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Lixão florido

A dupla que se entregou à tarefa de transformar um lixão fedido num campo de árvores floridas

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h04 - Publicado em 30 jun 2004, 22h00

Thiago Lotufo, de Campo Mourão (PR)

Tem uma dupla dinâmica na cidade paranaense de Campo Mourão. Seus nomes: Nilson André Toneti e Roberto Ragazzi. Idade: 36 anos. Disfarces (quando não estão vestidos de super-heróis com calças jeans surradas e galochas Sete Léguas para enfrentar o barro): Nilson é fiscal ambiental da prefeitura; Roberto faz parte da administração da Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná). Missão: transformar um lixão num campo de árvores floridas usando lodo de esgoto. Recursos: bem poucos, tanto que boa parte do trabalho foi custeado pelo bolso dos dois. Superpoderes: força de vontade e mãos. No caso, quatro.

Quatro mãos calejadas pelas enxadas que abriram 1 170 covas no solo putrefato do lixão da cidade para receber mudas de plantas nativas do Paraná. “É uma boa idéia”, afirma Aparecida Machado, 48 anos. “A gente não morre afogado.” A frase parece sem nexo. Mas Aparecida me explica em seguida que, com as árvores, há menos risco de enxurradas e enchentes porque o solo fica protegido. Sábia, não?

Sabedoria que veio de seus mais de 30 anos de convívio com o lixão. Ela trabalha como catadora ali. Ao longo dos anos, viu toneladas e mais toneladas de lixo – carregado de toda a sorte de coisas – serem despejadas a céu aberto. A área fica a 6 quilômetros da cidade de 80 mil habitantes. Serviu como único local para depósito do lixo municipal até 2001, quando a prefeitura inaugurou um adequado aterro sanitário e reservou o velho lixão apenas para entulhos.

Nossos heróis precisaram de uma ajuda “vitaminada”: o lodo do esgoto da cidade. O lodo é a matéria suspensa que sobra ao final do tratamento do esgoto – e é, basicamente, formado por fezes humanas. Seu destino, em geral, é incerto, mas costuma contaminar muita terra e água por aí. O que Nilson e Roberto fizeram foi transportar – após uma aplicação de cal para eliminar patógenos – 4 toneladas de lodo para adubar as mudas. A dupla dinâmica plantou árvores em 1,5 hectare do total de 12 do lixão. Agora pretende continuar indo regularmente ao local, para garantir que as árvores crescerão bem cuidadas. Portanto, é cedo para decretar a missão cumprida. “Mas já fizemos algo para recuperar a área e ainda oferecer uma alternativa para o lodo”, diz Roberto. Não é heróico?

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Como ajudar

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Você pode entrar em contato para ajudar financeiramente ou para pegar informações e pressionar a prefeitura da sua cidade a fazer o mesmo que a de Campo Mourão. Ligue para o Roberto: (44) 523-2020.

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