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Isto é Brasil

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Atualizado em 31 out 2016, 19h00 - Publicado em 31 ago 1998, 22h00

o e Fotos por Luciano Candisani, da Antártida

Tem muitos pingüins, elefantes-marinhos e focas. A temperatura média é de 20 graus Celsius abaixo de zero, no inverno, e 2 graus positivos, no verão. É a Baía do Almirantado, o pedacinho da Antártida onde o Brasil instalou sua base de pesquisas polares.

Microcosmo das espécies antárticas

Com 122 quilômetros quadrados, menos de um terço da Baía de Guanabara, a área onde tremula a bandeira do Brasil é uma das mais interessantes da Antártida. “A Baía do Almirantado é um microcosmo antártico”, disse à SUPER o biólogo Rodrigo Skowronski, da Universidade de São Paulo, que passou lá os dois últimos verões estudando a cadeia alimentar.

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A maior parte da fauna do Pólo Sul está representada na região. Há elefantes-marinhos, seis espécies de focas e três de pingüins, além de orcas, baleias e pássaros como o skua (um tipo de gavião) e o cormorão, exímios mergulhadores pescadores. Gelada e deserta no inverno, a baía regurgita de vida no verão, quando a superfície do mar descongela e as costas, antes soterradas pela neve, ganham uma tênue cobertura verde. Nessa época, quase não há noite.

Praça de alimentação das focas

A foca-de-wedell tem 1,5 metro de comprimento e 70 quilos de agilidade. Exímia mergulhadora, desce até 400 metros de profundidade atrás de seu alimento favorito, o bacalhau antártico. Nem o congelamento da superfície do mar a impede de cair na água: com os dentes, ela abre buracos no gelo e mergulha. Mesmo depois de nadar quilômetros abaixo do gelo, consegue voltar e localizar a saída perfeitamente.

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Já a foca-leopardo, um monstro de 3,5 metros de comprimento e 200 quilos, é o único animal capaz de assustar os pesquisadores. Em 1915, uma delas tentou atacar o explorador inglês Ernest Schakleton, depois de segui-lo por baixo do gelo flutuante. Foi abatida por um dos membros da expedição quando se preparava para dar o bote. A foca-leopardo é uma grande caçadora. Alimenta-se só de bichos de sangue quente, como pingüins e filhotes de outras focas – sem a menor cerimônia.

Um verão de sol, praia e muito amor

No verão, a vida do elefante-marinho é de dar inveja. A maior parte do tempo ele passa deitado, na beira da praia, preguiçosamente, cercado de companhias femininas, em longas temporadas de acasalamento e troca de pele. Os machos mantêm haréns de até cinqüenta fêmeas. Mas o privilégio não sai de graça. Para ter direito ao harém, o bicho precisa conquistá-lo, provando que é o maioral em sangrentas lutas com os concorrentes. Na idade adulta, os elefantes-marinhos não têm predadores capazes de desafiá-los. Mas, quando ainda são filhotes, sofrem a perseguição implacável das orcas, também conhecidas como baleias-assassinas. Apesar da preguiça, são mestres no mergulho. Nadam a até 1 000 metros de profundidade, em expedições para pescar lulas. Os machos atingem 4 metros de comprimento e chegam a pesar 4 toneladas. As fêmeas medem 2,8 metros e as mais esguias pesam 800 quilos.

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Cemitério de baleias

Os ossos espalhados perto da base brasileira são uma lembrança dos tempos em que as baleias foram caçadas até quase a extinção. Só entre 1961 e 1962, 66 000 foram mortas, por 261 barcos, em águas antárticas. Hoje, a área sob controle brasileiro é um santuário ecológico, lar de baleias-jubarte que viajam 10 000 quilômetros desde as águas quentes do Arquipélago dos Abrolhos, na Bahia, até as ilhas Shetland do Sul, em busca de um petisco abundante na região: o crustáceo krill.

Na Baía do Almirantado, elas brincam perto dos barcos dos pesquisadores, pacificamente.

Defesa antiaérea

Os pingüins da Baía do Almirantado vivem em alerta contra predadores aéreos como o skua (foto acima), uma espécie de gavião, com 60 centímetros do bico à ponta da cauda. No inverno, migram para lugares de clima mais ameno. No verão, retornam para se acasalar e chocar os ovos. Agrupam-se aos milhares, em colônias chamadas pingüineiras. A aglomeração é uma estratégia para proteger os ninhos contra os skuas.

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Uma aposta no futuro

Nestes contêiners está instalada, desde 1982, a base brasileira, a Estação Comandante Ferraz, com capacidade para 52 pesquisadores. Há oitenta bases, de 26 países, na Antártida. Um acordo internacional determina que só os países que construíram estações de pesquisas no continente antes de 1992 poderão reivindicar, no futuro, direitos territoriais.

Só para quem gosta de frio

É preciso muita disposição e tecnologia para mergulhar nas águas da Antártida, como o repórter da SUPER fez (foto). Por causa da salinidade, o congelamento da água ocorre à temperatura de 2 graus Celsius negativos, e não de zero grau, como se poderia imaginar. Bastam 20 minutos na água para o mergulhador perder a sensibilidade dos dedos das mãos. Aos 35 minutos, ele sente dor como se segurasse gelo com as mãos. Depois de 1 hora, está sob risco de gangrena nos pés.

Um oásis no mar gelado

Com uma rica fauna submarina, a Baía do Almirantado é uma exceção no quase desértico Arquipélago das Shetland do Sul. O mergulhador pode ver, perto da superfície, espécies que em outras partes do planeta só habitam as zonas mais profundas do oceano.

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Encarando o gelo

O repórter Luciano Candisani mostra a roupa especial que usou para mergulhar na Ilha Rei George.

Máscara de rosto inteiro e capuz, de látex, totalmente impermeável.

Computador de pulso com informações sobre o ambiente.

Luvas de látex, à prova d’água.

Roupa de borracha resistente, elástica e impermeável, com botas embutidas. Por baixo, macacão e meias de tecido acolchoado.

Cilindro de ar comprimido duplo com capacidade para 50 minutos debaixo d’água.

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