Baleias , o violento animal humano
A história é contada por Ismael, jovem marinheiro que aprende a ser um baleeiro e que defende a caça às baleias.
Luís Augusto Fischer
Muitos romances contam viagens; muitos tratam do mar; muitos apresentam narração em forma de depoimento de um sujeito em formação; muitos relatam a dureza da vida masculina, em que o indivíduo precisa provar seu valor e conquistar o mundo. Poucos juntam tudo isso numa só história e, dentre eles, um ressalta: Moby Dick (1851), do americano Hermann Melville (1819-1891).
A história é contada por Ismael, jovem marinheiro que aprende a ser um baleeiro e que defende a caça às baleias. E não apenas com argumentos comerciais (na época, um óleo retirado de baleias e cachalotes, o espermacete, acendia boa parte da luz interna das casas, em todo o mundo): Ismael é uma espécie de erudito no tema, e descreve lendas e histórias que acompanham a história humana da caça aos enormes bichos.
Essa matéria, que ocupa grande parte das páginas do romance, ainda não é o seu centro. O que, de fato, marca para sempre os leitores é a figura do capitão Ahab, que leva o navio Pequod por mares tremendos, em busca do monstro branco que ninguém consegue derrotar, Moby Dick. Abatê-lo torna-se uma obsessão apaixonada e incessante.
O romance simboliza o espírito americano de aventura, e é também um manual de caça às baleias. Mas é inegável que, nele, o confronto maior acontece entre duas forças imensas e, no fundo, inconciliáveis – o Homem, pretensioso e patético animal, e a Natureza, irracional e muitas vezes vencedora.