Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Turistas no fogo cruzado

Cinco meses após o sumiço do avião da Malaysia Airlines, a companhia perdeu mais uma aeronave – desta vez, no meio de uma guerra.

Por Redação Super
Atualizado em 18 dez 2019, 11h23 - Publicado em 18 dez 2019, 11h22

No dia 17 de julho de 2014, ao meio-dia no fuso horário local, o jovem músico holandês Cor Pan postou uma foto no Facebook. Era um Boeing 777 da Malaysia Airlines – no qual o próprio Cor Pan estava prestes a embarcar. Na legenda da foto, ele escreveu: “Se meu voo desaparecer a caminho da Malásia, fiquem aí com uma imagem do avião”. A piadinha era referência a outro Boeing da mesma companhia: o voo MH 370, que desaparecera no Oceano Índico apenas cinco meses antes. Os amigos acharam graça: “Boa viagem!” e “Divirta-se” foram as respostas quase imediatas à postagem. Menos de duas horas depois, a tirada do holandês passara de cômica a premonitória. Num desses casos raros em que o relâmpago atinge duas vezes o mesmo lugar (ou a mesma companhia), a Malaysia Airlines voltou a protagonizar uma grande catástrofe.

Ao partir de Amsterdã em direção a Kuala Lumpur, capital da Malásia, o voo MH17 levava 298 pessoas, dentre as quais 193 eram holandesas. O músico Cor e sua namorada, Neeltje, planejavam passar alguns dias à beira-mar em alguma praia do Oceano Índico.

Por volta das 13 horas, o avião passou a sobrevoar a província de Oblatsk, no leste da Ucrânia. Em abril daquele ano, grupos separatistas, apoiados pelo governo russo, haviam declarado a independência da região, dando início a conflitos com o exército ucraniano. Desde o início dos combates, vários aviões e helicópteros das forças armadas da Ucrânia foram abatidos pelos insurgentes no espaço aéreo de Oblatsk. A Associação Internacional de Aviação Civil, no entanto, ainda considerava a região segura, pois até então nenhum voo comercial fora atacado. Mesmo assim, algumas companhias, como a British Airways, já evitavam a área.

Até as 13 horas e 15 minutos, o avião trocava informações sobre a rota com os operadores de voo do aeroporto de Dnipopetrovsk, cidade ucraniana próxima. De repente, veio o silêncio. Pouco depois, a Malaysia Airlines anunciou por meio do Twitter que perdera contato com o avião, e a agência Reuters anunciou que pedaços de fuselagem, cadáveres e bagagens fumegantes foram avistados nas redondezas de Hrabove, aldeia a 40 quilômetros da fronteira russa. Os escombros do voo MH17 se espalharam por uma área de mais de 30 quilômetros quadrados – o equivalente a cerca de 20 Parques do Ibirapuera.

Continua após a publicidade

A catástrofe desencadeou uma tempestade diplomática. Uma investigação da Agência de Segurança Aérea da Holanda concluiu que a aeronave foi alvejada por um míssil. Para os governos dos EUA e da Ucrânia, o disparo foi feito por separatistas, que utilizaram um sistema antiaéreo fornecido pela Rússia. O governo russo negou essa versão, jogando a culpa para o outro lado: um caça ucraniano, em combate com os rebeldes, teria alvejado o avião por engano. São poucos os detalhes conhecidos sobre os últimos momentos do voo. Segundo o Conselho de Segurança da Ucrânia, a aeronave explodiu no ar. Nesse caso, é provável que todos a bordo tenham morrido na hora. Mas, entre os escombros, um corpo foi encontrado usando uma máscara de oxigênio.

Quem derrubou o avião: Rússia ou a própria Ucrânia? (Anadolu Agency/Getty Images)

Uma zona de combate

Desde sua independência da União Soviética, em 1991, a Ucrânia foi um país dividido: parte do país quer estreitar os laços econômicos com a União Europeia e os Estados Unidos, enquanto outra parcela da população se identifica com a cultura e os interesses da vizinha grandona, a Rússia. Em novembro de 2013, parte do povo tomou as ruas em protesto contra o presidente pró-Rússia Viktor Yanukovych, que acabou sendo destituído do cargo. A Rússia deu o troco em março de 2014, invadindo e anexando a região ucraniana da Crimeia. Em maio, milícias pró-Rússia tomaram o controle da província de Oblatsk e declararam independência. Combates entre milícias locais e tropas ucranianas espalharam-se pela região – e foi no meio desse fogo cruzado que o voo da Malaysia entrou naquele fatídico 17 de julho.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.