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Vôo: A maior conquista

O vôo é um sonho de milênios. Foi a última batalha do homem contra seus próprios limites.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h11 - Publicado em 30 set 1999, 22h00

Claudio Angelo

Diga a verdade: você não gostaria de flutuar no céu como esse jovem piloto de asa-delta? Seu passeio pelos ares expressa um desejo que a espécie humana acalenta há muitos séculos. Depois da conquista dos continentes e da travessia dos oceanos, voar se tornou uma questão de honra – o céu era o último ambiente sobre o qual o homem ainda não tinha domínio. A primeira asa-delta, no entanto, só seria inventada no final do século XIX e o avião, no início deste século.

Tentativas de imitar os pássaros não faltaram. Há 3 000 anos, soldados chineses já eram içados em pipas gigantescas para observar a movimentação de tropas inimigas em tempos de guerra. Na Itália renascentista, Leonardo da Vinci (1452-1519) concebeu várias máquinas voadoras – diz-se que chegou a lançar um de seus discípulos do alto de uma montanha a bordo de uma delas, que despencou na hora. Mas nem Da Vinci nem os chineses conheciam o complexo mecanismo do vôo.

O segredo só começou a ser desvendado no século XVII, quando o italiano Evangelista Torricelli (1608-1647) descobriu que o ar é um fluido. As leis do seu comportamento são, portanto, as mesmas que valem para a água, descobertas pelo sábio grego Arquimedes (280-211 antes de Cristo). Mas, para se alçar aos ares, não bastava entender a mecânica da atmosfera. Era preciso saber, também, como as invejadas aves conseguiam se sustentar nela. A tarefa coube ao inglês George Cayley (1773-1857). Observando os pássaros, ele escreveu o primeiro tratado de aerodinâmica, em 1810.

O documento propunha que o segredo do vôo daqueles animais estava no formato arqueado de suas asas. Resolvida a charada, restava apenas o desafio tecnológico de construir uma máquina capaz de voar – era só uma questão de tempo.

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Um baixinho nas nuvens

Ter apenas 1,5 metro de altura não parecia ser um problema para Alberto Santos-Dumont (1873-1932). Desde que saiu do Brasil para estudar em Paris, aos 18 anos, ele não parou de subir. Primeiro inventou o sapato de plataforma; assim, ganhou alguns centímetros. Depois, em 1899, acoplou um motor a explosão a um balão de hidrogênio e inventou o dirigível, o pai do zepelim – a bordo do qual costumava ir aos cafés e aos parques públicos da capital francesa. Uma farra. Em 1906, pôs o mundo a seus pés ao subir 6 metros no primeiro avião a decolar por meios próprios, o 14-Bis. Depois de tantos feitos, teve um fim trágico. Aos 59 anos, atormentado por uma esclerose múltipla, enforcou-se em um hotel no Guarujá, litoral paulista.

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