A bela ave da pintura acima, o mutum-do-nordeste, só pode ser apreciada em pinturas de artistas do século XVIII. Ela foi extinta. O mesmo destino, garantem as pesquisas, aguarda centenas de outras espécies da Mata Atlântica nordestina, principalmente as plantas. “Em um século, 34% delas poderão ter desaparecido”, alerta o ecologista José Maria Cardoso da Silva, da Universidade Federal de Pernambuco. Ele e seu colega Marcelo Tabarelli avaliaram as espécies ameaça das na Mata Atlântica nos Estados de Alagoas e Pernambuco. Ficaram assustados. Das 427 árvores estudadas, 305 estão a caminho da extinção. É que elas precisam de bichos grandes para se propagar – como macacos e tucanos, que comem as frutas e defecam as sementes em locais distantes. Mas esses animais não são muitos, justamente porque grande parte da vegetação acabou, restando míseros 2% da sua área original. O pior de tudo é que boa parte das espécies da Mata Atlântica do Nordeste só existe ali. “Se elas se forem, não há volta”, lamentou Silva à SUPER.