Brasil de verdade
Os fotógrafos estiveram nos confins dos pampas, foram ao território dos ¿brasiguaios¿, embrenharam-se na floresta amazônica, onde o Brasil termina quase imperceptivelmente.
Denis Russo Burgierman
Longe do mar, da praia, do Pão de Açúcar, do cartão-postal. Nem sinal das araras coloridas, da porta-bandeira exuberante, do Maracanã iluminado. No livro Brasil sem Fronteiras (Tempo d’Imagem), os fotógrafos Elza Lima, Ed Viggiani, Antonio Augusto Fontes, Celso Oliveira e Tiago Santana mostram um Brasil pouco visto. Os cinco percorreram todas as divisas do país, literalmente do Oiapoque ao Chuí, atrás de cenas do Brasil de verdade: as crianças brincando no rio onipresente, a pele escura de misturas étnicas indecifráveis, a desolação típica das cidades de fronteira, os acampamentos sem-terra, as tribos indígenas que não são para inglês ver, a menosprezada América Latina evidente. Os fotógrafos estiveram nos confins dos pampas, foram ao território dos “brasiguaios”, embrenharam-se na floresta amazônica, onde o Brasil termina quase imperceptivelmente. “Fronteira serve para ser ultrapassada, passar para lá, misturar, mesmo que continue separando”, diz Elza Lima, autora de algumas das imagens mais encantadoras do livro. Brasil sem Fronteiras é feito de imagens secas, sem firulas, enquadramentos estranhos, tudo em preto e branco. Não é livro para enfeitar a sala. É livro para viajar, para admirar por horas, à procura de detalhes, em busca do Brasil.