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Quem quer acabar com os Kennedy?

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h19 - Publicado em 30 set 2004, 22h00

Alexandre Petillo

O assassinato do presidente John Kennedy, em 1963, gerou a maior e mais intrincada rede de conspirações da história recente. Várias testemunhas-chave desapareceram misteriosamente. Se você tem alguma informação valiosa sobre o caso, é melhor se esconder

No dia 22 de novembro de 1963, em Dallas, no Estado do Texas, o presidente John Kennedy foi morto com um tiro na cabeça enquanto desfilava em carro aberto ao lado de sua mulher, Jacqueline Kennedy. Menos de uma hora depois, Lee Harvey Oswald foi preso com a arma do crime e confessou o atentado. Tudo parece muito simples, mas não é. O assassinato de Kennedy é o que se pode chamar de conspiração-mãe: envolve artimanhas conjuntas e isoladas da CIA, do FBI, da KGB, da Máfia e até de Fidel Castro.

A célebre imagem do presidente Kennedy sendo alvejado no carro dá o que pensar. O cineasta amador que registrou as cenas atende pelo nome de Abraham Zapruder. Ele filmava o desfile quando flagrou, quadro a quadro, o momento exato do assassinato. O mais surpreendente é que Zapruder não largou a câmera por nenhum momento, mesmo com o tiroteio comendo solto. As imagens mostram a primeira bala acertando a cabeça de Kennedy, que foi jogado violentamente para trás, como se tivesse sido acertado de frente. Aí é que está: Oswald, o assassino oficial, estava num depósito atrás da limusine de Kennedy. O filme atestaria, portanto, a existência de pelo menos dois atiradores.

Para investigar o caso, foi formada a Comissão Warren. Os fatos que se seguiram são recheados de estranhas coincidências e uma sucessão incrível de assassinatos e desaparecimentos, tudo numa sincronia de arrepiar.

Um dos investigadores do caso, Buddy Walther, disse ter encontrado um cartucho de calibre 45 perto do local onde Kennedy foi atingido. Walther teria entregado a cápsula a um agente do FBI, mas o material desapareceu e o agente nunca relatou sua existência. Indignado, Walther meteu a boca no trombone. Morreu ao ser atingido por uma bala perdida durante uma blitz de rotina.

EM SÉRIE

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Quem também se deu mal foi Lee Bowers Jr., que assistira ao trágico desfile presidencial em Dallas. Ele afirmou ter visto dois homens armados escondidos atrás de uma cerca. Logo após o tiro fatal em Kennedy, os suspeitos fugiram. Ninguém deu bola para Bowers, que continuou martelando a história na imprensa. Três anos depois, ele morreu num estranho acidente automobilístico, batendo seu carro em uma ponte.

E tem mais: o deputado Hale Boggs, um dos membros da Comissão Warren, discordou publicamente da tese de que Oswald agira sozinho. Em seguida, Boggs declarou que estava sendo pressionado pelo FBI a mudar de idéia. Durante uma viagem, seu avião desapareceu misteriosamente no Alasca. Ele nunca mais foi encontrado.

Apesar da nacionalidade russa, George Dewohreischildt era anticomunista e colaborador da CIA. Também era amigo muito próximo de Oswald. Declarou que seu chapa era inocente e que havia uma grande conspiração tentando encobrir a verdade. No entanto, antes que tivesse a oportunidade de depor, Dewohreischildt foi encontrado morto com um tiro de espingarda na cabeça. Aparentemente, foi suicídio.

Depois disso, um agente da CIA resolveu falar. Gary Underhill disse que alguns de seus colegas estavam envolvidos na morte de Kennedy. Batata. O destro Underhill foi encontrado morto com uma bala na cabeça e uma automática… na mão esquerda.

Surpreendentes também são os fatos envolvendo o assassino oficial, Lee Oswald. Poucos dias antes do crime, Oswald, um ex-comunista, ex-anticastrista e ex-informante do FBI, teria ido a uma reunião de simpatizantes de Fidel Castro em Miami. Empolgado, teria pedido a palavra e dito: “Ninguém tem colhões. Eu vou matar o presidente”. Mas o FBI afirma que nesse mesmo dia Oswald estava no México tentando obter um visto para Cuba. Ele foi visto também num estande de tiros, em Dallas, na véspera do atentado. Ali, ele repetira a quem quisesse ouvir que iria matar Kennedy.

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Dois dias após cumprir sua promessa, Oswald foi morto na garagem da delegacia de polícia, diante de câmeras de TV, quando estava sendo transferido para a prisão de Dallas. Seu assassino, Jack Ruby, dono de uma boate de striptease, disse que queria vingar Kennedy. Vingou, mas morreu de câncer no pulmão ainda na cadeia, em 1967.

Nesse amontoado de desencontros, suicídios e histórias mal contadas, o promotor Jim Garrison transformou o caso numa cruzada pessoal. Mas não contou com a sorte. Uma de suas primeiras testemunhas foi Marylin Moon, uma stripper do clube de Ruby. Ela anunciou em 1966 que estava escrevendo um livro contando a verdade sobre a morte de Kennedy. Porém, morreu baleada no seu próprio apartamento.

Outro nome importante para Garrison era o do militar David Ferrie, que, patrocinado pela CIA, organizara campos de treinamento para os cubanos exilados que queriam derrubar Fidel Castro, na famosa operação Baía dos Porcos. Ferrie era muito próximo a Ruby e tinha servido na força aérea ao lado de Oswald. Ele era uma peça-chave para Garrison. Era. Foi encontrado morto, com hemorragia cerebral. Na seqüência, Aladio Del Valle, um anticastrista treinado por Ferrie, foi assassinado em Miami. Clyde Johnson, que dizia conhecer a ligação entre Ruby-Oswald-CIA-anticastristas, foi baleado e morto, frustrando as investigações de Garrison. Mais tarde, Garrison lançou vários livros sobre o assunto, acusando a participação da CIA, da KGB, da Máfia e dos anticastristas na morte de Kennedy. E, por incrível que pareça, nada lhe aconteceu.

À DISTÂNCIA

Outra teoria bem popular entre os conspirólogos reza que Oswald fazia parte de uma linhagem de assassinos mentalmente controlados. Um programa (verídico) chamado MK Ultra, produzido pela CIA em 1953, pretendia criar um exército de assassinos por controle remoto, utilizando o LSD e técnicas de hipnose. Vários criminosos famosos apresentaram indícios de controle mental à distância. É o caso de Lee Oswald, de Mark Chapman (que matou John Lennon), James Earl Ray (assassino de Martin Luther King) e Sirhan Bishara Sirhan (que matou Robert Kennedy).

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Robert Kennedy, irmão mais novo de John, era senador em 1968 e o favorito para ocupar o cargo de presidente. Durante a campanha, Bob prometeu reabrir as investigações sobre a morte de seu irmão. No dia 5 de julho daquele ano, Bob estava hospedado no hotel Ambassador, em Los Angeles. Ao se dirigir para o salão de conferências, um imigrante palestino chamado Sirhan Bishara Sirhan parou na sua frente, apontou o revólver e soltou três balaços. Na necropsia, descobriram que Bob tinha uma esquisita perfuração na nuca, como se tivesse sido baleado de perto. Daí a teoria de que Sirhan foi programado apenas para distrair a atenção de Bob enquanto o verdadeiro assassino agia. Ao contrário da maioria dos personagens citados nesta reportagem, Sirhan está vivo até hoje, cumprindo prisão perpétua num presídio na Califórnia.

Ricos, famosos e amaldiçoados

Ano após ano, tragédias perseguem uma das famílias mais poderosas dos Estados Unidos. Uma história sem fim?
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A maldição sempre é evocada quando o assunto é a família Kennedy. O patriarca Joseph P. Kennedy tinha uma obsessão: levar seu filho Joseph P. Kennedy Jr. à presidência dos Estados Unidos. Joseph Jr., no entanto, morreu num acidente aéreo em 1944, aos 29 anos. Quatro anos depois, nova tragédia: Kathleen, a segunda filha, também morreu num acidente aéreo, aos 28 anos.

John F. Kennedy realizou o sonho do pai e levou o sobrenome da família à Casa Branca, mas foi assassinado em 1963. Patrick Bouvier, filho de John e Jacqueline Kennedy, morreu em 1964. Robert Kennedy, terceiro filho de Joseph, foi assassinado em 1968. O caçula da família, Edward (Ted) Kennedy, bateu o carro depois de uma festa e foi parar na água. Sua namorada, Mary Jo, faleceu dentro do carro submerso e afundou a carreira política de Ted.

E teve mais: em 1984, David, filho de Robert Kennedy, morreu vítima de uma overdose de drogas. William, sobrinho de Ted, foi acusado de estupro em 1991. Michael, outro filho de Robert, não resistiu a um acidente de esqui em 1997. A última vítima foi John-John, filho caçula de JFK. Ele e sua mulher, Carolyn, morreram num acidente aéreo no litoral de Massachusetts, em julho de 1999.

Estranhas coincidências

Os muitos pontos em comum entre Abraham Lincoln e John Kennedy
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• Os dois presidentes mais populares dos EUA morreram assassinados.

• Lincoln foi eleito em 1860. Kennedy foi eleito em 1960.

• Lincoln foi morto quando assistia a uma peça no Teatro Ford. Kennedy foi morto enquanto andava num Lincoln conversível fabricado pela Ford.

• Ambos foram mortos numa sexta-feira.

• John Wilkes Booth, acusado de matar Lincoln, nasceu em 1839. Lee Oswald, acusado de matar Kennedy, nasceu em 1939.

• Ambos os acusados dos crimes foram mortos antes de serem julgados.

• O sucessor de Lincoln, que se chamava Andrew Johnson, nasceu em 1808. O substituto de Kennedy, Lyndon Johnson, nasceu em 1908.

Oliver Stone sabe das coisas

Em seu filme sobre JFK, o cineasta revelou toda a trama por trás da morte do presidente. Por que ninguém deu bola para ele?

O principal filme sobre a morte de John Fitzgerald Kennedy é JFK – A Pergunta Que Não Quer Calar, lançado em 1991, sob direção de Oliver Stone. No filme, Stone revela a megaconspiração arquitetada por Fidel Castro, Richard Nixon, Maçonaria, Illuminati, CIA, KGB e muita gente mais. O estranho é que ninguém se pronunciou sobre o filme, que foi um sucesso de público na época.

Isso parece colocar Stone no hall de sujeitos suspeitos no mundo das conspirações. O cineasta denunciou o intervencionismo americano em Salvador – O Martírio de Um Povo (1986), o Vietnã em Platoon (1986), a ganância capitalista em Wall Street (1987) e, agora em 2004, lança um documentário sobre Fidel Castro, chamado Looking for Fidel, em que mostra o caso dos três cubanos executados enquanto tentavam fugir de Cuba.

Stone tem tanta moral que, em seu filme, consegue juntar numa mesa-redonda Fidel Castro, seqüestradores, promotores e advogados de defesa. É pouco? Ele convence Fidel a se submeter a um exame médico para desmentir rumores sobre sua saúde.

Stone é bem mais poderoso do que imaginamos….

Eu acredito!

“A verdade é que os americanos são fanáticos por teorias conspiratórias. No filme Teoria da Conspiração, Mel Gibson interpreta um cara completamente obcecado, desconfiando até do português da padaria. Não seria exagero dizer que, hoje em dia, esse é o verdadeiro American Way of Life.”

Peu K é músico e canta na banda Vodka Frog

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