Por que dizemos
Faria mais sentido, portanto, dizer ou ¿óleo de oliva¿ ou ¿azeite de azeitona¿ ¿ mas a segunda versão seria horrivelmente redundante, já que o original árabe az-zayt, por si só, já significa ¿sumo de azeitona¿
Ludmila Amaral
Aí está mais uma herança cultural dos quase oito séculos em que a península Ibérica, hoje ocupada por Portugal e Espanha, permaneceu, durante a Idade Média, sob o domínio dos mouros – povo muçulmano vindo do Norte da África. As palavras “azeite” e “azeitona” têm origem árabe, enquanto “óleo” e “oliva” vêm do latim. Faria mais sentido, portanto, dizer ou “óleo de oliva” ou “azeite de azeitona” – mas a segunda versão seria horrivelmente redundante, já que o original árabe az-zayt, por si só, já significa “sumo de azeitona”. O óleo, em si, é o mesmo, claro. Foi o uso popular, ao longo dos séculos, que acabou consagrando essa mistura de árabe com o dialeto latino que deu origem ao português e ao espanhol. “As variantes de uma língua são determinadas pelos hábitos e costumes. Por isso, é impossível determinar uma razão específica para casos como esse”, afirma o etimologista Deonísio da Silva, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no estado de São Paulo.