O alarme foi acionado por volta do final de março e confirmou-se nas medidas feitas nos meses seguintes. A situação é clara: está em curso um aquecimento persistente das águas do Oceano Pacífico, que, se continuar, pode levar, lá pelo final do ano, a um estado geral de descontrole no clima, que se conhece pelo nome de El Niño. É um contratempo em escala planetária, que combina mudanças nos ventos, na temperatura e na pressão atmosférica em todos os continentes, simultanemente. Em certos lugares, como a costa oeste das Américas e a Polinésia, ele gera chuvas torrenciais e enchentes. Em outras, como o Nordeste brasileiro e a Austrália, o problema são secas tórridas. Este ano, o desequilíbrio pode ser o maior do século, já que, em julho, o Pacífico já estava 4 graus Celsius acima da temperatura normal, de 24 ou 25 graus (veja o mapa abaixo). “A perspectiva é o El Niño superar sua maior marca anterior, a de 1982-83”, disse à SUPER o meteorologista Prakki Satyamurty, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em São José dos Campos, SP. “Mas só vamos saber direito como vai ficar o clima em novembro”.