão convencional de que o homem chegou à América há apenas 12 500 anos. Niède acha que o Homo sapiens migrou da Ásia para cá muito antes dessa data. Ela já divulgou seu feito na imprensa e diz que publicará os resultados em um artigo especializado dentro de um ou dois meses. “Estou preparada para a polêmica que o artigo com certeza provocará“, desafia.
Reescrevendo a pré-história
Brasileira acumula achados que contestam teoria consagrad
1950
Firma-se a teoria de que o homem passou da Ásia para as Américas há cerca de 12 500 anos, defendida por grande número de pesquisadores nos Estados Unidos.
1981
Niède Guidon encontra ferramentas de pedra lascada que teriam 25 000 anos. O achado, anunciado cinco anos depois, provoca polêmica e não é aceito por toda a comunidade científica.
1988
A arqueóloga data restos de carvão de 48 000 anos e anuncia ter encontrado uma fogueira pré-histórica. Mas alguns cientistas afirmam que o carvão pode ter sido produzido por incêndio natural.
2000
Niède recebe a datação de três dentes humanos desenterrados em 1986. Se ficar confirmada a data de 15 000 anos, eles podem ser os restos humanos mais antigos das Américas.