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Exploração de petróleo: tremendo nas bases

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h01 - Publicado em 30 abr 1996, 22h00

Fernando Valeika de Barros, de Paris, com Ivonete D. Lucírio

Quando a Shell decidiu que afundaria Brent Spar, um imenso tanque de óleo no Mar do Norte, inicou uma das maiores brigas ecológicas dos últimos tempos, abriu uma polêmica científica sobre o uso do mar como lixeira e botou as plataformas marítimas de petróleo no mapa dos grandes problemas modernos. Em março passado, dois relatórios do governo inglês acabaram de endurecer o jogo. Não vai ser fácil para as empresas se livrarem das plataformas. Em jogo, milhões de dólares, toneladas de aço e a saúde dos mares. Isoladas no oceano, açoitadas pelo vento e ondas enormes, essas imensas perfuradoras ainda vão dar o que falar.

Um problema do tamanho de um arranha-céu

Conflitos entre companhias de petróleo e ecologistas existem desde que o primeiro poço de óleo foi furado na Pensilvânia, nos Estados Unidos, em 1859, e a primeira plataforma de exploração marítima começou a operar, noventa anos depois, no Golfo do México. Mas nunca o embate foi tão longe. A mais explosiva discussão ecológica dos últimos tempos começou quando a Shell decidiu abandonar, nas profundezas do Oceano Atlântico, Brent Spar, um tanque de 14 500 toneladas e 137 metros de altura (quase quatro vezes maior que a estátua do Corcovado), que não perfura poços mas armazena óleo no lençol de Brent, no Mar do Norte, na Escócia.

Em fevereiro de 1995, depois de lançar uma campanha de 600 000 dólares contra o afundamento do tanque, mobilizando três navios e helicópteros, um comando da organização ambientalista Greenpeace ocupou o tanque abandonado. Foi expulso três meses mais tarde, mas a pressão da opinião pública e até do chanceler alemão, Helmut Kohl, fez a Shell suspender a operação. O boicote dos consumidores à Shell na Europa deu enormes prejuízos à companhia. Na Alemanha, houve cinqüenta atentados contra postos de gasolina. Dois foram atacados à bala e um à bomba. Brent Spar está, agora, estacionada na costa da Noruega, aguardando definições.

“A controvérsia sobre Brent Spar antecipou o debate sobre o que fazer com as plataformas”, disse à SUPER, o oceanógrafo John Gage, membro do Conselho de Pesquisa do Ambiente Natural, órgão encarregado pelo Parlamento inglês de fazer um relatório sobre o futuro das estruturas de exploração de óleo no mar, divulgado em março passado. Trocando em miúdos, a conclusão dos cientistas é aceitar que as plataformas sejam abandonadas no fundo, mas não antes de verificar os custos da operação, sua viabilidade técnica e os danos à região. “Antes da Spar a maioria dos cientistas preferia dar às companhias o beneficio da dúvida sobre a poluição no fundo dos oceanos”, diz Gage. “Agora isso acabou.”

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Jogo duro

Os políticos tomaram uma posição parecida. O Comitê de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Lordes, da Grã-Bretanha, endureceu o jogo e baniu o depósito de substâncias perigosas e óleo excessivo no Mar do Norte. “Nós até aceitamos que as plataformas sejam colocadas no fundo do mar, mas isso terá que ser analisado caso a caso”, diz Lord Craig of Railey, relator do estudo oficial. “A opinião pública tem que ter absoluta certeza de que tamanha quantidade de aço e concreto só irá parar nos oceanos se não houver nenhuma outra alternativa”.

A verdade é que a discussão abriu uma caixa de Pandora. Plataformas e tanques podem ser desativados quando tornam-se anti-econômicos, quando o óleo ou o gás embaixo delas se esgota ou quando o material da estrutura se desgasta. Brent Spar tornou-se obsoleta porque a Shell construiu um oleoduto entre a bacia de Brent e o continente, tornando a operação do tanque e seus riscos muito caros. O problema é que existem 6 500 estruturas de extração de petróleo nos mares do planeta (veja o mapa). Três quartos dos 350 milhões barris de óleo e gasolina produzidos anualmente na Inglaterra, Noruega e Dinamarca vêm do alto mar e, no Brasil, 74% do petróleo nacional é off-shore, quer dizer, extraído fora da terra firme. O que fazer com todas essas plataformas depois que o petróleo sob elas se esgotar? Jogar tudo no fundo?

Há plataformas de vários tipos e profundidades, de concreto, de aço e flutuantes. O sistema é simples. Um duto com ar ou água em alta pressão, acionado por geradores elétricos, desce oceano abaixo e penetra na terra até onde está o óleo ou o gás. Furado o lençol, acontece um fenômeno semelhante ao de um pneu furado: o petróleo jorra pelo orifício. No alto, o óleo é separado do gás, da água e da areia e armazenado em tanques ou levado para o continente por oleodutos e navios.

Algumas plataformas são verdadeiros monstros. Brent Charlie, em operação no Mar do Norte desde 1973 tem 300 000 toneladas. E isso é pouco. A maior do mundo, a norueguesa Troll, instalada em concreto para retirar gás das águas turbulentas do Mar do Norte, pesa 1 030 000 toneladas. Só os pilares equivalem a 200 000 caminhões pesados. Mas as plataformas modernas tendem a ser menores. Kittiwake A, fincada no mar em 1990, pela Inglaterra, pesa 24 500 toneladas.

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Metal pesado

No topo dessas modernas pirâmides, equipes de 100 trabalhadores, em média, chegam de helicóptero, fazem turnos de doze horas por dia durante duas semanas e voltam para descansar as outras duas com a família. Apesar de instalações confortáveis, sauna e ginásio de esportes, a rotina é dura, extenuante e a sensação de isolamento e fragilidade no mar, sob tempestades furiosas, muito estressante. Mas ganha-se bem e os acidentes foram dramaticamentre reduzidos nos últimos anos.

Só no Mar do Norte, há cinqüenta plataformas, feitas antes da década de 80, que deverão ser aposentadas até 2 025. Doze são grandes como Brent Charlie e eram candidatíssimas a acabar nas profundezas do oceano. No total, em todo Mar do Norte, são 2,5 milhões de toneladas de aço, 193 000 toneladas de alumínio e 174 000 toneladas de cobre que poderiam parar no mar, segundo o Greenpeace. A tinta antioxidante dos pilares é poluente. E há materiais perigosos em equipamentos como transformadores elétricos, nos quais há óleo à base de PCB, o venenoso difeno policlorinado, também conhecido como escarel no Brasil.

“Vinte toneladas de PCB e 50 000 toneladas de resíduos são um coquetel digno de desastre ecológico”, diz a bióloga Helen Wallace, do Greenpeace. A Shell, entretanto, garante que não existe a hipótese de se depositar plataformas no fundo junto com os produtos tóxicos e que os ecologistas estão simplesmente apelando. Mas o precedente incomoda: “Se afundarem Brent Spar é bem possível que argumentem no futuro que será perigoso e caro remover estruturas como Brent Charlie”, nota Wallace. “O oceano não é uma lata de lixo com capacidade infinita”.

O que fazer com esse trambolho?

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No ponto onde Brent Spar seria afundado, a 240 quilômetros das Ilhas Hébridas, noroeste da Inglaterra, e a 2 000 metros de profundidade, há pouca vida marinha, sustenta a Shell. A quantidade de metais pesados do tanque é muito menor do que aquela que os rios que deságuam no Mar do Norte despejam na costa. Os efeitos sobre o ambiente seriam mínimos, afirma a companhia. Segundo a Shell, metais aparecem naturalmente nos mares e podem ser absorvidos. “Pode não ser bem assim”, discorda o oceanógrafo John Gage. “Desde a década de 60 existem pesquisas que indicam que a biodiversidade do fundo do mar é comparável à de uma floresta tropical. Todo o cuidado é pouco.”

Mas há outros cientistas que defendem o afundamento. “É provável que os micróbios do fundo do mar achassem até bom ter essa quantidade de metal para o seu metabolismo”, diz o biólogo Euan Nisbet, da Universidade de Londres. Em um artigo publicado na revista Nature, Nisbet cita regiões do Oceano Pacífico em que os sedimentos do fundo do mar são até 40% formados por ferro. “O oceano é grande demais e pode absorver com folga essas plataformas”, diz. Os plânctons teriam até o cardápio enriquecido com cobalto, cádmio, cobre, zinco e molibidênio. “É lógico que em áreas rasas, Brent Spar causaria danos sérios”, diz ele.

Como era de se esperar, Nisbet recebeu críticas iradas. “Comparar a massa de metais existentes no oceano com o material emitido por uma estrutura como Brent Spar é simplista e abre um precedente perigoso para o futuro”, afirma Mervyn Greaves, professor de Ciências da Terra na Universidade de Cambridge. “Não há nenhuma evidência de que plataformas de petróleo ou tanques possam ser úteis para bactérias e proteínas do fundo do mar, onde a Shell pretendia afundar Brent Spar”, rebate a bióloga Helen Wallace, do Greenpeace.

Para os ecologistas, não é aceitável que plataformas que deram lucros e ameaçaram o meio-ambiente quando estavam funcionando, continuem causando problemas depois de mortas. Além disso, há a radioatividade, que permanece por anos. Um estudo feito na plataforma holandesa K12, afundada no Mar do Norte há oito anos, concluiu que ela continuava emitindo radioatividade acima do tolerável num raio de 250 metros. Mas cientistas como Martin Angel, do Instituto Oceanográfico da Grã-Bretanha argumentam que apenas o vento que sopra no Atlântico Norte movimenta milhões de toneladas de metais pesados por ano e que a quantidade de substâncias radioativas que vêm de plataformas como Brent Spar é ninharia. “O problema é que a Shell não pretende dissolver os metais de Brent Spar no vento, mas depositá-los no fundo do mar”, contra-argumenta Wallace.

Custo Monumental

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Tomando Brent Spar como exemplo, a Greenpeace calcula que 97% do material é reciclável. Só de aço, 6 500 to-neladas poderiam ser reutilizadas, sem contar toneladas de zinco e cobre. A mesma proporção serve para as outras plataformas do planeta. Para a Shell, entretanto, “trazer Brent Spar para a terra custaria um ano inteiro de trabalho de 100 homens e dezenove operações complexas, como limpar o tanque, colocá-lo em posição horizontal e arrastá-lo para a costa”, alega Eric Faulds, chefe da equipe de desmontagem. “Há uma chance em dez de haver morte durante a remoção e grandes possibilidades de encalhar no caminho. O que criaria um desastre ecológico ainda maior do que a solução de afundar.”

Somem-se aos riscos, os custos. Afundar o tanque custa 16 milhões de reais. Reciclá-lo em terra firme, 64 milhões. Extrapolada para a desmontagem de todas as plataformas e tanques do planeta, a conta é monumental: 20 bilhões de reais. “Cerca de dois terços será gasto no Mar do Norte, onde há apenas 5% das plataformas, mas a exploração é feita em meio a ondas de até 30 metros de altura e ventos de 100 quilômetros por hora”, diz Faulds. Para remover da região cinqüenta plataformas consideradas problemáticas, o relatório da Shell estima que a Inglaterra gastaria 2,4 bilhões de reais e a Noruega 7,5 bilhões. Se a solução for afundar, o custo cai para 1 bilhão de reais para cada.

Opções alternativas

Para o futuro, a solução proposta pelas companhias é remover as plataformas mais modernas e menores e reaproveitá-las. Várias podem ser rebocadas para outros lençóis de petróleo ou gás. Outra alternativa vem sendo aplicada no Golfo do México, onde 900 plataformas pequenas foram desativadas nos últimos anos e 90 foram transformadas em viveiros artificiais para pesca.

Em março, a opção de transformar Brent Spar em fazenda de peixes era uma das 300 soluções que repousavam na mesa de Eric Faulds. Um empresário norueguês propôs levar o tanque para um fiorde onde já existem 36 na-vios afundados e usá-la para criar 5 000 toneladas de peixe por ano. “Nos Estados Unidos, o governo estimula as companhias de petróleo a darem este fim às plataformas”, diz Faulds. Outra proposta é adaptá-las para servirem como faróis, laboratórios marinhos, usinas de energia movidas a vento ou ondas do mar. “Estudos preliminares indicam que geradores de energia movidos a vento dariam até 450 kilowatt por turbina e geradores de ondas até 4 000 kilowatts”, diz Faulds. “É uma ótima solução para gerar energia para ilhas, por exemplo.”

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Mas nem o apelo ecológico convence os ambientalistas. “Comparar a situação das plataformas do Golfo do México com outras áreas é simplista”, diz Simmon Ready, do Greenpeace. “A mais de 100 metros de profundidade a utilidade de fazendas de peixe é discutível.” Quanto à geração de energia, há mais ceticismo ainda. “Companhias de petróleo só se interessam por energias alternativas quando lhes convém”, diz Helen Wallace. Pelo jeito, os ecos da polêmica da Brent Spar ainda serão ouvidos por muito tempo.

Brasil tem recorde em águas profundas

Há 91 plataformas de petróleo em atividade nos mares brasileiros, 77 fixas e 14 flutuantes. Nenhuma foi desativada até hoje porque são relativamente modernas. Guaricema, a primeira a ser instalada, em Sergipe, em 1969, continua funcionando como estação de extração e produção. O Brasil produz 300 milhões de barris de petróleo por ano, 74% extraído do mar, e detém a tecnologia mais avançada de operação em plataformas flutuantes, indicadas para jazidas em grandes profundidades.

A Petrobrás detém o recorde mundial de operação em águas profundas com a plataforma flutuante de Marlim 18, cujas pernas têm 918 metros, da superfície d’água até o solo do oceano, na bacia de Campos. A Inglaterra estuda a adoção de técnicas brasileiras em um recém-descoberto lençol do oeste das Ilhas Shetland, no nordeste da Inglaterra. Poderá até alugar plataformas da Petrobrás.

No Brasil, até hoje, quando um poço acaba, a estrutura muda de função ou é transferida. As plataformas fixas são transformadas em plataformas auxiliares para separação do óleo, gás e água. Quando um poço se esgota, geralmente há outro ao redor. Instalam-se, então, estruturas menores e mais baratas, capazes de operar com apoio da plataforma principal. “Esse reaproveitamento só é possível porque até hoje nenhuma bacia se esgotou”, explica o engenheiro naval André de Paiva Leite, da Petrobrás. “Quando a plataforma é flutuante, pode ser levada de uma região para outra. É comum transportar estruturas da bacia de Campos para o nordeste”

Em geral, as plataformas são projetadas para durar 35 anos. Mas esse prazo pode ser dilatado graças ao avanço da tecnologia que reduz a corrosão. “Por enquanto, nenhuma da 91 plataformas brasileiras corre risco de ficar inativa a curto prazo. A região ao redor delas tem óleo suficiente para garantir o funcionamento por bastante tempo. Além disso, todas têm bem menos de 35 anos”, diz o geólogo Paulo Coletti, da Superintendência Executiva de Exploração e Produção da Petrobrás. “Não sabemos qual será a primeira a ser desativada pois a cada dia aumenta a tecnologia que torna viável a extração, mesmo com pequena quantidade de óleo.”

Problema adiado

A Petrobrás, entretanto, nunca realizou um estudo para determinar o futuro das plataformas. Restringe-se a fazer parte da EPF, Exploration and Production Forum (Fórum de Produção e Exploração), uma organização não-governamental que reúne as grandes exploradoras de petróleo do mundo e promove estudos sobre segurança industrial e meio ambiente. “A EPF faz pesquisas para definir o futuro dessas estruturas. Mas até hoje não se conseguiu chegar a um consenso sobre qual é a melhor solução. Cada caso é um caso e deve ser avaliado separadamente”, diz Coletti.

“Acredito que, no Brasil, a pesquisa nessa área está atrasada”, diz o engenheiro Segen F. Estefen, da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia (COPPE), da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Uma possibilidade interessante, dado o desconhecimento dos recursos marítimos no Brasil, é transformar plataformas em laboratórios oceânicos, nas quais poderiam ser realizados inventários da flora e da fauna ou avaliados o aumento da temperatura da Terra e a elevação da superfície do mar. “Sei que é uma alternativa cara, mas não adianta nada termos 300 milhas de costa náutica e não sabermos explorá-la”, diz Estefen. A diferença é que, ao contrário do Mar do Norte, que é inóspito e violento, os mares do litoral brasileiro são calmos e muito ricos em fauna e flora.

Como reciclar

Veja as principais opções de aproveitamento de plataformas.

Plataformas menores podem ser limpas, desmontadas em terra e reaproveitadas como sucata.

Algumas podem ser rebocadas e instaladas em outros lençóis de petróleo ou gás.

Depositadas no fundo, podem virar recifes ou viveiros para a criação comercial de peixes.

Podem ser adaptadas e convertidas em faróis, laboratórios e geradores de energia do vento e de ondas.

Um mar rico em recursos naturais

O Brasil extrai petróleo de sete bacias submarinas com 91 plataformas. Veja onde estão.

A bacia de Campos tem 13 plataformas flutuantes como esta, entre as quais, Marlim 18, a mais profunda do mundo, que tem pernas de 918 metros de comprimento

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