Uma relação delicada
A má fama teria começado antes da colonização, com os índios e sua ocupação predatória. As tribos que habitavam o território viviam da caça, da pesca, do extrativismo e do cultivo de produtos agrícolas, que demandavam a queima de trechos de mata.
Mafê Vomero
Quando o tema é conservação da biodiversidade, uma das correntes do pensamento ambiental brasileiro reserva ao homem o papel de vilão. A má fama teria começado antes da colonização, com os índios e sua ocupação predatória. As tribos que habitavam o território viviam da caça, da pesca, do extrativismo e do cultivo de produtos agrícolas, que demandavam a queima de trechos de mata. Depois vieram os portugueses e a sanha pelo pau-brasil, seguida pela insistência na monocultura da cana-de-açúcar. Esse teria sido o início da história de destruição e cobiça que só terminou em meados do século 20, quando o meio ambiente tornou-se foco de políticas governamentais.
No entanto, Natureza, Conservação e Cultura – Ensaio sobre a Relação do Homem com a Natureza no Brasil (Metalivros), de Evaristo Eduardo de Miranda, mostra que houve, sim, preocupação ambiental desde os primórdios da colonização. E que, ao lado dos vilões, existiram também grandes defensores, como José Bonifácio, o patriarca da independência. Apesar de rico em informações, falta leveza ao texto. A obra parece híbrida, composta de duas partes distintas, forçosamente conectadas: a relação entre homem e natureza e a situação dos carnívoros no Brasil. Porém, as belíssimas fotografias de Adriano Gambarini valem o investimento.