Marcelo Spina
Se você não tem memória de elefante, anote esse dado: a ambição pelo marfim fez com que, na década de 80, o homem exterminasse 700 000 elefantes na África e na Ásia. Ou seja, metade do total existente no planeta. A espécie já estaria extinta se não fosse um acordo internacional, fechado em 1989, que proíbe o comércio do marfim. O que, infelizmente, não significa o fim da matança. Tanto que, em meados do ano passado, foram apreendidas 3,5 toneladas de presas de elefantes africanos em portos ocidentais. E tudo indica que, daqui para a frente, a situação não vai melhorar. O Zimbábue e a África do Sul vendem licença para caçadores esportivos – os americanos chegam a pagar 50 000 dólares para poder levar um troféu para casa. A idéia é que o dinheiro financie programas para salvar outros elefantes, mas há denúncias de que acabe no bolso de políticos corruptos. Em regiões de grande concentração de elefantes, o que é comum na África meridional, eles invadem lavouras e a própria população se encarrega de matá-los. No Quênia, a caça quintuplicou, nos últimos 12 meses, devido à entrada sistemática de caçadores clandestinos vindos da Somália. Na Ásia, restam pouco mais de 50 000 elefantes. Naquele continente apenas os machos são caçados (as fêmeas não têm presas), mas isso, como é óbvio, torna-se um fator de desequilíbrio para a espécie. A Tailândia inovou na proteção, mandando tirar as presas de marfim dos animais e substituí-las por outras, artificiais. Isso reduz comprovadamente o interesse dos caçadores. Mas não é, exatamente, uma iniciativa ecológica: lá os elefantes têm valor econômico porque são usados para transportar madeira.