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Eco-92 em paralelo à guerra contra a pobreza

Durante a Eco-92, a Biblioteca Pública do Estado do Rio de Janeiro apresentará exposição organizada pela Soka Gakkai Internacional, ONG japonesa, com fotos e gráficos sobre a pobreza no mundo.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h59 - Publicado em 31 Maio 1992, 22h00

A raiz dos problemas

Quando, há 20 anos, na Suécia, governantes de vários países discutiram pela primeira vez a saúde da Terra, a questão da miséria ficou em segundo plano. Hoje, no entanto, existe um consenso: não se pode resolver os problemas ambientais deixando de lado a pobreza, em que vive cerca de metade da população nos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil – sem condições de atender regularmente suas necessidades básicas, como dormir sob um teto decente e comer todo santo dia.
A pobreza, em si, já é uma ameaça à sobrevivência do homem. Nos países industrializados, basta ver, as estatísticas apontam que as pessoas estão cada geração mais fortes e mais altas: nos países pobres, porém, elas são cada vez mais fracas e nanicas, graças à subnutrição, como se ali a espécie humana engatasse marcha a ré na trajetória da evolução.

Além disso, a miséria pode ser considerada um elo resistente na corrente de distúrbios ecológicos que vem destruindo o planeta. Isso por que, nos países em desenvolvimentos, sobreviver muitas vezes significa explorar os recursos da natureza de maneira irracional. A pobreza é, portanto, o nó cego que os participantes da Rio-92 devem desembaraçar. Uma coisa é certa: ela deve ser atacada em diversas frentes. Se fosse possível, por exemplo, matar toda a fome do mundo, e só, então as pessoas em principio viveriam mais. Entre outros motivos, porém, agravaria o problema da superpopulação: faltariam hospitais e escolas – e, quem sabe, dali a algum tempo, comida novamente, por excesso de boas para alimentar. Ou seja, soluções isoladas podem até piorar a situação. Por causa dessa trama complexa, calcula-se que irá levar entre um e dois séculos antes de o homem encontrar o equilíbrio de sua espécie no planeta. É uma estimativa otimista, porque parte do pressuposto de que o combate à miséria será disparado já, nos dias atuais.


Toda a riqueza do mundo

Já se passaram duas décadas desde que os países industrializados participantes da Organização das Nações Unidas (ONU) receberam a recomendação de ajudar os países em desenvolvimento, destinando-lhes no mínimo 0,7% do seu Produto Nacional Bruto (PNB) – como os economistas chamam a soma de todo o dinheiro gerado, depois de atribuir valores tanto para as mercadorias como para o setor de serviços existentes em determinado lugar. Até hoje, porém, só a Noruega, a Holanda, a Dinamarca e a Suécia seguem essa recomendação à risca.

Noruega: 1.10
Holanda: 0.98
Dinamarca: 0.88
Suíça: 0.85
França: 0.51
Alemanha: 0.39
Japão: 0.31
Inglaterra: 0.28
EUA: 0.20

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A divisão do bolo

Nos países pobres, a população se divide em cinco faixas: uma delas retém a metade do dinheiro. Se a distribuição for menos desigual, para reduzir 80% da miséria passarão vários anos, conforme a porcentagem de crescimento anual do PIB.

Opções de investimento

Nos países em desenvolvimento, em media um terço das crianças que se matricula nas escolas abandona a sala de aula antes de completar o primeiro grau. No Brasil, para cada mil crianças que iniciam os estudos, apenas 56 costumam completar a universidade.
Segundo projeções da ONU, no final do século existirão mais de 900 milhões de analfabetos no mundo inteiro. Logicamente, essas pessoas terão mais dificuldade de aprender noções de higiene, nutrição e controle de natalidade.

Nem todos assinam embaixo

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No Brasil 17,6% das pessoas são analfabetas. Para cada homem que não sabe ler nem escrever, existem nove mulheres na mesma condição. Um em cada quatro analfabetos estão em idade de freqüentar a escola.

Gente demais

A cada cinco dias, nasce aproximadamente 1 milhão de pessoas. A Terra, que hoje abriga mais de 5 bilhões de habitantes, deverá suportar outro bilhão na virada do ano 2000. Cerca de 90% desse crescimento se concentra nos países em desenvolvimento.

Comida de menos

Todas as noites, mais de 100 milhões de crianças adormecem de barriga vazia.
Seis em cada dez mulheres em idade de procriar têm anemia.
Resultado: nos países em desenvolvimento, 20% dos bebês nascem com menos de 2,5 quilos – o mínimo considerado normal.

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Consumo de proteínas (em gramas per capita por dia)

Um adulto deve ingerir diariamente, no mínimo, 0.85 grama de proteína para cada quilo de seu peso corporal: a necessidade é de 1,4 grama por quilo de corpo, para crianças. Um moçambicano adulto teria de só pesar 32 quilos para ser bem-nutrido.

Islândia: 133,5
França: 112,5
Itália: 110,4
Brasil: 62,5
Moçambique: 27,0
Zaire: 30,9
Serra Leoa: 37,8
Média Mundial: 70,0

Esperança de viver

A cada ano quase 14 milhões de crianças morrem antes de completar o quinto aniversário. A maioria dessas mortes poderia ser evitada com campanhas de imunização infantil e educação das mães sobre higiene básica.

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Expectativa de vida: campeões e lanterninhas

Japoneses lideram com vida média de 78 anos. O Brasil, embora à frente de muitos, tem marca bem menor: isso para não falar dos tristes africanos.

Guerra contra a Guerra

Desde a Segunda Guerra Mundial, já explodiram mais 150 guerras, que causaram aproximadamente 20 milhões de mortes – cerca de 70% das vitimas eram civis

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Depois de ter sido premiada varias vezes pelas Nações Unidas, graças ao seu empenho pela paz mundial, a Soka Gakkai internacional recrutou cientistas dos 140 países em que está espalhada – incluindo o Brasil – para preparar uma exposição, na qual a corrida nuclear era colocada no banco dos réus, como uma das principais acusadas pelas agressões ao ambiente.

Assim, há três anos, essa mostra foi inaugurada na cidade japonesa de Hiroshima, palco da primeira explosão atômica. Depois, iniciou uma volta ao mundo, com escala nos Estados Unidos e na Antiga União Soviética. A exposição que desembarca este mês no Brasil revela, porém, uma versão um pouco diferente daquela apresentada em outros países.

Com dados fornecidos pela ONU e pela Organização Mundial de Saúde, em lugar da guerra a nova mostra destaca a pobreza como ameaça número um à economia. Mesmo assim, não dá para esquecer que os gastos globais com a manutenção de armamentos e com a pesquisa na área bélica continuam gigantescos – dinheiro que, insistem os japoneses da Soka Gakkai, pode ser aplicado, ao menos em parte, no combate aos problemas ambientais da sociedade.

Meia hora de gastos militares pelos países desenvolvidos

30 milhões de dólares = É o custo, por exemplo do chamado Projeto de Agricultura de Kassala, no Sudão, capaz de tornar 740 000 pessoas naquele país auto-suficientes em matérias de alimentos.

Um submarino nuclear

1,4 bilhão de dólares, em média = A quantia é suficiente para um programa global de vacinação contra as seis moléstias mais perigosas na infância. Isso evitaria a morte de 1 milhão de crianças por ano.

Um teste de explosão nuclear

12 milhões de dólares = Esse valor serviria para construir cerca de 20 grandes escolas na África e na América Latina. Ou para enviar 80 000 caminhões-pipas com água potável a cidades, onde ela não é disponível.

Um helicóptero bimotor

115,5 milhões de dólares = Com esse dinheiro seria possível fornecer inseticidas domésticos durante um ano inteiro, para 8 milhões de africanos, vitimas de insetos transmissores de doenças.

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