Denis Russo Burgierman
Imagine um jornal no qual é possível encontrar o novo poema de Drummond ao lado de um ensaio inédito de Antônio Cândido. Onde, de repente, entre um artigo e outro, dá-se de cara com uma poesia de T.S. Elliot recém-traduzida por Vinícius de Morais e a toda hora encontra-se um conto fresquinho de Dalton Trevisan. Um jornal freqüentado por figurinhas carimbadas do modernismo canarinho, como Di Cavalcanti, Mario e Oswald de Andrade. Não é delírio de literatos saudosistas, esse jornal existe e pode ser comprado nas livrarias. Trata-se do Joaquim, uma espécie de fanzine literário que Dalton Trevisan fez circular em Curitiba entre 1946 e 1948. Agora, a Imprensa Oficial do Paraná teve a brilhante idéia de reeditar os 21 números dessa publicação maravilhosa. Não faltam nem os saborosos anúncios de época (do tipo “já se encontra à venda o puríssimo Azeite de Amendoim Fanadol – para mesa e cozinha”) ou as polêmicas há muito encerradas (como Oswald de Andrade descendo a lenha em Nelson Rodrigues). Joaquim, além de ser uma leitura deliciosa, é um documento histórico que você precisa ter na prateleira.
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