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E se… Vendêssemos a Amazônia?

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h06 - Publicado em 30 nov 2008, 22h00

Texto Daniel Schneider

“Dar lugar pros gringo entrar”, como tocava o Raul, é uma das maiores lendas urbanas sobre a Amazônia. A idéia de que vão vender a floresta existe há décadas. E ganhou força de 2000 para cá. Coincidência ou não, foi depois que ongs ambientalistas dos EUA e da Europa começaram a comprar terrenos de floresta pelo mundo para impedir o desmatamento. Eles fizeram isso em lugares como Peru, Guiana, Serra Leoa e Ilhas Fiji – levantando suspeitas conspiratórias de que isso seria fachada para governos ricos se apoderarem das riquezas dos pobres. Esse tipo de coisa rola aqui também. Por exemplo: o magnata sueco Johan Eliasch, dono de ong, comprou uma área na Amazônia do tamanho da cidade de São Paulo – e revende partes de “sua” selva a ambientalistas (ou a cientistas do mal, como pensam os de imaginação fértil). Só que a lei brasileira não permite que um monte de Johans faça a mesma coisa: dois terços da Amazônia não podem sair das mãos do governo. Os 25% que sobram podem ser vendidos.

Mas no mundo das teorias mirabolantes o que está em questão nem é esse tipo de comércio. Mas a venda da soberania mesmo – geralmente com o Estado entregando a floresta a um “consórcio de empresas” ou coisa que o valha a troco de dinheiro. Nesse cenário doido, em que o mapa do Brasil perderia sua Região Norte, o mais difícil seria encontrar um comprador disposto a pagar o justo. As estimativas do governo, afinal, é de que existam pelo menos US$ 15 trilhões em reservas minerais e US$ 5 trilhões em madeira sustentável, ou seja, que pode ser cortada, vendida e replantada. Ainda não entrou no cálculo a maior riqueza da região: metade das espécies vegetais e animais do planeta. Curas de doenças como a aids e o câncer podem estar escondidas em uma planta desconhecida, por exemplo – e, como a densidade de espécies de plantas lá é a maior do Universo conhecido, trata-se de um belo campo de pesquisas. Quanto isso vale? Bom, só a cura do câncer renderia US$ 50 trilhões a quem a descobrisse, segundo um estudo da Universidade de Chicago. Para comparar: a receita anual da maior farmacêutica do planeta, a Pfizer, é de US$ 12 bilhões. Por outro lado, uma “Amazônia internacional” até que ficaria bonitinha depois de receber uma enxurrada de investimentos. Já o Brasil, coitado, poderia acabar realmente mal. Olha lá.

Festa na floresta

Amazônia internacional nadaria na grana. E o Brasil, ó…

1. CENTRO ESPACIAL CARAJÁS

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A Amazônia seria um bom lugar para construir naves espaciais: está cheia de nióbio, um metal que, por agüentar até 2 500 oC, é essencial para foguetes. Além disso, fica na linha do Equador, de onde dá para lançar naves economizando combustível, já que elas pegam mais impulso da rotação da Terra nessa região. Com o turismo espacial logo ali, dá para imaginar pacotões de 6 dias na floresta e 1 noite no espaço!

2. ZONA FRANCA GENÉTICA

A Amazônia é o maior banco de genes do mundo – estima-se que haja milhões de espécies, como plantas e microorganismos, ainda desconhecidas por lá. E genes são a matéria-prima dos remédios de amanhã, que deverão agir direto no DNA. Hoje, o governo pode cobrar royalties sobre qualquer droga criada com material brasileiro. Sem esse inconveniente, laboratórios investiriam pesado.

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3. ÁGUA S.A.

A água doce é um recurso finito, “estocado” em rios, no subsolo e na atmosfera. E um terço dela está na bacia Amazônica. Algumas regiões já sofrem uma falta crônica, e o consumo vai aumentar 25% até 2030. Nesse cenário, daria para exportar a vazão do rio Amazonas. A um preço hipotético de US$ 0,10 o litro, as empresas levantariam mais de US$ 400 bilhões anuais – 4 vezes o faturamento da Petrobras em 2007.

4. BRASIL DO SUL x BRASIL DO NORTE

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A venda da região Amazônica tiraria 40% do Brasil do nosso mapa, mas só 7% do PIB pela proporção de hoje. Mesmo assim seria um trauma forte o bastante para fomentar o separatismo. Num cenário desses, o Sul e o Sudeste formariam um país com PIB de US$ 785 bilhões, pouco maior que o da Holanda. Os estados do norte ficariam com US$ 233 bilhões, o que dá uma Venezuela.

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