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Caçadores dos arcos gigantes

Homens misteriosos vivem na Biológica. Ninguém sabe quem eles são nem côo manejam seus arcos de 3 metros de altura.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h07 - Publicado em 26 jun 2009, 22h00

A única pesquisa em curso na reserva é sobre as tartarugas – os tracajás da Amazônia. Elas nascem pequenininhas, mas quando crescem, chegam a medir 80 centímetros de comprimento por 60 centímetros de largura e a pesar 60 quilos. O tracajá é maior tartaruga de água doce encontrada na América do Sul.

O Brasil tem 203 povos indígenas e 260 mil índios. Mas há referência sobre mais 53 grupos não contactados, 41 dos quais nem se bem onde estão. Rondônia hospeda seis dos doze grupos já localizados. Um se assentou na Reserva Biológica do Guaporé. Há sete anos a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) vem reunindo informações sobre eles. Já foram encontrados com restos de sobre eles. Já foram encontrados 53 vestígios de acampamentos com restos de cerâmica, machado de pedra, rede e palhoças.
Os índios são nômades e não praticam a agricultura. Em três ocasiões, foram vistos. Têm estatura mediana (1,70 metros), cabelos longos e não usam adornos. Podem ser uma centena. Fogem do pessoal da FUNAI enterrando estrepes nas trilhas – perigosos espetos de 30 centímetros de comprimento capazes de varar os pés dos perseguidores. É obvio que não querem ser incomodados. Não se sabe ao certo, mas podem pertencer ao povo sirionó, um ramo da linguagem tupi-guarani que se concentra na Bolívia. O mais intrigante é o arco de pupunha (uma madeira dura porém flexível) que eles fabricam: como três metros de comprimento (e flechas de 2,80 metros), é o maior arco indígena já encontrado no Brasil. Para atirar com um arco desse porte, os sirironó da Bolívia precisam apoiar uma ponta no chão. A existência dos índios é um paradoxo da reserva. Por definição, a reserva biológica é uma unidade de conservação que abriga ecossistemas de relevante importância científica cujos recursos têm que ser protegidos dos homens, índios inclusive. Quando ela foi criada, em 1982, não havia provas da existência dos índios. Por isso, há quem defenda que o Guaporé deixe de ser Reserva Biológica e passe a ser Área indígena.
Outro paradoxo: as 23 Reservas Biológicas do Brasil são proibidas à visitação. Entretanto, desde sua criação, a Biológica do Guaporé vem sendo depredada. Segundo a Secretaria de Meio ambiente de Rondônia, 48 000 árvores já foram roubadas por madeireiras, Em 1991, a Operação Amazônica, realizada pelo IBAMA, reprimiu o saque e retirou de lá dezesseis famílias de posseiros. Mas, em março último, foi fundada, em Alta Floresta D`oeste, uma Associação de Despejados da Reserva Biológica com nada menos de 1300 associados.
Fora de reserva, a espécie dos despejados, incrivelmente prolifera. Todo mundo quer um pedaço da Biológica.

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