Tecnologia – A pílula que salva
Separar lixo, economizar água, deixar o carro em casa. Tudo isso ajuda. Mas o que vai salvar mesmo o planeta do aquecimento tem nome: tecnologia.
Texto Pedro Burgos
Quem nunca ouviu falar em aquecimento global provavelmente não mora nesta galáxia. O tema vem rendendo os mais acalorados debates do momento (literalmente). Ok, o mundo está mais quente, isso é incontestável. Apesar de você não agüentar mais ouvir falar que em pouco tempo sua vida ficará cada dia mais infernal, diga a verdade: você diminuiu o tempo do seu banho por causa do consumo de eletricidade? Trocou o carro pela bicicleta para reduzir a poluição? Parou de comprar produtos de empresas vinculadas ao desmatamento? Doou dinheiro a alguma sociedade de proteção à natureza e aos animais? Parou de comer carne?
É bem possível que você não tenha adotado nenhuma dessas medidas na vida prática. E ainda assim deseje com ardor que a Terra tenha salvação. Se o mundo está entrando em colapso, como afirmam vários dos cientistas mais alarmistas, então por que você não faz a sua parte? E será que, mesmo se não mudarmos os hábitos dramaticamente, o planeta tem salvação? Sim, até tem. É o que você vai descobrir a partir de agora.
A solução
A tese vem de Ted Nordhaus e Michael Schellenberger, chamados pós-ambientalistas americanos. Os dois sacudiram o mundo dos ecologistas em outubro passado com o livro Break Through: From the Death of Environmentalism to the Politics of Possibility (“Break Through: Da Morte do Ambientalismo para a Política da Possibilidade”, sem edição em português). Em outras palavras, não é que você vai deixar de andar de carro. É que daqui a alguns anos ele vai ou rodar com álcool produzido a partir de uma planta qualquer (de maneira mais eficiente que a cana-de-açúcar) ou a eletricidade. E essa eletricidade não virá das poluentes usinas de carvão e petróleo, que são responsáveis por 25% das emissões de CO2 do mundo, mas, sim, de usinas que captam a energia solar, eólica ou de hidrogênio.
A nova receita para salvar o mundo, dizem Nordhaus e Schellenberger, é investir com vontade em novas tecnologias. Algumas foram inventadas, mas precisam de ajustes para ser economicamente atraentes. Já outros desafios para diminuir o impacto negativo do homem no ambiente demandam pequenas revoluções tecnológicas. De uma forma ou de outra, é preciso muito dinheiro para obter grandes avanços no curto espaço de tempo que temos. Nordhaus e Schellenberger acham que os EUA, como maiores poluidores histórico, devem dar o exemplo e até orçam o investimento: US$ 300 bilhões em apoio a pesquisas, nos próximos 10 anos. Seria o equivalente em valores a um novo projeto Apollo, iniciativa americana que colocou o homem na Lua em apenas 8 anos e teve como subprodutos tecnologias que usamos até hoje. Os outros países deveriam fazer o mesmo. Não que o investimento privado em pesquisa deva ser descartado. Várias empresas estão fazendo sua parte, especialmente agora que a mudança para um comportamento sustentável não só é bom para publicidade mas pode reduzir custos. Uma gigante do ramo de higiene pessoal mudou o formato das embalagens de um xampu, economizando o equivalente a 15 milhões de recipientes por ano; várias empresas de coleta de lixo do mundo estão não só reciclando como também transformando os dejetos orgânicos em combustível por meio de miniusinas; shoppings estão trocando seus vasos sanitários por novos modelos que consomem 6 litros de água por descarga (cerca de 5 vezes menos que os modelos domésticos).
Esses avanços tecnológicos pontuais são louváveis, mas para o rumo do planeta mudar é preciso fazer investimentos mais ambiciosos. Mesmo que o governo não se mexa e despeje os bilhões de dólares em pesquisas como querem os pós-ambientalistas, já há centenas de pessoas trabalhando nisso. Empresários do setor de tecnologia, como os donos do Google, Sergey Brin e Larry Page, além de Bill Gates e Paul Allen, já estão investindo um bom dinheiro em projetos como a produção de etanol, por exemplo. Vontade de ajudar? Não exatamente. É só perceber que as grandes cifras estão sendo colocadas em pesquisas do setor energético – responsável por 34% das emissões de gases do efeito estufa (veja quadro ao lado): “As oportunidades econômicas nas tecnologias limpas e a ‘energia verde’ prosperarão e gerarão dinheiro de uma maneira que fará com que o boom do Vale do Silício dos anos 90 pareça brincadeira de criança”, afirma Ira Flatow, autor do livro Present at the Future (“Presente no Futuro”, sem edição em português).
Energia: o desafio das novas tecnologias
Como é a parte da economia que mais causa impacto ambiental e ao mesmo tempo gera dinheiro, não é de estranhar que os grandes avanços tecnológicos verdes comecem a sair da geração de energia.
Em primeiro lugar, vamos aos combustíveis. Com a esperada míngua das reservas de petróleo, parece que o álcool combustível (etanol) veio para ficar. Um motor a álcool chega a emitir menos da metade (56%) de poluentes na atmosfera em comparação com um a gasolina. O Brasil, onde 98% dos carros fabricados hoje são flex (que aceitam álcool ou gasolina), é visto lá fora como exemplo de modelo sustentável. Por outro lado, vários analistas concordam que, se o etanol é um dos combustíveis do futuro, dificilmente a cana-de-açúcar, usada no Brasil, será a fonte definitiva para sua obtenção – são necessárias largas áreas para o cultivo, além de muita energia para a transformação da planta em álcool. Pior ainda é a situação do milho, bastante utilizado para obtenção de etanol nos EUA, que, de acordo com algumas pesquisas, consome mais energia para ser produzido do que é capaz de gerar. Além disso, o milho também é utilizado como comida, e seu emprego como combustível fez o preço de alguns produtos alimentícios dobrar no último ano no mercado americano, atual maior produtor e consumidor do cereal.
A solução, então, poderia estar na obtenção de álcool a partir da quebra da molécula de celulose, presente em todas as plantas. Enzimas ou bactérias geneticamente modificadas podem dar conta de processar a celulose e transformar o açúcar obtido em energia, com uma eficiência 84% maior que o álcool de cana. Lee Lynd, professor da Universidade de Dartmouth e um dos pioneiros nesse tipo de pesquisa, disse à revista Wired que “em 5 anos todas as questões que dificultam a conversão de biomassa de celulose em etanol serão resolvidas”, desde que o dinheiro seja investido em pesquisas. Em vez da cana-de-açúcar ou do milho, a matéria-prima seria a switchgrass, uma gramínea muito comum nos EUA que pode ser plantada até em terrenos rochosos, e em praticamente qualquer clima. De olho no futuro, a British Petroleum (BP), uma das bilionárias empresas européias exploradoras de petróleo, doou US$ 500 milhões a um programa de pesquisa sobre álcool vindo de celulose.
A força do vento e do sol
Há pelo menos 20 anos a energia solar é chamada de energia do futuro. O problema é que no processo utilizado até agora – em que células semicondutoras de silício absorvem parte da luz solar – há pouco aproveitamento de energia de fato, e ela funciona melhor quando usada imediatamente (como em uma calculadora movida a luz solar, por exemplo). Por enquanto, a energia solar se mostrou inviável para produção em larga escala. As células são espessas, caras e ocupam muito espaço – além de só gerar eletricidade durante o dia.
Cientistas da Universidade do Novo México (EUA) estão usando nanotecnologia para criar uma espécie de filme que têm células captadoras de energia solar que são tão finas que podem ser aplicadas como tinta, reduzindo o espaço necessário para implantação de um sistema assim. Outra tentativa, que fica pronta em 2013, é a de usinas solares na Espanha. Serão utilizados 624 espelhos para refletir a energia solar e aquecer água. O sistema funciona como uma termoelétrica comum: o vapor da água quente movimenta as turbinas, que geram eletricidade. O sistema abastecerá as 180 mil casas de Sevilha e será projetado para atender outras cidades européias.
A energia eólica parece tão atraente quanto a solar. Afinal, vento para movimentar as turbinas é algo que não falta. Mas o seu potencial é bem maior para grande escala (cidades, por exemplo) do que a solar. Nos últimos anos, alguns países europeus começaram a investir mais pesado na tecnologia e construir imensos complexos. A Alemanha já gera 30 GW de energia com suas turbinas, mais que o dobro da capacidade de Itaipu, ainda a maior hidrelétrica do mundo. O problema da eólica? Algumas horas venta muito, outras nada. O desafio está em armazenar o excesso de energia.
Enquanto as fontes de energia 100% limpas não são adotadas, uma boa idéia é renovar as velhas usinas. As termoelétricas de carvão, que são as maiores responsáveis pela poluição do setor energético, podem ser reformuladas. Dois novos sistemas estão em teste: um que transforma o carvão em uma espécie de gás – diminuindo a fumaça no processo – e outro que basicamente posiciona as chaminés voltadas para depósitos de água subterrâneos, fazendo com que a poluição não vá para a atmosfera.
As usinas nucleares, que por quase 20 anos foram demonizadas pelos ambientalistas, começaram a ser novamente vistas com bons olhos pelos governos – basicamente porque conseguem gerar muita energia em um espaço pequeno e sem produzir nenhum gás do efeito estufa. A questão da segurança avançou bastante – é improvável hoje que aconteçam acidentes como o que atingiu a cidade ucraniana de Chernobyl, em 1987 –, mas o maior problema ainda é o que fazer com o lixo atômico, altamente radioativo. Há alternativas: o Japão já recicla o urânio utilizado com cada vez mais eficiência. O Brasil, que gera mais de 70% da sua energia a partir de hidrelétricas, uma fonte um tanto limpa em comparação com as demais, também pode melhorar neste campo. Um estudo da USP mostra que a troca de turbinas nas usinas com mais de 20 anos pode aumentar a geração de energia em 8%, evitando assim a necessidade de construção de novas plantas.
É possível que, com tanto dinheiro sendo investido e a necessidade de geração limpa de energia, uma tecnologia de fato inovadora venha à tona e mude os paradigmas. Baterias de hidrogênio para armazenar energia estão cada vez mais próximas da realidade dos dias de hoje.
Do Japão vem mais um experimento: lá já se utiliza a diferença de temperatura das águas do oceano para movimentar turbinas. Funciona mais ou menos assim: a água quente da superfície é puxada para uma câmara de alta pressão, de onde se tira vapor. Do outro lado, circuitos puxam a água quase congelada do fundo. O encontro das duas águas faz o vapor se condensar rapidamente, movimentando turbinas que geram eletricidade.
Carros movidos a hidrogênio são caros ainda, mas já existem. No mês passado a prefeitura de Londres encomendou 10 ônibus movidos a esse combustível. O prefeito da cidade disse que o exemplo fará a demanda pelo hidrogênio aumentar e conseqüentemente baixar o preço da tecnologia.
Nós não vamos fazer nada?
Muito bem, então devemos ficar com a consciência tranqüila e esperar alguém inventar uma solução tecnológica milagrosa? Gerações anteriores pensaram assim e, como podemos ver agora, o resultado não foi muito bom. Lógico que não se deve deixar a responsabilidade somente nas mãos do governo e empresas. Cada um tem que fazer sua parte – mas será que faz mesmo? Não que falte vontade. Uma pesquisa encomendada pela rede britânica BBC, feita em julho deste ano, mostrou que 85% das pessoas estão dispostas a sacrifícios para salvar o planeta. Só que, quando a pergunta foi se deveríamos pagar impostos mais altos para usar menos petróleo, apenas 50% das pessoas que responderam o questionário disseram que aceitariam. Logo depois dessa pergunta, propuseram: “E se o dinheiro desse imposto fosse revertido em pesquisas?” A aceitação da pergunta anterior aumentou para 71%.
O negócio é que, se a nova receita passa pelo investimento em tecnologia, ela não descarta a mudança de hábitos das pessoas. Como fazer com que todo mundo tenha essa consciência? A resposta é simples: oferecendo incentivo.
O psicólogo social Robert Cialdini, pesquisador da Universidade Estadual do Arizona, nos EUA, acha que a solução para reeducar as pessoas não precisa passar por novas leis, dedução de imposto ou ainda benefício fiscal. “Se pudermos apenas comunicar a mensagem de maneira mais efetiva, temos o sucesso praticamente sem custo”, escreve em seu novo livro, 50 Secrets from the Science of Persuasion (“50 Segredos da Ciência da Persuasão”, sem edição em português).
Três experimentos dão as dicas de como devem ser as campanhas para conscientização ecológica. O primeiro foi para tentar aumentar o reuso de toalhas por parte de hóspedes de hotéis. O aviso de “usar novas toalhas gasta energia para lavagem” não funcionava. Foi só trocar a frase para “a maioria dos hóspedes reusa a toalha” que houve um aumento de 26% na prática. Um outro estudo mostrou que as pessoas diminuíam o consumo de eletricidade ao ser informadas (delicadamente, pela conta de luz, por exemplo) que seus vizinhos haviam reduzido drasticamente seus gastos.
Moral da história: o melhor jeito de mobilizar as pessoas para colaborar com o ambiente é elaborar um jeito de atingi-las individualmente. Nada adianta apelar ao senso de coletividade.
Como salvar o panda?
Convencer pessoas a gastar menos energia ou reciclar o lixo não é tão difícil, afinal o benefício é mais aparente. Mas há casos mais complicados, como a preservação de espécies ameaçadas. Veja os casos do panda e do urso-polar, símbolos de organizações ambientalistas. O avanço das cidades e a destruição das florestas (no caso do panda) e o aquecimento global (no caso do urso-polar) estão dificultando a vida dos dois animais. Mas, para o cidadão comum, que é um agente indireto causador dos problemas deles, isso parece não ser motivo suficiente para salvá-los. “É preciso um incentivo para as pessoas se sentirem mobilizadas”, afirmam Peter Kareiva e Michelle Marvier em um artigo para a revista Scientific American deste ano.
Os cientistas da Universidade da Califórnia deram um interessante exemplo dos esforços para salvar o dragão-de-komodo, réptil enorme e muito menos simpático que os ursos e que também está à beira da extinção. O governo da Indonésia e a ong Nature Conservancy criaram o Parque Nacional de Komodo, em 1980, para proteger o bichão, e de quebra as florestas locais e algas das ilhas. O dinheiro arrecadado com o ingresso é reinvestido em projetos de turismo, pesca e cultivo de algas marinhas. Uma pesquisa realizada em 2006 mostra que quase toda a população de Komodo apóia a iniciativa, basicamente pelo dinheiro que gera para as pessoas e pelas melhorias para a comunidade.
“Sugerimos que, em vez do mapeamento dos 10 ou 25 principais locais que necessitam de proteção da riqueza da flora nativa, busque-se identificar ecossistemas salva-vidas – áreas com índices elevados de pobreza, onde grande parte da economia depende dos sistemas naturais e os serviços do ecossistema estejam seriamente degradados”, aconselharam Kareiva e Marvier, criticando a estratégia dos hotspots (grandes ecossistemas de preservação) como solução. É o que se costuma chamar de desenvolvimento sustentável.
O futuro do ambientalismo
Com essas novas perspectivas, parece evidente que as estratégias usadas pelos ambientalistas atuais precisam ser revistas. É inegável que o movimento verde, de organizações como o próprio Greenpeace, a WWF e outras, foi importantíssimo no avanço da conscientização da sociedade em relação aos problemas da Terra. É um tanto difícil imaginar a aprovação de leis universais e imprescindíveis como as de preservação da fauna e flora ou de redução de emissões de alguns poluentes específicos sem a atuação efetiva desses grupos.
Para Nordhaus e Schellenberger, porém, depois de 30 anos de militância com algumas vitórias políticas significativas, duas questões fundamentais na ação desses grupos precisam ser mudadas com urgência. Uma é na forma com que eles preferem incentivar as empresas, governos e pessoas: sobretaxando ou proibindo, por exemplo, os combustíveis fósseis. Para os pós-ambientalistas, o foco deve ser investir no barateamento das energias renováveis. “O telefone não substituiu o telégrafo porque este último foi proibido. Substituiu porque era infinitamente melhor”, afirmam eles. Da mesma forma, se formos pensar em tecnologias atuais, um e-mail substitui as cartas em papel com muito mais eficiência e rapidez – além de não sacrificar nenhuma árvore para ser enviado.
“É importante lembrar que a tecnologia sem a alma das pessoas não vai ser suficiente. A aplicação dessas tecnologias é importante, claro, e os ambientalistas podem ajudar a popularizá-las, como já têm feito”, afirma Adam Werbach, um dos 7 conselheiros mundiais do Greenpeace. Talvez seja necessária, então, uma certa mudança do discurso catastrofista. “Eu hoje acredito que salvar a nós mesmos depende não da nossa habilidade de chocar e conseguir espaço na mídia, e sim de inspirar as pessoas”, diz.
Já Paul Watson, ativista ambiental há quase 40 anos e fundador do Sea Shepard, movimento contra a pesca predatória nos oceanos, discorda que os ecologistas estejam nos dias de hoje usando estratégias ultrapassadas na missão de salvar o planeta. “A maior parte do progresso do movimento ambientalista foi conseguida por indivíduos e grupos focando objetivos específicos. É o sucesso acumulativo desses objetivos que faz o movimento”, diz.
Por outro lado, tem muito ambientalista por aí revendo seus conceitos. É o caso de Carl Pope, diretor executivo do Sierra Club, a mais antiga organização ambientalista do mundo, fundada em 1892, nos EUA, e que hoje conta com 600 mil membros ativos. “A tarefa do ambientalismo no século 21 é totalmente diferente da que definiu o próprio movimento no século 20. Por 100 anos, aqueles que se chamavam primeiro de conservacionistas e depois ambientalistas definiram sua tarefa como sendo de limitar e depois limpar uma ordem industrial existente. Para os próximos 100 anos, nossa tarefa é dar forma, desenhar e acelerar a chegada de uma nova e sustentável ordem econômica.” Que assim seja.
Setores que mais lançam gases do efeito estufa*
21,3% – Geração de energia
É o principal poluente porque, segundo o IPCC, 40% da energia elétrica do mundo é gerada a partir da queima de carvão. A China, por exemplo, consome pouco mais de 1 bilhão de toneladas de carvão por ano, ou seja: 37% do consumo mundial.
16,8% – Processos industriais
Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a indústria desperdiça 24% de toda a energia gerada só no estado de São Paulo. Isso se deve aos motores antigos e máquinas construídas quando não havia a preocupação com eficiência energética.
14% – Transporte
O desafio agora é fazer veículos que andem mais com menos combustível. A União Européia estabeleceu que todos os carros comprados no continente têm de fazer no mínimo 18 km/l a partir de 2012. O governo dos EUA já oferece dinheiro a quem comprar carros híbridos (que funcionam a gasolina e eletricidade e consomem menos).
12,5% – Agricultura
A ONU estima que 30% da terra habitável no mundo é usada para a pecuária. O grande problema é que os bovinos soltam de 300 a 500 litros de metano por dia. Cientistas do Reino Unido estudam novas substâncias para a alimentação das ovelhas que podem diminuir em até 70% suas emissões de metano.
11,3% – Exploração e distribuição de combustíveis fósseis
A gradual substituição da gasolina como principal combustível deve diminuir o impacto da exploração do petróleo. Mas não se deve esperar nenhuma mudança significativa antes de 2030.
10,3% – Uso comercial e residencial
Sensores de prédios que ligam a luz apenas quando alguém está presente ou aparelhos que desligam os eletrodomésticos em stand by estão cada vez mais populares e reduzem o desperdício. O chuveiro elétrico, que representa até 35% da conta de luz de uma casa, está sendo remodelado: um protótipo desenvolvido no Brasil reaproveita o calor da água, reduzindo em até 40% o consumo.
10% – Uso da terra e desflorestamento
O aumento da fiscalização e do patrulhamento da floresta Amazônica já diminuíram o desmatamento nos últimos anos. Outra solução para controlar as emissões é plantar árvores. Pelos cálculos de Bjørn Lonborg, a temperatura média de uma cidade pode cair quase 2 °C se forem plantadas 11 milhões de árvores.
3,4% – Lixo e tratamento
Enquanto os custos de reciclagem são altos, países como a Suécia e a Inglaterra adotam cada vez mais a queima do lixo. O entulho orgânico gera gás metano, que é encanado para a geração de energia. Em vários países da Europa, uma máquina que recolhe latinhas de refrigerante (e paga para quem deposita) é bastante popular.
*Outros efeitos com valores menores de 1%, que somam as emissões de metano, gás carbônico e óxido nitroso. Fonte: Instituto Max Planck (Alemanha).
O ecologista descolado
Cinco idéias para quem quer ajudar sem fazer muita força
Reutilize
Compre e venda coisas usadas, ou pergunte se alguém está interessado em algo seu antes de jogar fora. Há um site chamado https://www.freecycle.org (ainda pequeno no Brasil, mas forte na Europa), em que as pessoas anunciam o que pretendem jogar fora – de uma mesa de pebolim a azulejos de banheiro. Fazer produtos circular por mais tempo economiza seu dinheiro e freia a indústria de produtos cada vez mais descartáveis.
Limpe a caixa
Ligue para os anunciantes pedindo que parem de mandar lixo para o seu correio, como catálogos que você não vai nem olhar. Nos EUA há uma firma especializada em ligar para esses anunciantes. Eles estimam que cada pessoa receba cerca de 60 kg de lixo postal por ano. Muitas árvores são economizadas e sua caixa de correio não fica mais abarrotada.
Mude a dieta
Fique pelo menos um dia na semana sem comer carne vermelha. Além de ser bom para as artérias, a pecuária extensiva responde por 18% das emissões de gases do efeito estufa. O cocô e o arroto das vaquinhas, ricos em metano, são piores que os canos de descarga dos jipões dos americanos. Além disso, para processar 1 kg de carne vermelha são necessários 200 litros de água.
Abuse da internet
Mostre para seus chefes as maravilhas da internet e do telefone. Se você trabalha numa grande empresa, tente trocar uma longa viagem por video conferências ou e-mails. A Sun Microsystems, dos EUA, foi além: deu a 56% de seus funcionários a opção de trabalhar em casa. Pelas próprias contas, no ano passado economizou US$ 67 milhões em espaço de escritório, evitou a emissão de 29 mil toneladas de CO2 e aumentou a produtividade em 34%. Mostre os números ao setor de RH.
Melhore o figurino
Vista roupas leves. Já viu como gente no trabalho liga o ar-condicionado no máximo mesmo em um dia agradável justamente por estar com gravatas, tailleurs ou casacos? No Japão, o primeiro-ministro lançou a campanha Cool Biz para desestimular o uso de gravatas no verão – ele próprio deu exemplo e explicou que os ternos causam calor desnecessário nas pessoas. Vá de calça jeans e camiseta e diga que está sendo ecologicamente correto.
Para saber mais
Break Through: From the Death of Environmentalism to the Politics of Possibility
Michael Chellenberger e Ted Nordhaus, Houghton Mifflin Co, EUA, 2007.
Present at the Future
Ira Flatow, Collins, EUA, 2007.
Cool It: The Skeptical Environmentalist’s Guide to Global Warming
Bjørn Lomborg , Knopf, EUA, 2007.
Agência de notícias sobre ecologia e ambiente.