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Esses 4 países dão um pau na educação brasileira

Aulas de cinema, de defesa pessoal, simulações de eleições e tempo livre: nos países com os melhores sistemas educacionais do mundo, o básico não basta

Por Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 12 dez 2018, 12h47 - Publicado em 23 set 2016, 17h45

Argentina e França: cinema na escola

O que tem de especial?
Nos dois países, os alunos de 11 a 18 anos são levados ao cinema, de graça, pela escola. Depois do filme, eles debatem a narrativa, fotografia, iluminação e outros elementos cinematográficos.

Pra que isso?
A França e a Argentina são dois polos de cinema muito fortes. Os objetivos são aumentar a bagagem cultural dos alunos, acender o interesse profissional na área e manter o público dos filmes nacionais, para garantir que a indústria continue firme e forte. Na França, onde o projeto já existe desde 1989, a estratégia funcionou: hoje, 34% dos lançamentos cinematográficos no país são nacionais — aliás, o modelo francês incentivou a Argentina a adotar o projeto, no início de 2016.

Comparando com o Brasil…
Não existe programa como esse — o máximo é o professor passar um filme em sala de aula. Fora que a produção nacional ainda é muito pequena, se comparada à da França e à da Argentina.

Finlândia: tudo junto e misturado

O que tem de especial?
Interdisciplinaridade e integração das matérias básicas em um mesmo assunto, pequena carga horária escolar, mais recreio e menos dever de casa. Também há poucos alunos nas salas, ensinados por professores altamente qualificados de forma personalizada — mais focado nas dúvidas de cada aluno do que no desenvolvimento da sala como um todo. A escola também começa mais tarde na vida, aos 7 anos, e eles têm artes e música, além de matérias de humanidades, como filosofia e sociologia.

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Pra que isso?
Os finlandeses não setorizam o ensino como nós: eles pegam um mesmo assunto e o analisam sob diferentes pontos de vista, envolvendo várias disciplinas. Por exemplo: eles podem estudar a história de alguma guerra e, ao mesmo tempo, calcular a balística das armas usando física, ensinar a topografia da região usando geografia e por aí vai. O resultado é um pensamento crítico e amplo, e não uma coisa fechada em caixinhas.

Por lá, as crianças também têm permissão para curtir a infância — daí o início da vida escolar ser “tardio”. Aliás, por isso mesmo é que há menos dever de casa e mais tempo livre: para a criança ou o adolescente poder se desenvolver com mais calma. As aulas só começam depois das 9h para garantir que os alunos tenham uma boa noite de sono e estejam mais aptos a aprender. E o período também dura menos: a aula acaba entre 2h e 2h45.

A carreira de professor por lá também é uma das mais competitivas do país, principalmente os do Ensino Fundamental: nas escolas públicas, só 10% de todos os candidatos a vagas de professor são aceitos, por ano. Tudo isso gera uma confiança entre pais, alunos e a escola: ou seja, todo mundo sabe que a educação é boa, o que faz o sistema continuar funcionando. E dá certo: há 16 anos, a Finlândia é o país com a melhor educação da União Europeia.

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Comparando com o Brasil…
Ao contrário da Finlândia, por aqui, a vida escolar começa bem mais cedo — aos 2 anos, a pessoinha já pode estar em ambiente escolar, onde, em geral, risadas e brincadeiras já são desencorajadas desde cedo. O tempo livre também não é muito valorizado: a nova proposta do MEC quer aumentar o tempo de permanência na escola, de 800 horas anuais para 1.400 horas anuais (o chamado ensino integral), na esperança de melhorar o desempenho dos alunos. Além disso, os professores por aqui não são exatamente os trabalhadores mais valorizados – a maioria ganha pouco e não tem muitos incentivos ou recursos para dar aulas.

Japão: política, economia doméstica e organização

O que tem de especial?  
Além das matérias básicas, o Japão tem cursos de economia doméstica, caligrafia, educação física e sociologia, e conta com aulas opcionais de artes, música e esportes. Desde 2016, os alunos também participam de discussões sobre política nacional e de simulações de eleições. Tradição mais antiga ainda é a de os próprios alunos e professores limparem a classe depois da aula — não há faxineiros nas escolas —, e a criançada também recebe aulas de defesa pessoal contra eventuais intrusos, chamadas sasumata.

Pra que isso?
O objetivo é deixar o aluno preparado tanto para os desafios do dia a dia quanto para entrar na universidade. Às vezes, os japas até exageram — existem cursinhos pré-vestibular que dão aula até de madrugada. Mas, seja como for, esse sistema deu frutos: foi pela educação de ponta que o Japão conseguiu se reerguer depois da Segunda Guerra Mundial. Hoje, o país tem um dos sistemas educacionais mais incríveis do mundo: é a quarta melhor do mundo, segundo a Organizacão para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Comparando com o Brasil…
Do outro lado do mundo, a importância das artes e dos esportes é bem maior que aqui. E, enquanto o governo japonês inseriu o debate político nas escolas, no Brasil, o projeto de lei (PL) 7180, conhecido como “Escola sem Partido” fez o maior barulho. O objetivo era banir o debate político do ambiente escolar. Foi tanta confusão que, na Câmara dos Deputados, o último parecer sobre o projeto precisou de 12 reuniões pra ser votado e a comissão responsável por ele interrompeu os trabalhos sem decisão nenhuma. Resultado? O projeto está arquivado – no mínimo até 2019.

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