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Os maiores pilantras da história

Seja pelo estrago, seja pelo descaramento, estes são os oito mais incríveis vigaristas que já grassaram pelo mundo

Por Fabio Marton
Atualizado em 24 ago 2018, 16h03 - Publicado em 30 jan 2017, 16h40

Charles Ponzi

Dossiê | Os maiores pilantras da história
(Reprodução/Divulgação)

“Dobre o seu dinheiro em 90 dias.” Essa foi a promessa que Charles Ponzi fez primeiro a seus amigos em 1920. E cumpriu, pelo menos de começo. Logo, as pessoas começaram a fazer fila para depositar suas economias com o aparente gênio das finanças. Em fevereiro daquele ano, ele tinha US$ 5 mil. Em maio, US$ 420 mil – o que dá US$ 5 milhões em dinheiro de hoje. Pessoas começaram a hipotecar suas casas para investir com ele.

O milagre, segundo Ponzi, era comprar cupons de reembolso postal na Itália e resgatar seu valor nos EUA – por questões de câmbio, com o dólar valendo mais que a lira, isso geraria lucro de 400%. Em 26 de junho, o jornalista Clarence Barron estimou que seriam necessários 160 milhões de cupons postais para manter o esquema vivo. Existiam apenas 27 mil em circulação.

Qual era o segredo de Ponzi então? Ele usava o investimento de quem entrava para pagar quem saía. Como os lucros eram altos, a maioria nem sacava seus investimentos. Em 11 de agosto, após as revelações da imprensa, tudo veio abaixo. US$ 20 milhões (US$ 240 milhões em dinheiro de hoje) foram perdidos.

Ponzi curtiu uma temporada em Alcatraz e veio dar em praias brasileiras. Morreria pobre, no Rio de Janeiro, em 1949.

Frank Abagnale

Dossiê | Os maiores pilantras da história
(Reprodução/Divulgação)

Este quase dispensa apresentações. Nenhum outro picareta nesta lista foi interpretado no cinema por Leonardo DiCaprio – em Prenda-me se For Capaz, de 2001. E nenhum era tão jovem: Frank tinha 16 anos quando começou a se passar por um piloto de avião da PanAm.

Ele nunca pegou num manche, assim como não atenderia ninguém como chefe da equipe médica num hospital pediátrico, nem faria qualquer coisa além de pegar cafezinho quando fingiu ser advogado. Era pura lábia, e fez tudo antes dos 21 anos, até ser preso. Após cinco anos de cadeia, tornou-se consultor de segurança.

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Victor Lustig

Dossiê | Os maiores pilantras da história
(Reprodução/Divulgação)

O elegante cavalheiro austríaco começou pela “caixa de dinheiro”. Uma pequena máquina que, aparentemente, imprimia notas perfeitas de US$ 100. Ele vendia a máquina por milhares de dólares e ela só “imprimia” duas notas. Que estavam lá desde sempre.

Em 1925, ele vendeu a Torre Eiffel. Assumindo a identidade de “diretor geral do Ministério de Correios e Telégrafos”, convidou seis empresários do ramo da sucata para uma reunião. Lá ele os informou que o governo francês não tinha verba para manter a Torre Eiffel, e a estava vendendo por sucata. Conseguiu que um dos empresários desse a ele uma mala de dinheiro.

Lustig ainda tapearia ninguém menos que Al Capone. Ele convenceu o mafioso a investir US$ 50 mil num esquema de ações. Devolveu tudo três meses depois, dizendo que, infelizmente, o negócio tinha falhado. Como recompensa por sua “honestidade”, Al Capone o premiou com US$ 5 mil – e isso era tudo o que o picareta queria.

Princesa Caraboo

Dossiê | Os maiores pilantras da história
(Reprodução/Divulgação)

Era 3 de abril de 1817 quando um sapateiro topou com uma moça perdida pelas ruas da vila de Almondsbury, Inglaterra. Suas palavras eram incompreensíveis e ela vestia largas roupas orientais, incluindo um turbante. Levada para a casa do magistrado local, ela mostrou-se interessada em imagens chinesas e referiu-se a si própria como Caraboo.

Sem ter onde viver, acabou posta na cadeia – onde um marinheiro português conseguiu se comunicar com ela. Caraboo era da ilha de Javasu no Oceano Índico, e tinha sido capturada por piratas, até saltar no Canal de Bristol. Solta, ela se tornou uma celebridade local, escrevendo textos em seu alfabeto, praticando arco e esgrima e até tomando banho pelada no rio local – tudo isso inconcebível para uma dama britânica da época. Também rezava para o deus “Allah-Tallah”. Sua autenticidade foi “comprovada” por um acadêmico local.

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A farsa durou até junho, quando foi identificada por uma ex-patroa. Era Mary Willcocks, britânica da gema, que havia sido demitida de um orfanato.

Wilhelm Voigt

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(Reprodução/Divulgação)

“Parem e me sigam!” O venerável oficial prussiano, já passado dos 50, exigia respeito. Sem contestar, os quatro granadeiros e um sargento o seguiram. Passando pelo campo de treino de tiro, ele pegou mais seis. Seu destino era o trem para Köpenick, atual bairro de Berlim que então, em 1906, era uma cidade independente. Ao desembarcar, o grupo recebeu ordens para cercar a prefeitura, cortar comunicações e prender o prefeito. O oficial então confiscou 4 mil marcos dos cofres, deixando um recibo. E escafedeu-se, largando seus subalternos na guarda.

Acontece que ele não era oficial. Esse foi o golpe final de Wilhelm Voigt, um pé de chinelo de 55 anos, vindo de várias passagens pela prisão. Ele seria pego, mas a história era tão insólita que o público se comoveu com ele. Era uma lição a respeito dos excessos da hierarquia militar alemã. Assim, o “capitão” ganhou o perdão do Kaiser Guilherme 2o e morreu livre. Hoje é honrado com placa e estátua em Berlim.

Frédéric Bourdin

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(Reprodução/Divulgação)

Existe algo de patético nos golpes do camaleão francês, que afirma ter assumido 500 identidades entre 1990 e 2007. Filho de mãe solteira e não se dando bem com o padrasto, ele decidiu se passar pelo americano Nicholas Barclay em 1997. O jovem de San Antonio, Texas, havia desaparecido três anos antes. Deveria estar com 16 e tinha olhos azuis. Bourdin tinha 23, olhos castanhos e falava com sotaque francês pesadíssimo.

Incrivelmente, foi acolhido pela família Barclay e passou cinco meses com eles, até ser descoberto por um detetive particular. Bourdin continuaria a se passar por adolescente. Seu último golpe foi em 2005, quando se fez passar por “Francisco Hernandes-Fernandez”, órfão espanhol de 15 anos. Então ele tinha 31 e estava ficando calvo. Disfarçou-se tentando copiar o jeito de andar dos jovens, depilando a barba e usando um boné. A farsa durou um mês.

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Ferdinand Demara

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(Reprodução/Divulgação)

Em suas duas décadas de carreira, ele se passou por monge católico, engenheiro, xerife, enfermeiro, advogado, cientista, professor e médico. Mas não são os números que fazem a sua fama, e sim as ações: Ferdinand Demara levava suas farsas às últimas consequências. Em seu período como “monge”, fundou uma universidade religiosa – que existe até hoje.

O ato máximo de Demara veio durante a Guerra da Coreia. Ele embarcou num destróier da Marinha canadense dizendo ser o Dr. Joseph C. Cyr. A guerra era real, e ele teve que lidar com pacientes reais. Usando uma quantidade copiosa de penicilina, acabou com uma infecção que se alastrava pelo navio. Um dia, 16 feridos de guerra foram trazidos ao convés, necessitando cirurgia urgente. Demara se enfurnou em sua sala com volumes de medicina. Quando apareceu de volta, operou todos os pacientes – fazendo inclusive cirurgia cardíaca com cavidade torácica aberta. Acredite se quiser, ninguém morreu.

Demara publicou suas peripécias na revista Life. Ficou famoso, o que restringiu severamente suas opções de farsa. Então virou um pastor batista – de verdade. Cursou teologia e passou a trabalhar em hospitais e obras de caridade, como capelão. Seria ele a dar a extrema-unção ao ator Steve McQueen, seu amigo, em 1980.

Gregor MacGregor

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(Reprodução/Divulgação)

Ele nunca precisou assumir um nome falso. Por que faria? Era membro do clã MacGregor, uma das mais notáveis famílias da nobreza escocesa. Ao chegar a Londres, em 1821, era um herói de três países, lutando por Portugal e Reino Unido nas guerras napoleônicas, e depois ao lado de Símon Bolívar na independência de metade da América do Sul. Tudo verdade.

Mesmo assim, ele foi um grande picareta. MacGregor falou que, em suas aventuras, fora feito “cacique” da nação de Poyais, um país na América Central que tinha exército, poder executivo, legislativo e judiciário, e só estava esperando por investidores e imigrantes.

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Era a terra da oportunidade e MacGregor recebeu uma dinheirama, emitindo “títulos governamentais” como promessa de pagamento. Os colonizadores chegaram em 1822, procurando pela capital “St. Joseph”. Não acharam uma cabana de pé. Tudo o que havia lá era a floresta tropical de Honduras. Metade morreria de desnutrição e malária.

MacGregor nunca seria preso. Usando de sua reputação, enrolou os juízes. Voltou para a Venezuela, onde ganhou o título de general e foi enterrado com honras de herói da nação.

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